sábado, 19 de janeiro de 2008

Saudade.

Pablo Neruda.

Nunca achei graça em nada dele do que até então eu havia lido. Nunca até um dia - na verdade 'o' dia - em que um grande amigo meu me 'surpreendeu' com uma bala no peito escrita por tal poeta. Um poema 'errado' em um dia 'errado'. Isso não se faz, meu caro amigo:

'É tão curto o amor/ Tão longo o esquecimento'.

E ler isso fez tanto sentido para mim. Pena que ainda o faça muito sentido.

Depois dessa 'bala' - não posso nem chamar isso de poesia -, recebi um poema da Thais, do mesmo Neruda, tenro, que me falava sobre um dos meus grandes fetiches - na verdade o meu grande fetiche -: os pés.

Hoje, durante uma partida de dominó, meu tio, ao ouvir Retrato em Branco e Preto, do Chico, me pergunta: você já leu aquele poema do Neruda chamado Saudade? Eu respondo que não.

Na primeira oportunidade que tive pedi para que meu mesmo tio me mostrasse tal poema. Tudo de novo novamente. Isso não se faz, meu caro Neruda:

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado
que ainda não passou,
é recusar um presente que
nos machuca,
é não ver o futuro
que nos convida...

Saudade é sentir que existe
o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
"aquela que nunca amou."
E esse é o maior dos sofrimentos:

Não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido...

Sim, Thais, a saudade insiste em bater.

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