sábado, 10 de janeiro de 2009

05:05

Derrelição, no vão da escada sem perdão. O corpo baço, imundo: terra devastada e fria feita de crepom. Por querer mais do que se pode esquecer, o doce amargo vício de perder o condão deixa os seus pés sem ação. Eu te avisei que era pra rir. O suor das nossas pernas enlaçadas guardou mais do que a espera de esperar pelo que passou sem te ver.

Toda cura é provisória. O pecado é uma glória. O divino é humano e é besteira ser alguém que abre mão da solidão. Deixa a solidão ser só em outro, então.

Não adianta procurar ressurreição em minhas mãos. É hora de subir a escada e fechar o meu caixão. Deixa a fome te invadir. Perca suas asas ao voar e ao cair sinta o ar suspender a sua dor.

10 comentários:

Anônimo disse...

Ehud deitado não tinha asas. era homem de carne, café e pão. não avisava, não ameaçava, não armava surpresas em vermelho e cinza.não sumia em abismos decorados de caixa de aquário nem deixava recados debaixo do tapete. nariz reto de homem seco de prosa, não de coração. manso e ereto. não empinado de saberes e julgamentos. quando ainda podiam fodia com ela. fodiam. e era a graça.

Where I'm Anymore disse...

Concordo e discordo, Renatuxa querida! Quero dizer, sim, a letra da minha música nova é inspirado numa livre interpretação da Senhora D e essa charada você matou mesmo! E sim, o Ehud é tudo isso o que a senhorita descreveu, mas será que apenas isso? Quero dizer, o fato dele ser homem de carne não impede ele de pensar também. O que a letra tenta mostrar de alguma maneira é a proposta do Ehud de se pensar menos e agir mais. Afinal de contas, por mais que seja pintado como um homem sem abismos, isso não significa que num Ehud esses abismos não existiam, certo? O fato dele não falar sobre não significa que não exista. Eu sempre brinco que as pessoas tem seus abismos mas algumas sabem esconder mais do que outras. Logo, o que eu quero dizer com a letra é simples: 'Senhora D', eu já sei de todas essas filosofias, mas sei também que elas não levam a lugar algum. Vamos nos amar enquanto é tempo! Vamos aproveitar o sabor da carne, enlaçar nossas pernas. E para além disso: depois que eu morri, para de pensar e apenas viva. Será que minha interpretação é tão absurda assim? Enfim!

Beijos e se cuida!

Anônimo disse...

não é absurdo, não!
mas Renatuxa é a sua avó! (rs)

tá um dia bonito pra tomar
um chope e comer batatas fritas!
e eu vou pra Paulista fazer isso agora mesmo.

um beijo, meu querido.
se cuida. sempre. queria ver
vc cada vez mais bonito e mais livre e quero o mesmo pra mim. afinal de contas, eu amo você.

Anônimo disse...

20:21
dia 10/01/2009
15 segundos

é assim que a coisa existe
-- ou não.

bjs

Where I'm Anymore disse...

E como estava o chope e as batatas frias? Espero que tenha sido um programa agradável!

Beijos!

Anônimo disse...

pena vc deixar de
fazer o blog. Mas qdo
a gente sente que algo está
parado, estagnado, sem
'frescor', talvez não valha
mesmo a pena insistir.
O comentário do 'Tio Beto' me
ajudou a ter coragem de fazer esse último comentário sem me mostrar magoada, triste ou pesada, porque no fundo não é assim que eu me sinto, embora não deixe de sentir raiva do que em vc me soa como frivolidade. E tb sem ironia, e sem medo de me ferir ou te ferir por falta de sacação, de sensibilidade, de compreensão, por vaidade ou orgulho etc e tal. Pra dizer a verdade não concordo com quase nada do que ele disse. Mas se ele é tão seu amigo, se vcs têm afeto um pelo outro, seja ele alguém concreto ou mais um 'lado' seu, então deve estar falando algo que faz sentido, pra vc e pra ele. O que sei é que não chegamos ao ponto da indiferença, e é isso que a ironia e a frivolidade tentam negar. Assim como sei que muita coisa forte e bonita que aconteceu nesse momento está enterrada, e é isso que beira a tragédia, e acho (sempre podemos estar errados e se for assim, vc não vai ler esse texto com emoção nem atenção) que é assim prá nós dois. A diferença é que eu não fico falando em trágédia, dizendo do meu mal estar físico, do meu desespero, do medo do vazio. Nem todo mundo expõe do mesmo modo os seus abismos, pois é.
Nem a ironia ou a raiva. Não sou nenhuma santa e comecei esse texto com uma ironia de doer. Voltei atrás, refiz. Vc pode achar isso tolice, fraqueza, covardia,autocensura, espírito cristão, antilirismo. Eu me questionei muito isso, e acabei chamando de cuidado. Pq me interesso mais por vc do que por qualquer coisa que tenhamos escrito. Pq o que vale prá mim no que experimentamos é a ternura ainda mais do que a beleza. embora as vezes fique meio impossível separar as coisas.

enfim (essa palavra tem me doído tanto ultimamente. vai entender a força das palavras...). Enfim deixo meu registro aqui te desejando, mais do que tudo, um pouco de paz. E de novo, é uma das coisas que também desejo pra mim, e sei que não é fácil conseguir.

Não vou deixar poema (procurei vários, achei coisas lindas, que sei que vc ia gostar), música (música só vc mesmo pra saber quais te curam, quais te alucinam ou te comovem, e é coisa delicada demais qdo não se sabe bem o que dizer, qdo não se está dentro do outro pra sentir o que ele precisa), filmes, imagens.

Deixo as palavras que tô podendo dizer. Um beijo grande. Grande mesmo. Quando ficar em dúvida sobre o que a gente sentiu um pelo outro (ou sente ou sentirá ou não vltará a semtir), não deixa a razão ser sua dona. É o que eu tb vou tentar fazer.

Anônimo disse...

me preocupo com vc.
me importo, e muito.

se precisar me ligue.
quando quiser.
bjs

Where I'm Anymore disse...

Pois bem, Renata. A título de despedida, tenho algumas considerações últimas a fazer.

Provavelmente ficarei sem respostas, mas tudo bem, até porque estou totalmente acostumado a ausência de explicações. Mas o fato é que nunca houve nada entre a gente, quero dizer, além de um contato virtual, de uma simpatia recíproca. Vira e mexe você vem e fala 'me liga quando precisar' quando você mesma sabe isso ser algo impossível, porque não nos conhecemos - e hoje eu tenho certeza absoluta disso. Então eu te pergunto: por que você fala esse tipo de coisa? Sinceramente, eu vou encerrar esse blog por um motivo bastante simples: não faz sentido escrever. Tudo que eu já tinha que escrever eu escrevi, das mais variadas maneiras possíveis; tudo que eu já tinha para pensar e traduzir em palavras nesse espaço, eu traduzi. Não há mais o que ser dito nem pensado, até porque isso nunca me levou a lugar algum. Pelo contrário. Quando você diz que me ama, posso dizer com certeza absoluta que não é a mim que você ama, mas sim as minhas idéias e pensamentos que de alguma maneira tocam você ou tem a ver com suas idéias e pensamentos. Entre as minhas palavras e mim há um abismo que até hoje nunca ninguém conseguiu transpor. Não signfica dizer em momento algo que o que eu aqui escrevo seja falso, incoerente com minhas posturas, ou mera ficção. Infelizmente não sei escrever sobre nada que eu não tenha vivenciado ou sentido. Na verdade, quero dizer que para além das palavras existe uma pessoa. E isso é tanto quanto simples. Ou deveria ser, quando na prática não o é. Amar uma pessoa é muito mais do que amar as palavras ou idéias. Idéias e palavras podem ser pontos de partida, mas nem sempre coincidem. E eu estou cansado disso, particularmente, de me apaixonar pelas pessoas que escrevem - porque quando eu gosto do que está escrito, automaticamente aquela identidade gruda na pessoa que escreve, nascendo o afeto - mas dessas pessoas se apaixonarem não por mim, mas pelo que eu registro - e mais tarde inverterem toda a história, modificarem o sentido das palavras, justamente quando eu acabo por me apegar. E infelizmente eu me apego muito facilmente as pessoas.

Outra coisa: infelizmente muito pouco dos textos desse blog fazem referencia direta a você. As pessoas de modo geral tentam ficar querendo encontrar significados ocultos, endereçamentos ocultos aqui quando nem sempre eles existem. Eu comecei escrevendo sobre o que em um momento da minha vida eu senti pela Thais. Oras, esse era o objetivo. Depois, a proposta acabou focando mais em mim do que em dizer, falar, tentar entender ela. Outras personagens invariavelmente apareceram, mas levando em conta que Renata = Renata, nada aqui foi direcionado a você. O que não quer dizer que dialogar contigo seja bacana, que tenha sido um prazer te conhecer. Mas o fato é que eu sequer te conheci. Sei coisas pontuais de você para que eu me apaixonasse. sei o que você faz da vida; sei um pouco do seu gosto musical que ora bate com o meu, mas muitas vezes está distante - o que não significa grande problema, por mais que eu sempre tenha procurado na vida alguém que gostasse do mesmo tipo de música que eu ouço por conta da minha verdadeira devoção a essa forma de arte; sei que você tem um conhecimento literário sensacional. Para além disso, parece que você tem um filho. E você infelizmente não me conhece. Conhecer o que eu penso não é me conhecer. Eu tenho carne, tenho osso, sangue e coração e esse sempre foi meu problema: quisera ser eu um texto apenas ou um desenho animado. Se fosse um personagem de filme talvez tivesse um final feliz. Mas não. E infelizmente eu cansei desse meu jeito desengonçado, confuso e sempre incompreendido. Realmente viver beira o insuportável. Deve-se ter realmente muita força para querer estar vivo, para querer ver o sol nascer todos os dias. E eu quero deixar a minha existência de molho, me limitando a falar o mínimo possível, porque falar nunca me ajudou. Porque na hora que eu deveria falar eu não consigo e isso é visto como frieza. Enfim.

Sobre o 'Tio Beto', ele não é uma face minha. É uma pessoa concreta, também feita de carne, osso, problemas e um coração. Uma pessoa que se parece muitissimo comigo e por quem eu tenho um carinho e uma consideração totalmente fora de paralelo justamente porque ele é capaz de me entender de maneira totalmente plena. Nem sempre eu concordo com ele, embora o indice de concordancia seja altissimo, porque ele 'sente o que eu sinto'. Logo, as falas dele podem até não fazer sentido para você, que está de fora, mas são especiais para mim. O que não quer dizer que necessariamente devam ser levadas ao pé da letra sempre, mas que mesmo assim guardam uma grande sabedoria.

Você as vezes acha que eu venho aqui ser frio e seco com você, ironico, quando não se tratou disso. O mesmo carinho que você aprendeu a ter por mim, eu também aprendi a ter por você, nesse tempo em que tentava entender o que você queria de mim e nem sempre ficou muito claro. É instabilidade demais. Eu amo 'as loucas' - o Beto Cupertino em Ensaio Sobre Poligamia escreveu un dos versos mais fodas que eu já li e que diz o seguinte: 'conta que eu amo as putas, conta o quanto eu te quis quando você me quebrou o nariz - e de fato eu sei que você é louca, o que é um elogio e não uma ofensa, uma critica. O problema é que sempre é loucura demais e essa loucura sempre acaba se voltando contra mim. É inexplicável. Eu tento ser amável, tento me soltar aos poucos, com minhas dificuldades, mas não tem como: o que era pra ser algo bonito termina de repente, sem explicação. Começa de um jeito, de repente enjoa. No fundo o que as pessoas desejam realmente não é o amor, mas sim o sofrimento mesmo. E eu tô completamente cansado disso tudo. Há muito tempo. Enfim.

O blog está fechado, pelo menos por um bom tempo - enquanto não houver o que ser dito; enquanto continuar não havendo vida por aqui. Você tem o meu e-mail. Lá você me encontra, eu te respondo.

Para finalizar, vou te mandar o link dessa minha última, em uma versão alternativa da canção.

http://rapidshare.com/files/182681928/D_Vers_o_Alternativa.zip.html

Aliás, essa é apenas uma prova de que você não me conhece: se conhecesse teria reconhecido a minha voz na outra gravação que eu te mandei. Não tem problema.

Eu espero que você tenha momentos bacanas, felizes. Esses momentos triviais mesmo, de estar junto com quem te faz sentir bem, especial, com seu filho, amigos, amores. Que continue ralando no trabalho e que extraia algum prazer dele.

Um beijo e se cuida.

Com carinho,

Guilherme

Where I'm Anymore disse...

Pra não dar 'problema' como da última vez, segue o link quebrado e você junta as partes, Renata:

http://rapidshare.com/files/182681928/
D_Vers_o_Alternativa.zip.html

Anônimo disse...

te cuida tb!
só o que posso
dizer sem confundir
as coisas ainda mais
é o que já disse: me preocupo,
gosto de ti. e não me
enjoeei de ti. nunca.

bjs