quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Amorfoses.

Às vezes a minha maior vontade é ser o amigo que você nunca teve.
Nessa mesma hora me bate aquele desejo de te possuir por inteiro, de te ouvir gritar.
Quando me dou conta, percebo que estou apaixonado. E eu te amo.
Sim, por isso eu te odeio. Amor e ódio, eu já disse, são faces da mesma moeda.
E tudo o que eu queria é que você sumisse da minha vida tão repentinamente quanto entrou - e parece que nos conhecemos há tão mais do que nos conhecemos...
Eu gostaria de sumir da minha vida - e te trancar para sempre nas minhas lembranças para não me esquecer de você.
Às vezes a única solução que eu vejo para mim é a morte. Eu mesmo não sei se nasci para viver muito tempo. Toda a minha angústia talvez seja apenas um sinal de que eu não nasci para durar. Angústia enorme por coisa nenhuma. Coca-cola num gole só.
E eu que queria viver...
Queria morrer...
Choro.
E rio. E choro. E morro. E vivo (morto)...
Tudo acontece ao mesmo tempo, num intervalo, numa canção.
Tudo sem filtro.
Eu querendo tudo, tanto, thais...
Silêncio.
Sem ar.
Silêncio.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Modus Operandi.

Você é bacharel em cometer todos os insultos
e as minhas vontades nunca vêm ao caso
pois eu te odeio por ter um filho que nunca quis
e suo pra manter sem me sobrar sequer um centavo

Sorrindo
vida sem rumo

Na geladeira um imã alegre me distrai o sono
e eu já passei noites longas te velando em claro
ninguém te cobra o preço caro de me afundar em juros
e a porta aberta me desperta a culpa e eu não saio
eu não saio

E o tempo passa
a gente aprende muito rápido a não se importar
o tempo passa
seus filhos crescem e você aprende a compartilhar
cada passo
a mulher gorda e descuidada que está ao seu lado
não é mais aquela que causou inveja em todo mundo um dia
e o tempo passa
a sua própria liberdade não te diz mais nada
e o tempo passa... o tempo passa
o tempo passa
a vida não passa de um hábito de acordar

(Beto Cupertino)

Pego de surpresa. Sem palavras. Obra-prima.

'A gente se acostuma.

Mas não devia.'

Wilco, Wilco, Wilco...

We've got solid-state technology
Tapes on the floor
Some songs we can't afford to play

When we came here today
All I wanted to say
Is how much I miss you

Alcohol and cotton balls
And some drugs
We can afford on the way

When we came here today
We all felt something true
Now I'm red-eyed and blue

(Red-Eyed and Blue)

É Alan...

http://www.youtube.com/watch?v=zggvY3HxTZM

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Música do dia...

...que eu gostaria de lhe indicar.

Porcelina of the Vast Oceans, Smashing Punkins (sim, eu realmente escrevi Smashing Punkins!).

Reinvento.

Quem inventou você fui eu, porém
Eu tenho que desinventar, pro bem
Preciso me livrar de tudo o que é você
Um espaço pra criar um outro alguém

Na pressa de suprir você, errei
Só me esbarrei em desamor, tentei
Preciso me soltar de tudo onde há você
Se vai passar alguém, eu já nem sei

E então esse tempo fez deslembrar
Vai ser um bom momento pra me filtrar

Voltei pra te ver, mas sem te inventar
Pra saber se vou chorar
Voltei pra te ver, mas sem te inventar
Ressaber se vai passar

(Sérgio Filho - Gram)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Para 'liquidificar' a alma em três etapas.

The New, Interpol.

Se Maomé não vai a montanha...

1. Durante o meu sonho uma menina diz que irá se despedir de mim com um beijo. Eu, inocentemente, imagino que o beijo será no rosto como é comum. No entanto ela me surpreendendo não apenas beijando meus lábios como me dando... beijos triplos! Segundo Freud - lá vem ele de novo - a censura sempre 'distorce' os sonhos. Beijos triplos... Ahhhhhhhhhhh!!!

2. Sem que eu sequer me desse ao trabalho de perguntar, o meu Tio solta as horas enquanto esperávamos pelo Henrique: sete horas e sete minutos. 'Que horas, Beto? Não é possível!'

3. Durante o jogo de boliche, olho para a pista ao lado e simplesmente não consigo acreditar: duas pessoas com a camisa do grêmio.

4. De repente percebo que o casal na pista ao lado está dando uns amassos. Os flashes ressurgem.

5. Ao término do jogo, o Jorjão, sem ser perguntado por ninguém - como que apenas para me provocar, sem sequer se dar conta de que me provocava - dispara: dez e dez.


Saldo do jogo: as minhas dores voltaram a me atacar. Acho que serei o primeiro caso - esdrúxulo, diga-se por acaso - de morte por 'amor'. Não consigo me desapaixonar de você. Eu tento, me esforço, reconheço a impossibilidade total de ter ver novamente e nada disso adianta. O desejo - de quem um dia eu separarei um tópico especial para comenta-lo - sempre vence. E pensar que até pouco tempo eu não tinha essa necessidade dentro de mim... As vezes eu me pergunto por que isso começou se foi para durar tão pouco. Não sei mais o que fazer. Preciso que o tempo me surpreenda o mais rápido possível.

Máximas...

'Se você não faz parte da solução, faz parte do problema.'

Problema 2 x 0 Solução.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Mais uma do inconseqüente inconsciente...

Vejo você deitada no sofá em minha frente no apartamento que morei em Santos. Engraçado como seu rosto me é tão nítido nesse momento que escrevo. No entanto, percebo que de alguma maneira há algum tipo de desconforto de você consigo mesma. Nesse instante eu me retiro da cena e vou até ao banheiro. Volto de lá com um objeto que lhe entrego na mesma hora - você não havia entendido o motivo da minha ausência. Quando você se deu conta do que era me olhou de uma maneira a princípio desdenhosa. Logo em seguida ficou tímida em frente ao espelho que lhe entreguei. Adoro quando você fica assim! Enquanto a pintura se forma eu, a ver a meninice (sim, meninice! salve o Bandeira com esse adjetivo tão preciso para lhe descrever) no seu rosto brincando em frente ao espelho apenas revelo o meu espanto:

- Só trouxe esse espelho para você poder enxergar o que me deixa tão fascinado.

Depois desse comentário, emendo outro:

- Adoro a suavidade das linhas do seu rosto.


Eu queria entender o que há de tão especial em você que me faz te achar tão linda e única tanto na 'realidade sensível' quanto nos sonhos.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Untitled.

It's way too late to be this locked inside ourselves
The trouble is that you're in love with someone else
It should be me.
It should be me

Your sacred parts, your getaways
You come along on summer days
Tenderly
Tastefully

And so may we make time
To try find somebody else
This place is mine

You said today, you know exactly how I feel
I had my doubts little girl
I'm in love with something real
It could be me, that's changing!

And so may, we make time
To try and find somebody else
Who has a line

Now seasoned with health
Two lovers walk a lakeside mile
Try pleasing with stealth, rodeo
See what stands long ending fast

Oh, how I love you in the evening
When we are sleeping
We are sleeping. Oh, we are sleeping

And so may, we make time
We try to find somebody else
Who has a line

(C'mere, Interpol)


Associação livre... Isso mesmo: associação livre...

Mais um sonho com você.

Não sei porque cargas d'água eu resolvi ligar para você em sua casa. Por sorte, foi justamente a senhorita quem atendeu. Lembro que havia tempos que eu não tinha notícias suas, tampouco a sua voz não passava de um esforço da minha imaginação. Apesar de tudo isso, foi exatamente você, menina, quem atendeu. Não nos falamos muito. Bem que se diga, houve apenas um assunto: você me disse ter decidido 'chutar o balde' (não me recordo se a expressão foi exatamente essa ou se foi uma expressão similar) e que iria ao show do Interpol no dia 8. Iria pegar um avião na véspera. No meio da conversa você sumiu por alguns segundos do telefone. Voltou. Eu queria marcar um jeito de te ver. Não cheguei a dizer nada a esse respeito. Nos despedimos. Lembro de ter sido uma despedida estranha e de você ter me mandado beijos.

Associação livre, certo?

Interpol - Antics - NARC - Thais.

Eu lembro direitinho de quão apreensivo fiquei quando escolhi um cd para lhe enviar de presente de aniversário atrasado. Fiquei com uma pequena dúvida entre o Antics e o Open Season, do British Sea Power. Como você tinha gostado da C'mere, que propositalmente eu havia lhe enviado uns dias antes, eu optei por um dos discos da minha vida. Ainda assim fiquei com um pouco de receio porque quando começamos a conversar você havia me dito que não gostava de Interpol. Mesmo assim apostei minhas fichas. O Antics é um disco praticamente perfeito: eu havia lhe alertado desde antes de lhe enviar o cd que havia uma faixa que eu não gostava, a Lenght of Love. O resto passaria fácil fácil por uma daquelas coletâneas de singles. Uma mais foda do que a outra. De qualquer modo, não foi da primeira audiçãp que achei isso. No início eu só achava em duas faixas: Evil (com aquela linha de baixo torturante) e a Take You On A Cruise (sem palavras)... Mas quando a ficha caiu... Meu Deus! E foi exatamente pela música que você mais gostou no cd que eu descobri a magia do Antics. Não conseguia parar de ouvir a NARC. Era só ela. Até que um dia as circunstâncias da minha vida me levaram a C'mere.

The trouble is that you're in love with someone else
It should be me.


E dai em diante o Antics virou disco da vida. Um dos discos mais classudos para se colocar no discman e ouvir com os fones grudados no ouvido. Foi quando você me fez mudou minha vida e refez a chama da NARC se reacender. Bastava ouvir a música para lembrar de você e ficar bobo, emocionado. Várias indas e vindas no trajeto do ônibus rumo a faculdade foram assim. Engraçado como as músicas tem tanto poder em minha vida. Elas sempre se associam a alguma lembrança na minha vida. E quando eu dei por mim, o Antics já era um dos discos que mais me lembravam você. Talvez seja de fato o que mais me lembre. A Ghost Is Born, Sumday, Ben Kweller, Source Tags And Codes e o Bloco do Eu Sozinho eu poderia afirmar que integram essa lista de discos 'Thaísticos' por assim dizer.

De repente me pego ouvindo a C'mere. Parece que as circunstâncias que me levaram a gostar tanto dela se repetiram. Que pena (embora seja uma excelente canção - mas as canções estão ai justamente para salvar as nossas vidas, não é mesmo?).

Interpol - Antics - NARC - C'mere - Thais
.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Para: mim...

Ah! Eu desço até Porto Alegre
Por uma romã.
Minha consciência pela promessa.
Vermelho infiel adocica os lábios.
Por um instante.
Ai, meu descontrole!
Esqueci-me da sua acidez!
Durou tão pouco a eternidade.

De: Ana

Meu coração...

...é um cesto de lixo - obsoleto, descartável.

domingo, 20 de janeiro de 2008

23:23

Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela,
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distração animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só
Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.

(Alberto Caeiro)


Dessa vez foi por pouco!
Mais um tiro na alma. Já falei: isso não se faz!

Eu simplesmente não consigo deixar de pensar um segundo sequer em nada diferente de você, Thais. Tudo o que eu mais precisava nesse momento era que um raio caísse sobre a minha cabeça. E de repente esse raio me acerta. E para meu espanto, longe de me trazer alívio, me traz você. E ai, por consequência, me leva a mim.

Até pouco antes de lhe conhecer não havia nada que me chamasse grande atenção no Alberto Caeiro. Não que ele fosse um heteronimo menor, mas ele simplesmente não fazia sentido em minha vida. De repente, aquelas poucas horas ao seu lado me fizeram perceber a importância de um verso tão definitivo - e nesse caso a palavra é realmente definitivo - quanto 'pensar é estar doente dos olhos'. Passei a minha vida inteira doente dos olhos, tirando esses poucos instantes em que estive vivo. E estou cá eu novamente morto, esperando a morte chegar. Porque morrer, assim como viver, não são puramente condições biológicas: são estados da alma. E a morte a qual eu aguardo é apenas a oficial, uma vez que eu já estou morto há muito tempo. Dá para contar nos dedos os poucos momentos da minha vida em que posso dizer: eu estive vivo! Pensar que amanhã será outro dia longe de me trazer alguma esperança, ao contrário disso, me traz mais e mais tédio e desânimo: a morte não chega... Pode parecer trágico, mas qual é a graça em tentar fazer de tudo para dormir o máximo possível durante um dia? Nesse ponto, se por um lado eu não faço uso de bebidas nem de drogas, o ato de dormir acaba sendo a minha fuga - ineficaz como qualquer fuga. Acordar simplesmente me lembra que eu existo. E nesse ponto, paradoxalmente, dormir acaba sendo 'ruim' pelo simples motivo que ele nos obriga necessariamente a, em algum momento, me fazer acordar. E acordado eu penso em você - o que também acaba sendo frequente quando eu sonho. E pensar em você me faz lembrar de mim. Sempre esse círculo vicioso. Não tenho como mentir para mim mesmo. Unloveable. Sempre erro quando me insiro. E isso dói. Se a dor ao menos anestesiasse... Mas na verdade ela tende a aumentar mais e mais.

De repente, olho para o relógio. Se eu estava em dúvida quanto ao título deste e-mail, a mesma dúvida cessou exatamente nesse instante. Vinte e três e vinte e três sem ponto. Não apenas pelo fato de ser um horário "Thaístico", por assim dizer, mas por 23:23 especificamente ser um horário um tanto quanto simbólico para mim. Lembro-me de que foi a primeira vez que você falou para mim a respeito do fato de que quando os ponteiros do relógio se tocam, alguém naquele momento está pensando em você. Fiquei com essa 'mania' sua de presente. E sem nem me esforçar, pimba: costumo ver os ponteiros do relógio sempre se tocarem. E isso me faz imediatamente pensar em você. E, por consequência me faz lembrar de mim e de como eu fui incapaz de te fazer se apaixonar por mim.

Na primeira sessão com a minha psicóloga - quem diria que um dia eu me renderia a fazer terapia não é mesmo? - ela me perguntou o que eu esperaria de um relacionamento ideal. Na hora me veio esse outro poema do Caeiro que, inclusive, eu já fiz questão de lhe mandar tão rápido quanto pude, num ímpeto, enquanto eu ainda achava que minhas palavras faziam algum sentido em sua vida. E eu devo dizer que esse poema continua me perturbando tanto quanto no dia que lhe enviei. Eu gostaria de aprender a me desapaixonar de você, Thais. Eu preciso que um raio caia sobre a minha cabeça imediatamente. Um raio de verdade. E rápido.

O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.

Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.

(Alberto Caeiro)

Unloveable.

I know I'm unloveable
You don't have to tell me
I don't have much in my life
But take it - it's yours
I don't have much in my life
But take it - it's yours

I know I'm unloveable
You don't have to tell me
Oh, message received
Loud and clear
Loud and clear
I don't have much in my life
But take it - it's yours

I know I'm unloveable
You don't have to tell me
For message received
Loud and clear
Loud and clear
Message received
I don't have much in my life
But take it - it's yours

I wear Black on the outside
'Cause Black is how I feel on the inside
I wear Black on the outside
'Cause Black is how I feel on the inside

And if I seem a little strange
Well, that's because I am
If I seem a little strange
That's because I am

But I know that you would like me
If only you could see me
If only you could meet me

I don't have much in my life
But take it - it's yours
I don't have much in my life
But take it - it's yours

(Morrissey)

sábado, 19 de janeiro de 2008

Saudade.

Pablo Neruda.

Nunca achei graça em nada dele do que até então eu havia lido. Nunca até um dia - na verdade 'o' dia - em que um grande amigo meu me 'surpreendeu' com uma bala no peito escrita por tal poeta. Um poema 'errado' em um dia 'errado'. Isso não se faz, meu caro amigo:

'É tão curto o amor/ Tão longo o esquecimento'.

E ler isso fez tanto sentido para mim. Pena que ainda o faça muito sentido.

Depois dessa 'bala' - não posso nem chamar isso de poesia -, recebi um poema da Thais, do mesmo Neruda, tenro, que me falava sobre um dos meus grandes fetiches - na verdade o meu grande fetiche -: os pés.

Hoje, durante uma partida de dominó, meu tio, ao ouvir Retrato em Branco e Preto, do Chico, me pergunta: você já leu aquele poema do Neruda chamado Saudade? Eu respondo que não.

Na primeira oportunidade que tive pedi para que meu mesmo tio me mostrasse tal poema. Tudo de novo novamente. Isso não se faz, meu caro Neruda:

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado
que ainda não passou,
é recusar um presente que
nos machuca,
é não ver o futuro
que nos convida...

Saudade é sentir que existe
o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
"aquela que nunca amou."
E esse é o maior dos sofrimentos:

Não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido...

Sim, Thais, a saudade insiste em bater.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Perfume.

Embora nesses últimos momentos eu tenha pensado muito no desejo que sinto por você, guardarei este assunto para uma outra ocasião. Perfume aqui não tem a ver explicitamente com 'odores' - embora também o tenha no contexto. Trata-se, na verdade, de mais uma daquelas músicas que me levam a você logo quando começam os primeiros acordes. Embora eu seja um fã assumido dos goianos do Violins, nunca dei muita atenção a fase em que a banda ainda carregava o 'And Old Books' no nome e adotava o inglês como língua em suas composições. Curiosamente - e ironicamente, eu diria, até pelo seu próprio fascínio por tal idioma - estou me dando conta de que essa talvez seja exatamente a fase da banda que mais tenha a ver com você. Se a violenta 'Camus' já sinalizava com essa minha suposição, 'Perfume' serve para confirmá-la. Uma música com pouco mais de 7 minutos que simplesmento voam e teimam em exalar você em cada acorde, em cada arranjo (o início da canção, bem como seu final tem um que de caixinha de música, tal qual você diz gostar) e, como não era de se espantar, em cada verso.

Em circunstâncias normais eu te enviaria um e-mail imediatamente e indicaria a audição dessa música o mais rápido possível. Mas como eu cheguei a conclusão de que de nada adiantaria fazer isso, resolvi simbolicamente fazer este comentário neste blog e postar a letra de tal canção.

Do you carry the sweetness of the world with you
Or is it just your smile that I´m looking at?
Do you carry the brightness of the world with you
Or is it just your eyes that I´m looking at?

My mind is purified
Come back child
I know that you can make everything shine
With just one touch of your hand

I spread perfume around the room
´cos you´re not here
Will you arrive soon?
I hope you arrive soon...

My heart is hypnotized
Turned back time
To see if you could make everything shine
With just one touch of your hand

Flying high as a hawk
Free as a doveout of control
you go
you go
you go...

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Congresso Internacional do Medo.


Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.

Cantaremos o medo, que estereliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

(Carlos Drummond de Andrade)

Eu gostaria de entender porque o medo sempre vence. Não adianta. Porque no fundo a impressão que eu tenho é a de que a Thais teve medo de ser feliz, por mais paradoxal que essa idéia possa vir a ser. Não há outra explicação mais 'satisfatória' do que essa.

Paris...
.
.
.
...Texas.

É sempre o velho choque entre o que a gente sonha e a realidade que se apresenta a nossa frente.

E de repente, toda a euforia dela se tornou frieza, quase como uma maneira de se proteger do que sequer veio a acontecer. Invariavelmente a gente acaba traçando um perfil mental das pessoas com as quais a gente se relaciona. E durante esses últimos meses em especial eu tentei ao máximo entender a mecânica da Thais. Não para manipula-la ou qualquer coisa do gênero, mas para tentar mostrar para ela quem se esconde por trás de sua mente. E eu ficava intrigado com aquela personalidade complexa dela. Durante as minhas pesquisas eu cheguei a conclusão de que ela tem medo de se entregar, de se expor, de viver. Prefere o controle de uma situação que a desagrada do que vivenciar uma experiência na qual ela não tenha controle, domínio da situação. Prefere o conformismo do 'certo' - ainda que este certo não a satisfaça plenamente - do que a possibilidade do duvidoso - mesmo que esse duvidoso possa ser certo e de alguma maneira seja capaz de ajuda-la a se soltar um pouco mais de dentro de si mesma.

Se a Thais tem medo do amor é porque ela no fundo tem medo de ficar vulnerável, de perder o jogo de forças, de ficar por baixo. Por isso ela prefere não confiar, não arriscar, não tentar. E não tentando simplesmente ela deixa de conseguir. Os momentos de felicidade escapam entre os dedos. A potência não se torna ato. É triste você olhar para algo que está sendo desperdiçado. E, como eu mesmo já disse a Thais, esta é a sensação que eu tenho quando eu penso nela.

Bem ou mal meu ceticismo acaba me fazendo ter uma visão da vida muito mais hedonista da vida. E eu fico pensando com meus botões 'ainda que invariavelmente a gente venha a sofrer em algumas circunstâncias, de que vale se viver uma vida se não for perseguindo o que a gente deseja, o que a gente sonha'? Sim, eu estou sofrendo porque infelizmente não fui capaz de plantar na Thais a semente que ela plantou em mim, mas de qualquer maneira eu lutei até o último momento, com todas as minhas forças para tentar estar novamente ao lado dela. Ainda que isso não seja tão reconfortante quanto devesse ser, eu tenho consciência de que fiz a minha parte e de que o AMOR (em maiúsculas) é um empreendimento coletivo e não individual.

Diante disso tudo, eu gostaria apenas da sinceridade da Thais em me dizer o que ela sente por mim de verdade, sem nenhum medo ou pudor. Eu queria a verdade, sem subterfúgios, sem duplicidades, sem falar o que eu gostaria de ouvir. E gostaria também de entender o porquê dela ter me feito acreditar e ter esperanças de algo que ela não acreditava que pudesse dar certo. Não digo isso com o intuito de querer brigar com ela ou qualquer coisa do tipo, mas eu gostaria que ela respeitasse o único pedido que eu fiz a ela desde que a 'nossa relação - que nunca começou de fato - começou': não brincar com meus sentimentos. Ela não entendeu que não precisa mentir para mim ou agir de ma-fé (na concepção sartreana do termo):

Segundo Sartre, a má-fé é uma defesa contra a angústia e o desalento, mas uma defesa equivocada. Pela má-fé renunciamos à nossa própria liberdade, fazendo escolhas que nos afastam do projeto fundamental, atribuindo conformadamente estas escolhas a fatores externos, ao destino, a Deus, aos astros, a um plano sobre humano.

Má-fé, no existencialismo, não é mentir para outras pessoas, mas mentir para si mesmo e permitir-se fugir de sua própria auto-determinação.

Quando Sartre refere-se à má-fé, ele o faz no sentido de que a mesma compreende mentir para si próprio. Porém, o fato de não utilizá-la leva o indivíduo à angústia uma vez que ele não mente mais para si, tendo consciência de que tudo aquilo que lhe ocorrera em vida é atribuído às suas escolhas, somadas evidentemente às suas limitações naturais, sociológicas, econômicas, históricas e culturais. Assim, não há como responsabilizar o destino ou qualquer providência divina pelos acontecimentos de sua vida. Diria Sartre: "Estamos sós e sem desculpas".

Ao abandonar a má-fé, o homem passa a viver em angústia, pois ele deixa de se enganar. Esta passagem do estado de má-fé para a o de angústia é extremamente importante para que o sujeito possa encontrar sua liberdade no âmbito metafísico.

Bem ou mal, Thais, se eu escrevo essas mal traçadas linhas é porque eu não me conformo em te perder, como você me acusou algumas vezes. Só que infelizmente eu não sou capaz de agir por você. Engraçado como você foi capaz de me fazer admitir que eu estava apaixonado por você e até hoje eu não consigo entender porque você resolveu pular do barco e me deixar navegando sozinho com um gravador ligado com a sua voz, dando a impressão que você ainda estava comigo. Nada do que eu disse a você, independente do que aconteça daqui para frente foi mentira. Eu não modifico nenhuma virgula do que eu lhe falei. Ainda te amo apesar dos pesares. E é isso que mais me machuca.

'Avisa que é de se entregar o viver'.

Um Amor Jovem.

'Pessoas que desistem do amor não são dignas de serem amadas'.

Será que para cada situação não há um limite? Porque o insucesso acaba, de alguma maneira abafando a sensação de que tentamos fazer de tudo para conseguirmos alcançar o tão desejado amor. Parece que sempre faltou o mais importante a ser feito, a ser dito, a ser demonstrado, esclarecido. Por isso jamais esqueço deste poema do Pessoa:

A Lua (dizem os ingleses)
É feita de queijo verde.
Por mais que pense mil vezes
Sempre uma idéia se perde.

E era essa, era, era essa,
Que haveria de salvar
Minha alma da dor da pressa
De... não sei se é desejar.

Sim, todos os meus reveses
São de estar sentir pensando...
A Lua (dizem os ingleses)
É azul de quando em quando.

Não por acaso eu tentei amar a Thais da maneira mais bonita que eu pude; tentei fazer por ela o que eu até então jamais havia feito por qualquer outra menina que eu conheci anteriormente; tentei fazer o meu melhor; tentei mostrar pra ela que amor tem a ver com desprendimento, com confiança, com reconhecimento, com poesia e beleza.

Por isso eu insisti em lhe enviar e-mails sempre que eu julgava necessário, sempre que me dava vontade. Porque eu queria apenas mostrar a Thais o quanto ela era uma pessoa especial para mim - e de fato ainda é -, o quanto era linda aos meus olhos (não apenas linda, mas digamos que 'a coisa mais linda do mundo', como na música do Wado - lembro até hoje da sensação de perplexidade que tive ao vê-la pessoalmente diante de mim pela primeira vez) e o quanto eu queria vê-la ganhar asas, criar coragem, sair da toca. Se eu que sou eu e sempre fui muito medroso e covarde, por ela, estava conseguindo me libertar de mim, por que ela, que sempre pareceu ser mais incisiva, não conseguiria?

R: Porque ela sequer se deu ao luxo de tentar. De repente, não mais que de repente a fonte secou e ela desistiu do que ela dizia tanto querer. Deixou o 'certo' vencer o 'duvidoso'.

Pulei sozinho. Perdi mais uma vez.

A Thais nunca irá entender o que eu senti esse tempo todo por ela pela simples razão dela não ser eu.

De tudo isso sobrou apenas a falta que ficou.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Filmes que eu gostaria de assistir ao seu lado (1)...

Num mesmo dia que vi uma notícia sobre o disco novo do Death Cab For Cutie - a ser lançado durante 2008 - acabei descobrindo que o Cidade dos Anjos, na verdade trata-se de uma refilmagem de um filme do Wim Wenders - mesmo diretor do 'Paris, Texas' do qual falarei em outra oportunidade - chamado Asas do Desejo. Apesar de saber que tal filme é rodado praticamente todo em preto e branco e cuja lingua é o alemão, a curiosidade falou mais alto e eu resolvi aluga-lo.

Abrindo um parênteses antes de prosseguir, quando eu lhe disse que iria tentar alugar alguns filmes para esquecer um pouco de você e de mim, mas que tal ação na verdade era inútil, o motivo é simples: eu sempre corro o risco de lhe (me, ou ambos) encontrar em algum personagem do filme. E com o Asas do Desejo não foi diferente.

Embora o esqueleto da história seja parecido com o do Cidade dos Anjos - que eu resolvi assistir unica e exclusivamente por conta de sua indicação, uma vez que é preciso ter estômago para assistir a filmes com o Nicolas Cage - os filmes divergem quanto ao foco: se no Cidade dos Anjos, até por conta de ser uma produção hollywoodiana, o amor ocupa o plano principal da película, no Asas do Desejo há uma preocupação maior com o conflito interior de diversos personagens comuns. E nesse ponto, o segundo filme é mais rico em poesia, em complexidade. Tal foi a minha surpresa quando eu me deparo com a 'personagem principal' do filme, a trapezista. Na mesma hora me deu aquela vontade de lhe enviar um e-mail e comentar sobre ela com você. Porque ela me lembrou muito a imagem que eu tenho de você, Thais.

A coisa precisa ficar séria. Estive muito sozinha, mas nunca vivi sozinha. Quando eu estava com alguém me sentia feliz, mas ao mesmo tempo tudo parecia coincidência. Aquelas pessoas eram meus pais, mas poderiam ter sido outras. Porque esse rapaz de olhos castanhos é meu irmão e não aquele de olhos verdes do outro lado da plataforma? A filha do taxista era minha amiga, mas eu poderia igualmente ter colocado o braço em torno do pescoço de um cavalo. Estive apaixonada por um homem. Eu poderia igualmente tê-lo abandonado e partido com um estranho que cruzou conosco na rua. Olhe para mim ou não. Me dê a sua mão ou não. Não, não me dê a sua mão, desvie o olhar. Hoje é noite de lua nova, noite muito tranqüila sem derramamento de sangue pela cidade. Nunca brinquei com ninguém. Apesar disso, nunca abri os olhos e disse: ‘agora é sério’. Finalmente é sério. Assim, fiquei mais velha. Era eu a única que não era séria? O tempo não tem nada de sério? Nunca fui solitária. Nem quando estive sozinha, nem acompanhada. Mas eu teria gostado de ser solitária. Solidão significa o seguinte: finalmente estou inteira. Agora posso afirmar isso, pois hoje me sinto solitária. As coincidências precisam ter um fim. Lua nova das decisões. Não sei se existe destino, mas existe decisão. Decida! Nós agora somos o tempo. Não apenas a cidade, mas o mundo todo tem parte na nossa decisão. Agora nós dois somos mais que dois. Encarnamos algo. Estamos na praça do povo e a praça está cheia de gente que deseja o mesmo que nós. Estamos decidindo o jogo de todas. Estou pronta. Agora é a sua vez. O jogo está em suas mãos. Agora ou nunca. Você precisa de mim. Você vai precisar de mim. Não existe história de amor maior que a nossa: a de um homem e uma mulher. Será uma história de gigantes. Invisível, contagiosa, uma história de novos ancestrais. Veja os meus olhos, eles são o retrato da necessidade do futuro de todos que estão na praça. Ontem a noite, sonhei com um estranho. Com o meu homem. Apenas com ele eu poderia ser solitária me abrir pra ele, totalmente. Recebe-lo em mim como um ser inteiro. Envolve-lo num labirinto de felicidade partilhada. Eu sei que ele é você.

Resumo da Ópera...

- Vai você primeiro.
- Não, vai você.
- Vamos os dois juntos então.
- Então tá.
- No três.
- Um, dois, três!
.
.
.
Por que ela não pulou também?!!!!!!!!!!!!!!
.
.
.
Plaft.
Por que eu sempre pulo sozinho?

Fotógrafa: Ana.

Despropósitos...

Todos os caminhos levam a Roma.

Esta frase acima pode parecer sem sentido, mas ela diz bastante dos motivos que me levaram a dar início a este blog. Sim, todos os caminhos levam a Roma.

Ontem me vi presente em uma coincidência um tanto improvável: alguns dos meus comentários e pensamentos estavam postados em um blog de uma grande amiga que eu sequer sabia que possuia um blog. O mais intrigante foi que cheguei a tal endereço por intermédio de um tio meu, que ao fazer uma busca no Google a procura da música Leif Erikson, do Interpol, sem querer se deu conta do absurdo de ter me encontrado através das menções dessa minha amiga.

Será que tudo está interconectado?

Diante desse quadro, desse acaso - ou talvez desse destino, para os que acreditam - não tive outra opção: começar este monólogo. Como uma terapia mesmo.

Bem, serei um pouco mais claro. Eu estou apaixonado. Por mais que eu tente me desvencilhar desse sentimento - e essa é a finalidade deste meu propósito que hoje começo - eu reconheço que estou apaixonado. No entanto, tenho total consciência de que tudo o que estava ao meu alcance ser feito eu fiz e de nada adiantou. Com o tempo vocês - se houver alguém do outro lado da tela - se darão conta que a história é um tanto mais complicada do que parece. De qualquer maneira, para tentar quebrar um pouco do vínculo que tenho com a menina por quem estou apaixonado eu decidi que não irei mais enviar e-mails a ela, pois ao que parece eles se mostraram totalmente ineficazes. Sendo assim, o meu objetivo com este blog é simples: para cada momento que eu tiver vontade de enviar um e-mail para ela eu farei uma postagem. Para cada dúvida, para cada inquietação, para cada lembrança, para cada desejo, para cada vontade, para cada suspiro, para cada lamúria, um post.

Até onde conseguirei levar este meu despropósito?