segunda-feira, 29 de março de 2010

Dos perigos.

A última vez que meu ano começou mal ele terminou muito mal. Esperemos pelas cenas dos próximos capítulos.

quarta-feira, 17 de março de 2010

A Arte da Vida.

Por trás do frenesi da vida cotidiana está sempre a fuga de nós mesmos, a tentativa de nos atordoarmos para não enfrentar as questões verdadeiramente importantes da existência: a inevitabilidade da morte, a miséria e a infelicidade da própria condição. Aquilo que os homens mais desejam é ser distraídos; o que mais temem é ficar sozinhos e quietos em um quarto, sem nada para fazer. O verdadeiro propósito de qualquer tipo de atividade ou compromisso, mesmo eticamente honroso, é chegar inadvertidamente à morte, suprimir a consciência da nossa finitude.

Nada é mais insuportável para o homem do que ficar em descanso absoluto, sem paixões, sem nada para fazer, sem divertimento, sem uma ocupação. É então que ele percebe a sua nulidade, o seu abandono, a sua insuficiência, a sua dependência, a sua impotência, o seu vazio. Logo brotarão do fundo de sua alma o tédio, a melancolia, a tristeza, a aflição, o ressentimento, o desespero. A infelicidade dos homens deriva de uma única coisa, que é não conseguirem ficar sossegados em um quarto.

De todas as condições que se imagine, juntando todos os bens que se possa reunir, a condição de rei é a melhor do mundo, imaginando-se, portanto, um rei cercado de todos os prazeres de que pode desfrutar. Se, porém, o imaginarmos privado de distrações, enquanto reflete e avalia sua existência, felicidade e prazeres não lhe valerão mais, e ele fatalmente sucumbirá diante das ameaças que vê, das revoltas que podem ocorrer e, finalmente, da morte e das doenças que são inevitáveis. E assim, privado do que se denomina distração, eis que está infeliz, mais infeliz ainda que o último dos seus súditos que joga e pode distrair-se.

Isto explica porque o jogo e a busca da companhia feminina, a guerra e os altos cargos são objetivos tão almejados. Não porque encerrem em si a felicidade. O que buscamos não é a suavidade e placidez desta posse, que nos deixa pensar na infelicidade da nossa condição; nem os perigos da guerra, nem as preocupações dos cargos, mas o estrépito que nos impede de pensar a respeito e nos distrai. Motivo pelo qual amamos mais o ato de caçar do que a presa em si. Aquela lebre não nos impediria a visão da morte e das misérias, mas a caça, que nos distrai delas, pode fazê-lo. Todas as atividades mundanas mesmo as mais honradas nascem de uma fuga dos problemas existenciais. O rei está cercado de pessoas que só pensam em fazer com que se divirta e em impedi-lo de pensar em si mesmo. Por que mesmo sendo rei, se pensar, será infeliz. Isso é tudo que os homens puderam inventar para ser felizes.

O modo de enganar a si mesmo é postergar para um eterno futuro o momento da serenidade, para então se dedicar à reflexão sobre a inevitabilidade da morte. E assim transcorre a vida. Busca-se o descanso enfrentando uma série de obstáculos; e, superados estes, o descanso torna-se insuportável porque nos faz pensar nas misérias presentes ou naquelas que nos ameaçam. E mesmo se nos sentíssemos protegidos o bastante por todos os lados, o tédio, com a sua costumeira autoridade, não deixaria de se soltar do fundo do coração, onde, naturalmente se enraizou, e de encher o espírito com o seu veneno.

(Blaise Pascal)

terça-feira, 16 de março de 2010

Depois da queda.

Você só viu, não aprendeu
Eu aprendi porque você contou tudo
Eu não vi

Agora a gente tem que se ajudar
O que você viu e o que eu posso assimilar
Precisam se tornar um só fato

Sou mera página em branco
Então comece a escrever
Relate o que vê
De fato o mundo perdeu o som?
Ninguém mais ouve você e eu
Será que a gente morreu
Na pressa de maldizer o fato?
Na pressa de convencer um lado
De que o outro é que vai vencer

(Um Só Fato, Violins)

segunda-feira, 15 de março de 2010

Ad infinitum...

Novos personagens, velhas incompreensões, a mesma história! Como é emocionante ver a vida da televisão!

domingo, 14 de março de 2010

Da arqueologia.

Mais legal do que uma história propriamente dita é a sua pré-história oculta.

sábado, 13 de março de 2010

Em cartaz.

Guilherme Jones: Em Busca da Ataraxia Perdida.

Tolos Mudam.

As lombadas não adiantam mais
estou de bicicleta
eu me estresso por coisas banais
você que me disperta
tem coisas que são tão legais
ocorrem na hora certa
por isso já não ligo mais
pra quem me alfineta...

Ainda bem
que eu não estou só

Na escola de errar eu sei
já sou um graduado
mas quem se achar perfeito não
esconde um ser frustrado
aos meus amigos toda acidez
de um abraço embriagado
e a simplicidade de quem tem
um par de tênis furado

Melhor assim
que eu não estou só

(Aos Meus Amigos, Superguidis)

segunda-feira, 8 de março de 2010

Onde os fracos não tem vez.

A vida foi feita para os brutos. Nunca ninguém fez uma revolução por meio das palavras.