quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Outra música.

Menina bonita bordada de flor
Eu vi primeiro, eu vi primeiro
todo encanto dessa moça

Todo encanto dessa moça...

Vai ver essa só dizer
a ela assim
Moça, por favor
cuida bem de mim

(Menina Bordada, Marcelo Camelo)

domingo, 14 de setembro de 2008

Um buraco.

Um buraco dentro de um buraco dentro de um buraco dentro de um buraco dentro de um buraco...

Listas, curas, aiai, uiui, oioi, corpo, alma, música, literatura, ‘literatice’, cinema, sonhos, pés no chão, pesadelos, ciência, consciência, terapia, ioga, massagem, amizade, corrida, dor, alegria, poesia, culpa, grito, tapa, racionalismo, empirismo, existencialismo, comunismo, realismo, niilismo, coxismo, palavrão, problemas, soluções, soluços, solidão, tédio, truco, viagem, ‘viagens’, sol, chuva, labirinto, cidade, campo, cuidado, desprezo, indiferença, vigílias, sinceridade, falsidade, encruzilhadas, carta, e-mail, telefone, telepatia, sinais de fumaça, o bem, o mal, sal, glicose, overdose, líquidos, sólidos, gases, karmas, o eterno, o provisório, o instante, lágrimas, palavras, silêncios, deus(es/as), capeta, fantasmas, bruxas, portas, janelas, suicídios de todas as espécies possíveis e imagináveis, bombas, pedras, pregos, cola, tinta, madeira, cimento, todo mundo, ninguém, nada e até mesmo amor...

O buraco finge, dissimula, preenche, engana. Será que ele sabe o que significa ple-ni-tu-de? Faminto, draga tudo com a maior velocidade possível e pede mais e mais e mais e mais... Sempre insatisfeito só sabe querer, querer, querer e querer e, no entanto, não sabe o que quer. Não sabe o que quer, pode uma coisa dessas? Apenas pede por mais. E não fecha e aumenta e procria e procura e deseja e insiste e e e... e ai? Será que não tem jeito mesmo? Onde ele começa? Onde ele termina? Ele começa? Ele termina? O que existe entre? O que existe dentro? Pra onde foi tudo que eu joguei? Em que se transformou? Se transformou em alguma coisa? Por que, por que, por que, por que tantos porquês?

Um buraco dentro de um buraco dentro de um buraco dentro de um buraco dentro de um buraco...

sábado, 13 de setembro de 2008

Uma música.

Eu você e todos os encontros casuais
Os ais e os hão de ser
E todos os casais também
Olha, acho até que quem achou que nunca ia
Esse ia se espantar de ver que o ódio e o amor
E até eu vou pra ver no que vai dar
A massa a moça
E até esse pra sempre

Tudo passa

(Tudo Passa, Marcelo Camelo)

Mais uma ao telefone (2).

- Acho que o próximo passo é o desespero mesmo. Vou fazer uma camisa e escrever 'peloamordedeus, alguém por favor goste de mim'. Na frente e nas costas e perambular o dia todo pela cidade - e à noite também.
- (Um acesso incontrolável de risos).
- Não entendo porque você tá rindo. Isso é de chorar.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Desalojado.

Eu achei que fosse apenas brisa vinda do mar... Quando dei por mim o furacão já tinha passado, derrubado minhas estruturas, devastado tudo que sugerisse algum tipo de ordenamento. Sabe como é não ter para onde fugir? Isso mesmo... Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come. O beco. Contradição: o beco... Na pressa, cinco páginas como quem não sabe muito bem o que tem a dizer. Era apenas preciso tentar – e às vezes o tentar é tudo que se tem em mãos. Olhar a paisagem depois da passagem... É difícil entender o que foi feito para sentir. Turbilhão. Ai que saudade, viu...

Soneto.

Acordou em estado de encantamento. Noutra cidade, ainda mais ao norte, para onde fugira depois daquele beijo. Só que quase não conseguia mais olhar para fora. Como antigamente, como quando fazia parte da roda, como quando estava realmente vivo — mas se porra ainda não morri caralho, quase gritava. E talvez não fosse tarde demais, afinal, pois começou desesperadamente outra vez a ter essa coisa sôfrega: a esperança. Como se não bastasse, veio também o desejo. Desejo sangrento de bicho vivo pela carne de Outro bicho vivo também. Sossega, dizia insone, abusando de lexotans, duchas mornas, shiatsus. Esquece, renuncia, baby: esses quindins já não para o teu bico, meu pimpolho... Meio fingindo que não, pela primeira vez desde agosto olhou-se disfarçado no espelho do hail do hotel. As marcas tinham desaparecido. Um tanto magro, bíên-sure, considerou, mas pas grave, mon chér. Twiggy, afinal, Iggy Pop, Verushka (onde andaria?), Tony Perkins — não, Tony Perkins melhor não — enumerou, ele era meio sixties. Enfim, quem não soubesse jamais diria, você não acha, meu bem? Mas o outro sabia. E por dentro do encantamento, da esperança e do desejo, entremeado começou a ter pena do outro, mas isso não era justo, e tentou o ódio. Ódio experimental, claro, pois embora do bem, ele tinha Ogum de lança em riste na frente. Aos berros no chuveiro: se você sabe seu veado o que pretende afinal com tanta sedução? Sai de mim, me deixa em paz, você arruinou a minha vida. Começou a cantar uma velha canção de Nara Leão que sempre o fazia chorar, desta vez mais que sempre, por que desceste ao meu porão sombrio, por que me descobriste no abandono, por que não me deixaste adormecido? Mas faltava água na cidade de lá, e ensaboado e seco ele parou de cantar.

(Depois de Agosto, Caio Fernando Abreu)

Como ele consegue?

É com os pés que eu caio em contradição
Que eu saio sem contestação
Vendo sua mão roxa acenando tchau
Como um balão
Eu vaio a sua pose de santa
O seu controle sobre os homens
Tropeço num galho e caio podre no chão
É como te dar a mão

E me sinto então feliz demais
E espero outra vez
A minha vez

Com a cabeça pra fora da água
Com o céu girando sobre a minha cama
E tão feliz que ninguém mais te ama
Cobrando a pureza que nunca funciona

(Feliz Demais, Violins-Beto Cupertino)

domingo, 7 de setembro de 2008

Eu quis te convencer... Ahhhhh.

Eu quis te conhecer mas tenho que aceitar
Caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
Pode ser cruel a eternidade
Eu ando em frente por sentir vontade

Eu quis te convencer mas chega de insistir
Caberá ao nosso amor o que há de vir
Pode ser a eternidade má
Caminho em frente pra sentir saudade

Paper clips and crayons in my bed
Everybody thinks that i´m sad
I´ll take a ride in melodies and bees and birds
Will hear my words
Will be both us and you and them together
I can forget about myself, trying to be everybody else
I feel allright that we can go away
And please my day
I let you stay with me if you surrender


(Janta, Macelo Camelo)

sábado, 6 de setembro de 2008

Poemas do coração.

Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo
Teadoro, Teodora


(Neologismo, Manuel Bandeira)

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Baby, bye bye.

Você precisa saber da piscina, da
Margarina, da Carolina, da gasolina
Você precisa saber de mim
Baby, baby, eu sei que é assim
Baby, baby, eu sei que é assim
Você precisa tomar um sorvete
Na lanchonete, andar com gente
Me ver de perto.
Ouvir aquela canção do Roberto
Baby, baby, há quanto tempo
Baby, baby, há quanto tempo

Você precisa aprender inglês
Precisa aprender o que eu sei
E o que eu não sei mais
E o que eu não sei mais
Não sei, comigo vai tudo azul
Contigo vai tudo em paz
Vivemos na melhor cidade
Da América do Sul
Da América do Sul
Você precisa, você precisa
Não sei, leia na minha camisa
Baby, baby, I love you
Baby, baby, I love you

(Baby, Caetano Veloso)

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Mais uma ao telefone...

Causa mortis: Falência múltipla dos órgãos afetivos.

Não Identificado.

Eu vou fazer uma canção de amor
Para gravar um disco voador