quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Mais uma ao telefone.

- O engraçado é que na minha vida geralmente os eventos começam sem começar e terminam sem terminar.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Reverência!

Meu bem
Meu bem
Você tem que acreditar em mim
Ninguém pode destruir assim
Um grande amor
Näo dê ouvidos à maldade alheia
E creia
Sua estupidez não lhe deixa ver que eu te amo
Meu bem
Meu bem
Use a inteligência uma vez só
Quantos idiotas vivem só
Sem ter amor
E você vai ficar também sozinha
E eu sei porque
Sua estupidez não lhe deixa ver que eu te amo
Quantas vezes eu tentei falar
Que no mundo não há mais lugar
Prá quem toma decisões na vida sem pensa
Conte ao menos até três
Se precisar conte outra vez
Mas pense outra vez
Meu bem
Meu bem
Meu bem
Eu te amo

Meu bem
Meu bem
Sua incompreensão já é demais
Nunca vi alguém tão incapaz
De compreender
Que o meu amor é bem maior que tudo
Que existe
Mas sua estupidez não lhe deixa ver
Que eu te amo

(Sua Estupidez, Roberto Carlos e Erasmo Carlos)

domingo, 14 de dezembro de 2008

Por entre as mãos.

Por onde eu andava
Onde estava com a cabeça
que nao percebi a falta que me faz
a tua presença
Que banana que eu sou

Um completo bundão
Embora voce diga que não
Embora voce diga que não
Eu não acredito
Eu não acredito

Agora todas as canções de amor
fazem sentido
Agora todas as canções de amor

Eu não acredito
Eu não acredito

Agora todas as canções de amor
fazem sentido
Agora todas as canções de amor
fazem sentido
Agora todas as canções de amor
fazem sentido
Agora todas as canções...

(O Banana, Superguidis)

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Do Amor.

Não a banda, mas o sentimento. É exatamente dele, do amor, que tenho me ocupado por esses últimos dias. Mais especificamente de um dilema colocado por uma amiga: seria o amor um sentimento realmente puro? Temo desaponta-la, mas ao que me parece, a minha resposta é negativa, menina. O que não quer dizer que não haja nobreza em tal sentimento. No entanto, o amor, por si só nunca é realmente amor, isolado. Talvez em uma experiência de laboratório até poderíamos alcançar o amor em essência - e que provavelmente resultaria inútil desse modo. Mas não na vida real. E que caiba uma provocação bem humorada, não é apenas em Hollywood que o ódio também ama tanto quanto o amor, ou que o inverso se faz verdadeiro, qual seja, o amor odeia tanto quando o próprio ódio. Basta olhar para a sua vida, caro leitor. Quero dizer procurar vestígios em suas histórias amorosas. No fundo, amor e ódio são faces distintas de uma mesma moeda. Pela tendência que temos a acreditar numa vida que tenda a harmonia, acabamos por valorar de maneira tão agressiva esses dois pólos, que na verdade também não respondem por toda a complexidade desse sentimento dual - que na verdade não é amor nem ódio, mas está entre amor e ódio – cujo nome eu realmente sequer sei precisar. Ao contrário disso, não apenas a organização social como mesmo a estruturação pessoal tendem ao desequilíbrio, a alternância de contrários, ao conflito e não ao consenso. E isso não significa necessariamente briga, embora implique em diferença. E como poderia ser de outra forma se esse sentimento é um terceiro entre dois diferentes? Ele está em um constante embate. Quer estrutura cujo equilíbrio é mais precário do que um nós? Mas até aqui ainda nada foi explicado sobre o ódio, sobre o ‘amor presente no ódio’. Tudo bem: quer ódio maior do que ver uma pessoa que você gosta tanto te interpretar de maneira completamente equivocada? Isso significa menor afeto, menor consideração? Quero dizer, esse ódio implica em falta de amor? Não: é próprio exatamente do amor que a relação estabelece. A relevância da pessoa resulta na tentativa de tentar novamente se fazer entender. Outro exemplo banal: quer ódio maior do que ver alguém que você gosta tanto cometendo sistematicamente um mesmo erro? Sim, é ódio. Sim, é amor. Porque diz do zelo, da preocupação, da estima. Claro que essa última questão não é exatamente tão simples conforme foi posta, afinal, o que supostamente é visto como erro para um observador externo não é assim compreendido pelo sujeito que age. Aliás, essa questão também diz da tendência que, embora não admitamos, temos durante nossos relacionamentos: a de tentar moldar o outro de acordo com as nossas vontades. Uma tendência a principio sutil, de fato, mas que com o tempo ganha contornos mais marcantes. Sim, há no amor também uma parcela de egoísmo, de controle. Velado, mas existe. Trata-se de um espaço de luta, não necessariamente de briga - embora infelizmente possa resultar em - mas, sobretudo, de negociações constantes entre vontades e projetos distintos que ora se aproximam, ora se afastam. E ainda assim isso não o torna, em relação com o ódio, menos louvável, menos marcante. Claro que existem gradações, existem níveis de diálogo e de cooperação - ou falta de cooperação. ‘Tão contrário a si é o mesmo Amor’. A vastidão de sentimentos que atravessa a ‘alma’ jamais seria capaz de oferecer uma pureza ao Amor. Não fosse assim, provavelmente não haveria motivos para se escrever, não haveria as grandes reflexões da filosofia tampouco as belas produções literárias. E se as mesmas existem, assim como as obras cinematográficas e as letras de música, é porque a complexidade, a pluralidade, a efervescência desses sentimentos tão díspares também se dá na vida mundana, no dia-a-dia. Sim, matamos a quem amamos, é fato, mas ao mesmo tempo, num processo paradoxal, por meio dessas pequenas mortes construímos grandes vidas. Toma lá, dá cá. Ou seja: o amor junto com seu par ódio destrói e constrói simultaneamente. Fazemos isso o tempo todo, por vezes, sem sequer nos darmos conta. É nessa tensão que se produz movimento, que se produz deslocamento e não na harmonia. É no caos, lembra? Sim, realmente dói pois, por vezes ‘os aprendizados têm o peso de uma derrota’. Mas nem sempre. Isso mesmo: nem sempre. E tanto num caso quanto noutro há o peso do amor embutido, seja o amor concretizado, seja o amor negado. E não existe correlação direta entre amor concretizado como positivo, amor negado como negativo. Pode ser exatamente o inverso. O problema é que tendemos a querer ocultar o nosso amor por meio do ódio. Engraçado, não? Na verdade, o oposto da relação amor/ódio é justamente a indiferença, o não reconhecimento do outro em nossa vida. O outro como 'nada' é o pólo negativo, porque assim não existe sequer a possibilidade de interação, de relação. O passado, tão presente, é um dos tempos dos quais somos mais devedores. Por muitas vezes, nosso movimento diante dele é de ocultação total: damos por resolvido algo que jamais estará resolvido. E essa falta de resolução de alguma maneira permanece e nega a nós mesmos. Nega porque fingimos não guardar rancor quando, na verdade, guardamos e esse rancor apenas revela amor. Algo como quando um cílio cai dentro de um dos nossos olhos. No início, a todo custo, tentamos remove-lo. Quando percebemos que a tarefa é mais difícil do que imaginávamos, deixamos de lado até que o cílio, que a princípio incomodava tanto, deixa de machucar. Dizemos: 'ele não está lá' e exatamente por dizer isso sabemos que ele está, lembramos dele. O amor é justamente isso: o que existe, apesar de todo esforço de negação possível e imaginável. Algo como no poeminha do Mário Quintana intitulado cinicamente ‘Do Amoroso Esquecimento’:

Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?


E por falar em cinismo, como não se lembrar de um dos versos mais geniais de Cartola, presente na letra de ‘O Mundo é um Moinho’? ‘De cada amor tu herdarás só o cinismo’. Forte, bonito, direto, mas... falso. De cada amor há sim o cinismo, mas não só: há também os cínicos. De cada amor se guarda o próprio amor, desvelado em toda a sua gama de tons, nos sentimentos mais ambíguos, na alegria dos momentos bonitos, nas dores, no ódio, na frustração, nas promessas que embora não tenham sido feitas ficarão por serem cumpridas, nos descompassos que jamais poderiam ser imaginados. Sim, de cada amor se guarda o próprio amor, a potência presente dentro dele. O impuro amor, que muitas vezes nos prende, mas que por outro lado nos ajuda a desfrutar de um pouco de liberdade, de ar. O amor é bonito e feio ao mesmo tempo, sujo e limpo, glorioso e ofensivo e nem por isso menos redentor. Intenso e vazio. O amor é sempre uma porta, uma possibilidade e mesmo a busca de um beco, de um abrigo ou quem sabe de um poço sem fundo.

Não por acaso, a meu ver, um dos maiores cronistas de toda essa geração – que jamais receberá os seus devidos créditos infelizmente – atende pelo nome de Beto Cupertino, vocalista e letrista dos 'finados' goianos do Violins, banda esta ultra amada (‘odiada’) e referenciada por esse espaço. Em outro momento já perdi um bocado de tempo escrevendo sobre a ‘poesia’ de Beto, ressaltando sua paixão pelos sentimentos 'ocultos', que muitas vezes fazemos questão de colocar para debaixo do tapete e que, no entanto, fazem parte de cada um de nós em alguma medida sem que isso tenha exatamente um caráter negativo ou destruidor. Cabe encerrar essas pequenas considerações - que na verdade são uma opinião e não se pretendem colocar como uma verdade universal, mas apenas como algo para ser pensado - com uma das letras mais fenomenais – dentre tantas letras igualmente fenomenais do Beto – intitulada ‘Mulher Bomba’. Que venha esse sentimento terceiro que integra tão bem amor e ódio a ponto de nos querer fazer aspirar a algo que possamos chamar de vida!

Se eu pudesse surpreender o seu sono com um pouco do som com o que você me infernizou quando se mudou... O que eu espero de você é uma morte bela. E que haja beleza na morte do que a gente foi - e nem sempre há. O que é bom pra você, não é bom pra mim. Porque o que é bom pra nos dois é tão ruim? Eu sempre volto a rir, quando você sumir. Dizer que há maldade em fazer o que eu sempre quis é não ter bondade pra ver o que eu sempre fiz. E eu sempre volto a rir, quando você explodir.

Então pegue seu rabo e vá oferece-lo bem longe
Pegue seu carro e vá pra algum lugar bem longe
Pegue seus peitos e vá oferece-los bem longe
Pegue seu carro e vá pra algum lugar bem longe
Pegue seu rabo e vá pra algum lugar bem longe

Música da Vida (2).

You are a waterfall
Waiting inside a well
You are a wrecking ball
Before the building fell
And every lightning rod
Has got to watch the storm cloud come.

And I’ve heard of pious men
And I’ve heard of dirty fiends
But you don’t often hear
Of us ones in between
And I’ve heard of creatures
Who eat their babies;
And I wonder if they stop
To think about the taste.

I saw the sun go down
Outside of Arkansas;
And I saw the sun come up
Somewhere in Illinois.
And in the darkness
I taught myself to hate.
But where were you, oh where were you?
And where the fuck did the sun go?

And I am a creature.
And I am survivin’.
And I want to be alone
But I want your body.
So when you eat me,
Mother and baby,
Oh baby, mother me,
Before you eat me.

And you should always pass
When you get the inside lane.
Don’t pull your hair out;
I won’t pull my hair out.
For I have never seen the sun
That did not bury his fears in the side of the world.
And the day is done.

You are a waterfall
Waiting inside a well
You are a wrecking ball
Before the building fell
And I will mutter like a lover
Who speaks in tongues, oh he speaks in tongues.
Oh I speak in tongues.

(She’s your mother; she’s got a lovely tongue)

(Us Ones In Between, Sunset Rubdown)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Cristiano.

Atrás de paz
Sonhos escorrem pelo chão
Nas gotas, seu sorriso
O mesmo que abandonou meu rosto

O quanto eu quis
Esquartejar o que ficou
De todo esse silêncio
Que ensurdeceu a minha vida
Por que o silêncio alimenta?

No coração
Eu guardo o ódio e a saudade
Das lembranças que não
Chegaram a ver a luz do dia
Por causa da sua covardia

(Mas chega um dia em que os olhos se invertem, sem piscar - é Deus quem está aqui ou o tempo se faz Deus dos homens?)

- Você já pisou no inferno? Olhe nos meus olhos, sente o meu mundo prestes a ruir. Onde está o egoísmo? Minhas mãos estão vazias. Diga o que eu faço pra seguir!

Uma pedra muda o desenho do mosaico inteiro
Eu não acho certo, mas agora você está aqui, em mim

domingo, 7 de dezembro de 2008

Ciorando (3).

Por que depor as armas, por que capitular, se ainda não vivi todas minhas contradições, se conservo, todavia, a esperança de um novo beco sem saída?

(Emil Cioran)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Música da vida.

Give me your eyes
I need sunshine
Give me your eyes
I need sunshine
Your blood, your bones
Your voice, and your ghost

We've both been very brave
Walk around with both legs
Wait for the scary day
We both pull the tricks out of our sleeves

But I'll believe in anything
And you'll believe in anything
Said I'll believe in anything
And you'll believe in anything

If I could take the fire out from the wire
I'd share a life and you'd share a life
If I could take the fire out from the wire
I'd share a life and you'd share a life
If I could take the fire out from the wire
I'd take you where nobody knows you
And nobody gives a damn
Said nobody knows you
And nobody gives a damn

And I could take another hit for you
And I could take away your trips from you
And I could take away the salt from your eyes
And take away the spitting salt in you
And I could give you my apologies
By handing over my neologies
And I could take away the shaking knees
And I could give you all the olive trees
Oh look at the trees and look at my face
And look at a place far away from here

So give me your eyes
I need sunshine
Give me your eyes
I need sunshine
Your blood, your bones
Your voice, and your ghost

We've both been very brave
Walk around with both legs
Wait for the scary day
We both pull the tricks out of our sleeves

But I'll believe in anything
And you'll believe in anything

If I could take the fire out from the wire
I'd share a life and you'd share a life
If I could take the fire out from the wire
I'd share a life and you'd share a life
If I could take the fire out from the wire
I'd take you where nobody knows you
And nobody gives a damn
I said nobody knows you
And nobody gives a damn

I said nobody knows you
And nobody gives a damn either way
About your blood, your bones
Your voice, and your ghost
Because nobody knows you
And nobody gives a damn either way

And now I'll believe in anything
You'll believe in anything
Because nobody knows you
And nobody gives a damn anyway

(I'll Believe In Anything, Wolf Parade)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

E aí?

Eu acho muito engraçado a senhorita vir a esse espaço e falar essas coisas, pois isso tudo é realmente muito estranho... Inclusive porque os temas sobre os quais você me peita e coloca contra a parede fazem muito sentido diante das circunstâncias atuais de minha vida. Eu estou a um passo de ter de volta o meu coração livre, a minha consciência tranqüila. E aí vem você e me diz coisas que são pontuais demais para se desconfiar de mero acaso. E nem vejo como problema você me 'peitar'. Nada de errado. Mas eu simplesmente não entendo: eu sempre estou do lado inverso do que se espera, percebe? Se eu me comprometo, se estou próximo, ouço e dou a minha opinião, eu invado. Se me distancio um pouco, sou indiferente, seco. Se tento ser carinhoso, sou doce demais, passo por falso. Se mostro as dores que tenho, o contrário: sou um bruto sem piedade nem coração. Ou 8 ou 80. A linha que demarca a fronteira sempre é tênue demais. Acabo sempre caindo para um lado e mais do que isso: para o lado errado. Se me preocupo, erro; se peço desculpas, erro. Ué? Qual é o termômetro? Porque realmente eu não sei amar. Eu sempre amo errado, sempre machuco, sou omisso, insensível, escroto. Pera lá. Eu não entendo nada dessas lógicas do amor, do carinho. Eu nunca sou açúcar e sal ao mesmo tempo; sempre um ou outro, mesmo tentando ficar no meio. E se eu alcanço o meio, eu teria que ser açúcar, eu teria que ser sal. Eu sou o inverso do que se espera. Qual a saída da caverna? Se eu falo que amo, não acreditam. Amo errado sempre, pra variar. Aí vem você e fala: 'alguns vão esperar, mas nem todos'. Eu já ouvi isso recentemente. 'Alguns vão compreender seu jeito, mas nem todos'. 'Eu entendi'! As pessoas sempre me entendem, mas paradoxalmente nunca me compreendem! É aquele verso oculto da ‘Auto-Paparazzi’: 'você descobre tudo que eu sou e então me cobra tudo o que eu não sou'. Eu estendo a mão, peço ajuda, quero e então... tchau. Eu fico sem saber. E a cada dia sei menos. O que você escreve sob forma de poesia eu já ouvi em prosa. É realmente tudo muito estranho... Eu te pergunto: qual é a saída, menina? Qual é a saída? Porque do jeito que você coloca, realmente eu tô num beco. E aí?

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Silêncios.

- Mas é que...
- (Shhhhhhhh).
- Ma...
- Não precisa explicar. Não precisa.

***

Médico:

- Acho que a sua única chance é tentar uma lobotomia.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Rita Lee.

Então se você quer e pensa em não dormir
E espera que a alegria esteja em paz
Depois de tudo triste que eu escrevi
Depois do dedo em riste que eu te fiz suportar
Não, eu não penso que a vida é ruim
Nem é sincero um bom humor imortal

Descreva tudo que você quer ter
E que seja sempre o que eu posso... ah!
Não há de ser nada sério

Então se você quer e pensa em vir aqui
Espera que a folia foi demais
Depois de tudo triste que eu vivi
Depois do beijo triste que eu te fiz suportar
Não...

Se eu descrever que tudo veio a ser
Exatamente o que eu posso amar
Não há de ser nada sério

Tudo está certo num quadro tão torto
E eu posso estar louco
Mas ei! só um pouco
Eu só sei que eu escutei ao deitar tanta voz te pedir:

“Todos te esperam, eu sei que te esperam,
Eles sentem a sua falta porque adoram você
Ah, te esperam, eu sei que que te esperam,
E outros sentem sua falta porque odeiam você"

(Nada Sério, Violins)