quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Pós-Morte.

Não, não se trata de uma ressurreição ou de qualquer resquício de arrependimento, muito embora eu sempre esteja em cima da linha do arrependimento, do medo das minhas escolhas - que em última instância são infundados, afinal, levam sempre ao mesmo lugar. No entanto, esse post se faz totalmente necessário como um fecho importante de todo o momento que a duração deste blog registrou. No meio da adaptação teatral de Aqueles Dois do Caio Fernando Abreu promovido pela Companhia Luna Lunera, há um momento - ao meu ver o mais tocante - em que a esmo, sem motivo aparente é declamado o seguinte texto:

As pessoas reclamam que eu transformo em palavras todo o meu processo mental, “processo mental”, é assim que eles falam, e eu acho engraçado. E que isso assusta as pessoas, que é preciso disfarçar, enganar, mentir, esconder e eu não queria que fosse assim. Queria que as coisas fossem mais simples, mais claras, mais limpas.

E o ator diz: “Caio Fernando Abreu, Carta pra além do muro, página 249. Eu não lembro o nome do livro, da edição, mas a página eu nunca esqueci. Página 249”.

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Agora continuamos com a programação normal direto do túmulo.

domingo, 11 de janeiro de 2009

O último poema.

Como diria o (não tão) grande compositor Rogério Skylab ‘é preciso saber o momento de colocar um ponto final em todos os episódios que nos rodeiam, inclusive em nossa própria vida’. Com este blog não poderia ser diferente, até porque seu objetivo de criação não apenas foi cumprido como ultrapassado, chegando, por fim, a sua estagnação. Pela minha enorme dificuldade de ‘desapegar dos ossos’, como disse o grande Wado na letra da singela 'Deserto de Sal', acabei por postergar ao máximo este momento. Agradeço a todos que visitaram esse espaço durante sua existencia. Foi muito bom enquanto durou! Para encerrar, nada mais justo e coerente do que colocar um poema magistral do meu querido Manuel Bandeira:

Assim eu quereria o meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação

sábado, 10 de janeiro de 2009

05:05

Derrelição, no vão da escada sem perdão. O corpo baço, imundo: terra devastada e fria feita de crepom. Por querer mais do que se pode esquecer, o doce amargo vício de perder o condão deixa os seus pés sem ação. Eu te avisei que era pra rir. O suor das nossas pernas enlaçadas guardou mais do que a espera de esperar pelo que passou sem te ver.

Toda cura é provisória. O pecado é uma glória. O divino é humano e é besteira ser alguém que abre mão da solidão. Deixa a solidão ser só em outro, então.

Não adianta procurar ressurreição em minhas mãos. É hora de subir a escada e fechar o meu caixão. Deixa a fome te invadir. Perca suas asas ao voar e ao cair sinta o ar suspender a sua dor.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

As mais belas reflexões.

- Não dá pra entender nada, entendeu?
- Não.