segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A Paixão Segundo H.H. (2)

Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha

Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha)

Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel

Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.

(Hilda Hilst)

Da essência.

A essência do progresso é decadência. Progredir é morrer, porque viver é morrer.

(Fernando Pessoa)

Da arrogância.

O homem não sabe mais que os outros animais; sabe menos. Eles sabem o que precisam saber. Nós não.

(Fernando Pessoa)

domingo, 29 de novembro de 2009

Sabedoria impopular. (2)

A esperança não é a última que morre, mas sim a primeira que mata.

sábado, 28 de novembro de 2009

Moz, etc.

It only hurts because it's true.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Do que (não) é.

Depois de jogar tanto pó para debaixo do tapete chega um momento em que é impossível distinguir o que é pó do que é tapete.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Teoria literária.

Toda história não passa de uma distorção dos fatos. Até porque os fatos não existem, senão narrativas sobre eles.

Sabedoria impopular.

Mais vale um pássaro voando do que dois nas mãos.

Do Esquecimento.

Basta dizer que sou Juan Pablo Castel, o pinto que matou María Iribarne; suponho que todos ainda se recordam do processo, o que dispensa maiores explicações sobre a minha pessoa. Embora nem o Diabo saiba o que e por que a gente deve recordar. Na realidade, sempre achei que não existe memória coletiva, o que talvez seja uma forma de defesa da espécie humana. A frase “Todo o tepo passado foi melhor” não indica que antes sucederam coisas menos ruins, mas apenas que – felizmente – as esquecemos. Logo, semelhante frasenão tem validade universal; eu, por exemplo, caracterizo-me por recordar preferentemente os acontecimentos nefastos, e assim quase poderia dizer que “todo o tempo passado foi pior”, apesar de que o presente me parece tão horrível quanto o passado; lembro-me de tantas calamidades, de tantos rostos cincos e cruéis, de tantas más ações, que a memória é para mim como uma temerosa luz que alumia um sórdido museu de vergonhas.

(O Túnel, Ernesto Sábato)

Da Vaidade.

Como dizia, eu me chamo Juan Pablo Castel. Poderão perguntar o que me move a escrever a história de meu crime (não sei se já disse que vou relatar o meu crime) e, sobretudo, a procurar um editor. Conheço bem a alma humana para prever que hão de pensar que seja por vaidade. Pensem o que quiserem – pouco me importa; faz tempo que pouco me importam a opinião e a justiça dos homens. Admita-se pois, que publico esta história por vaidade. Afinal de contas sou feito de carne, osso cabelos e unhas, como qualquer outro homem, e me pareceria muito injusto que exigissem de mim, precisamente de mim, qualidades especiais; às vezes alguém se considera um super-homem, até o momento em que chega a conclusão de que também é mesquinho, desonesto e pérfido. Da vaidade não digo mais nada: creio que ninguém é desprovido desse notável motor do progresso humano. Fazem-me rir esses senhores que surgem com a modéstia de Einstein ou outro semelhante; resposta: é fácil ser modesto quando se e célebre; quero dizer, parecer modesto. Mesmo quando se imagina que não existe em absoluto, logo ela é descoberta, na sua forma mais sutil: a vaidade da modéstia! Até um homem, real ou simbólico, como Cisto, o ser diante do qual senti, e ainda hoje sinto, o respeito mais profundo, pronunciou palavras sugeridas pela vaidade, ou ao menos pela soberba. Que dizer de León Bloy, que se defendia da acusação de soberba argumentando haver passado a vida a servir indivíduos que nem sequer lhe chegavam aos joelhos? A vaidade se encontra nos lugares mais imprevistos: ao lado da bondade, da abnegação, da generosidade. Quando eu era menino e me desesperava ante a idéia de que minha mãe haveria de morrer um dia (com os anos chega-se a saber que a morte não somente é suportável, mas também até reconfortante), não concebia que minha mãe pudesse ter defeitos. Agora que ela não mais existe, devo dizer que foi tão boa como qualquer outro ser humano pode vir a ser. Porém recordo, em seus últimos anos, quando eu já era um homem, o quanto, no princípio, me doía descobrir, debaixo de suas melhores ações, um sutilíssimo ingrediente de vaidade e de orgulho. Algo de muito mais demonstrativo sucedeu a mim próprio, quando a operaram de câncer. Para chegar a tempo, tive de viajar dias inteiros sem dormir. Ao abeirar-me da cama, seu rosto cadavérico pôde ainda sorrir-me levemente, com ternura, e ela murmurou umas palavras de compadecimento (condoia-se do meu cansaço!). E eu senti no íntimo, obscuramente, o vaidoso orgulho de haver chegado tão rápido. Confesso esse segredo para que vejam até que ponto não me considero melhor do que os outros.

No entanto, não conto esta história por vaidade. Poderia talvez admitir que exista algo de orgulho ou de soberba. Mas, por que essa mania de querer encontrar explicação para todos os atos de minha vida? Quando iniciei esse relato, estava firmemente decidido a não dar explicações de nenhuma espécie. Tinha ímpetos de contar a história do meu crime, e pronto: quem não gostasse, não a lesse. Se bem que não o creia, pois precisamente essa gente que anda sempre atrás de explicações é a mais curiosa, e acho que nenhuma delas perderá a oportunidade de ler a história de um crime até o fim.

(O Túnel, Ernesto Sábato)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Das lições.

O que nunca existiu é justamente aquilo em que mais se acredita. E olha que eu nem estou falando de Deus.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Valentina.

Ah, pouco a pouco, entre as árvores antigas,
A figura dela emerge e eu deixo de pensar...

Pouco a pouco, da angústia de mim vou eu mesmo emergindo...

As duas figuras encontram-se na clareira ao pé do lago...

...As duas figuras sonhadas,
Porque isto foi só um raio de luar e uma tristeza minha,
E uma suposição de outra coisa,
E o resultado de existir...

Verdadeiramente, ter-se-iam encontrado as duas figuras
Na clareira ao pé do lago?
(...Mas se não existem?...)
...Na clareira ao pé do lago?...

(De La Musique, Álvaro de Campos)

Do jeito (torto).

Hillé, andam estranhando teu jeito de olhar.
Que jeito?
Você sabe.
É que não compreendo.
Não compreende o quê?
Não compreendo o olho, e tento enxergar perto.
Também não compreendo o corpo, essa armadilha, nem a sangrenta lógica dos dias, nem os rostos que me olham nesta vila onde moro, o que é casa, conceitos, o que são as pernas, o que é ir e vir, para onde Ehud,o que são essas senhoras velhas, os ganidos de infância, os homens curvos, o que pensam de si mesmos os tolos, as crianças o que é pensar, o que é nítido, sonoro, o que é som, trinado, urro, grito, o que é asa hen?

(A Obscena Senhora D, Hilda Hilst)

Da precisão.

- Guilherme, você é o homem menos homem que eu já conheci na vida.

domingo, 22 de novembro de 2009

Next exit.

- Eu tinha muitas expectativas em relação a você.
- É?! Quais?
- Não sou eu quem tenho que te dizer, mas você quem tem que descobrir.

Físico-Química. (2)

Não rolou química? Então tenta a físíca.

Físico-Química.

- Antes eu pensava que o amor e o sexo formavam uma solução homogênea. Mas agora eu percebi que com o tempo o amor evapora e que a parte realmente sólida da mistura é o sexo.

500 dias com ela - e o resto da vida sem.

- Eu te avisei, "deixa a bicha louca do Morrissey de lado". Mas você não ouviu... Só podia dar nisso.

sábado, 21 de novembro de 2009

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Perolário.

- Quer uma palavra de consolação?
- Claro!
- Foda-se!

Quatro letras.

A maior invenção do homem é o...

Das dúvidas.

Por que os iguais acreditam piamente que são diferentes?

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Lição de casa.

No amor de nada valem os substitutos. Eu estava procurando nela o que tinha sentido com a outra Su Li Zhen. Eu mesmo não me dei conta disso. Mas estou certo que ela se deu conta disso.

(2046 - Segredos do Amor)

Da estupidez.

Obrigar-se a demonstrar felicidade em cada milésimo de segundo da vida.

A linha.

O sonho não passa de um pesadelo oculto.

Musas. (7)

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Bis.

Se morreu o ideal que me orientou o caminho
e me fez ver o erro do que eu julguei ser
o meu mais completo destino
dar a vida a uma idéia fez de mim um menino
os homems mudam de idéia
e nos deixam sozinhos
Eu vejo suas ruas com novos consumidores
ávidos por conhecer o que no mundo é tão antigo
carregando sobre os ombros seus novos computadores
dizem 'oi' ao mercado e 'adeus' ao sentido
E eu onde eu fico?
onde eu me reconheço
com que argumentos eu me explico?
depois de tudo que andei
em que porto eu me fixo?
Tudo que eu não quis ser
toda morte tardia
Liberal sem saber
eu sou o exemplo da China
Te ver escurecer como se fosse um dia
com seus ovos podres na América Latina
Eu prefiro morrer a viver esta sina

(Cuba Libre, Violins)

Caixa da verdade.

A vida é um absurdo. E tenho dito!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Amor e restos humanos.

Há sempre um lado que pese e um outro lado que flutua. Tua pele é crua.
Dificilmente se arranca lembrança, lembrança, lembrança, lembrança...
Por isso da primeira vez dói.
Por isso não se esqueça: dói.
E ter que acreditar num caso sério e na melancolia que dizia.
Mas naquela noite que eu chamei você fodia. Fodia.
Mas naquela noite que eu chamei você fodia de noite e de dia.

(Crua, Otto)

Das juras.

Se a primeira ventania for capaz de levar tudo o que havia sido então construído, ficará comprovado apenas a fragilidade da base que forjava tal alicerce.

domingo, 15 de novembro de 2009

Momentos de Reflexão.

Meu amigo X namora um moça muito peculiar chamada Y. Y viu que X estava solteiro e piscou para ele na noite. X reagiu de alguma forma e aí Y chegou em casa, deu um add gatinho nele no Orkut e já deixou um recado de voadora de duas pernas (chincha). X respondeu o recado de um jeito UM POUCO EVASIVO (nada que se compare com esses casos seus). Mas Y não teve paciência para isso e respondeu da seguinte forma: 'MEU FILHO, TE QUERO PRA ONTEM'. Seis meses de namoro.

sábado, 14 de novembro de 2009

Comunicacão. (2)

Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Como que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.

(Fernando Pessoa)

Ser.

É possível que amanhã eu morra, e na Terra não ficará ninguém que me tenha compreendido por inteiro. Uns me considerarão pior e outros melhor do que eu sou. Alguns dirão que eu era uma boa pessoa; outros, que era um canalha. Mas as duas opiniões serão igualmente equivocadas.

(Um herói de nosso tempo, Mijail Iurevitch Lérmontov)

Dos males.

A esperança é o derradeiro mal; é o pior dos males, porquanto prolonga o tormento.

(Friedrich Nietzsche)

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Fragmentos.

Se perdeste a posse de um mundo,
não sofras, não é nada;
Se conquistaste a posse de um mundo,
não te alegres, não é nada;
Passam as dores, passam os contentamentos
Passas tu ao longo do mundo

(Anwari Sobeili)


Fazes falta?
Ó sombra fútil chamada gente!
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém...
Sem ti correrá tudo sem ti.
Talvez seja pior para outros existires que matares-te...
Talvez peses mais durando, que deixando de durar...

(Álvaro de Campos)


Não agradeças ao Céu
Pela sorte que te coube,
Nem o acuses:
Ele é indiferente

Ouve o que a Sabedoria diz todos os dias:
A vida é breve.
Não te esqueças, não és como certas plantas
que rebrotam depois de cortadas.

(Omar Khayyam)

Comunicacão.

O entendimento inicial é a raiz do desentendimento inevitável.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Ah, a vida...

Uma ilusão real.

Dos antagonismos.

O intelecto é precisamente o oposto do desejo.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Do Amor (2).

Sabe essas noites
Que cê sai
Caminhando, sozinho
De madrugada
Com a mão no bolso
(Na rua)...

E você fica pensando
Naquela menina
Você fica torcendo
E querendo
Que ela estivesse
(Na sua)...

Aí finalmente
Você encontra o broto
Que felicidade
(Que felicidade)
Que felicidade
(Que felicidade)...

Você convida ela prá sentar
(Muito obrigada)
Garçom uma cerveja
(Só tem chopp)
Desce dois, desce mais...

Amor, pede
Uma porção de batata frita
OK! você venceu
Batata frita...

Ai blá blá blá blá blá blá blá blá blá
Ti ti ti ti ti ti ti ti ti

Você diz prá ela
Tá tudo muito bom
(Bom)
Tá tudo muito bem
(Bem)
Mas realmente
Mas realmente
Eu preferia
Que você estivesse
Nuaaaa...

Você não soube me amar...

Todo mundo dizia
Que a gente se parecia
Pois cheio de tal e coisa
E coisa e tal
E realmente a gente era
A gente era um casal
Ah! Um casal sensacional...

Você não soube me amar...

No começo tudo era lindo
Tá tudo divino
Era maravilhoso
Até debaixo d'água
Nosso amor era mais gostoso
Mas de repente
A gente enlouqueceu
Ah! eu dizia, que era ela
Ela dizia, que era eu...

Você não soube me amar...

Amor que que'cê tem
Cê tá tão nervoso
Nada, nada, nada, nada, nada...

Foi besteira usar essa tática
Dessa maneira assim dramática
(Eu tava nervoso)
O nosso amor
Era uma orquestra sinfônica
(Eu sei)
E o nosso beijo
Uma bomba atômica...

Você não soube me amar...

É foi isso que ela me disse...

Oh! baby não!

(Você não soube me amar, Blitz)

domingo, 8 de novembro de 2009

Das atrocidades.

Mas isto é o mais atroz: a arte da vida consiste em esconder às pessoas mais queridas a alegria pessoal de estar com elas, senão acabamos por perdê-las.

(Cesare Pavese)

sábado, 7 de novembro de 2009

Centavos.

Amor
Dida
Do tempo
No ser
Tem pó,
E dói
Até em quem
Por birra
Ou sorte
É só,
No mais
Quem fica
Tem partido.

(Política, Renato Limão)

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Vamos fazer um filme?

X: Você me ligando? U-au! O que você manda?
Y: Nada demais. Só um convite!
X: Hmmm... Quero até ver...
Y: Vamos fazer um filme?
X: Fazer um filme??? Pornô? (hahahahahhahahahahahhaha)
Y: Sim!

Fonofobia.

- O que você está fazendo agora, do outro lado da linha, enquanto conversa comigo?

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ciorando (10).

Se é e se permanece escravo enquanto não se dá a cura da mania de ter esparança.

A morte é um estado de perfeição, o único ao alcance de um mortal.

Tudo que é engendra, cedo ou tarde, o pesadelo; tratemos pois de inventar algo melhor que o ser.

Do engano primordial. (2)

Desmerecer quase sempre é apenas uma forma de não querer admitir a si mesmo que as reais qualidades de outrem te perturbam. Sim: o resultado dessa manobra é inevitavelmente desastroso.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Fluxo.

São os crimes que a gente comete a cada dia e permanecem impunes. Os estilhaços dos vidros, esparramados pelo chão, das janelas fechadas – agora abertas. Desconsolos cotidianos. Era uma vez um sorriso – mas você não viu. Era uma vez toda vez e sempre, um dia após o outro. Pés descalços no chão imundo, um pequeno ritual de purificação. O semblante não nega, tampouco revela. Eu tenho pensado – e o pensamento é uma luta árdua, onde sempre se perde – no que havia de verdadeiro em mais uma encenação. São começos que na verdade não passam de finais, de estações intermediárias em direção a lugar algum. Mas afetam: afeto. Com os cacos de vidro retalho meu corpo invisível enquanto lá fora, aqui dentro, cai uma chuva caudalosa, que com o tilintar dos pingos d’água abafa o som do vidro. Mas não adianta. A carne exposta, crua, revela as profundas entranhas enquanto o sangue escorre. Será que é o suficiente? É isso o que desejam? Um tapa, um grito, o vermelho, o circo? O espetáculo sobrepuja, arranca aplausos.

Mais uma vez eu estou no meio do acostamento, completamente nu, sem corpo. E continuo negando. Ao fundo, um punhado de convicções em seus ternos e saias, a frente de seus volantes invisiveis. “É assim”, grita um mais esbaforido. Parece que tem razão. Parece que acredita no que diz. Parece, apenas. Basta uma folha seca na pista para desenhar o acidente. O importante é não perder a pose: “é assim!” – mesmo que não seja.

Enquanto vejo a cena, o cansaço me consome. Mesmo assim, por alguns breves instantes, rio, suavemente. Porque embora os olhos estejam voltados para a pista, em verdade, vejo um corpo em movimentos descompassados. Um corpo destituído de beleza – mas por isso mesmo extremamente belo. Suspenso no ar, contido, primário, desproporcional. Há uma velhice no semblante a princípio incompatível: mais desgastada que o próprio tempo, menos vívida que seus gestos. Meu coração bate difusamente. Seu descompasso é meu desacerto. “O que há de verdadeiro nessa encenação?”, mais uma vez me pergunto. Entre mim e eu está a resposta.

Do sentir.

As palavras - mesmo, e talvez principalmente, as mais banais - que não foram ditas jamais forjarão o sentimento. Sem saber não há sentir.

Do engano primordial.

E, quando sua esperança estava a ponto de esgotar-se, recordava as duas ou três frases chave do encontro: "Penso que não te deveria ver jamais. Mas vou te ver porque necessito de ti". E aquela outra: "Não te preocupes. Saberei sempre como te encontrar".

Frases - pensava Bruno - que Martín apreciava por seu lado favorável e como fonte de uma inenarrável felicidade, sem notar, ao menos naquela época, tudo o que continham de egoísmo.

(Sobre Heróis e Tumbas, Ernesto Sábato)

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Depois do final da novela...

- Eu sinto que você é um homem de bom coração. Por isso eu confio em você sem medo.

(Beijos)

***

Depois do final da novela...

- Seu escroto, idiota. Sai depressa da minha frente! Não quero te ver nunca mais.

***

Moral da História: todo mundo é bom até o momento em que se torna mau. Mas as novelas nunca falam sobre isso.

Notas sobre a trajetória (3).

Todo mundo sabe muito bem o que procura até o momento em que encontra.

Das não-confissões.

- Eu gosto de ti por vários motivos dentre os quais o mais relevante talvez seja o fato de saber que verdadadeiramente você gosta de mim.

domingo, 1 de novembro de 2009

Criminals. (2)

This criminal
Walked into my room
He asked me
Why do you live this way?
Think of all you could have,
What I would take

Well, have you got a clue?
Why do you live this way?
Why do you?
Think of all I'd take

You think that I don't know
you think that I don't know
You're wrong
You're wrong

You think that I don't know
you think that I don't know
You're wrong
You're wrong

And to god
I called out
Over bullets
They were in and out, man
And it was my end
At least I called into question
Why we walk this route
What is for me in it

(Criminals, Atlas Sound)