segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Filmes que eu gostaria de assistir ao seu lado (1)...

Num mesmo dia que vi uma notícia sobre o disco novo do Death Cab For Cutie - a ser lançado durante 2008 - acabei descobrindo que o Cidade dos Anjos, na verdade trata-se de uma refilmagem de um filme do Wim Wenders - mesmo diretor do 'Paris, Texas' do qual falarei em outra oportunidade - chamado Asas do Desejo. Apesar de saber que tal filme é rodado praticamente todo em preto e branco e cuja lingua é o alemão, a curiosidade falou mais alto e eu resolvi aluga-lo.

Abrindo um parênteses antes de prosseguir, quando eu lhe disse que iria tentar alugar alguns filmes para esquecer um pouco de você e de mim, mas que tal ação na verdade era inútil, o motivo é simples: eu sempre corro o risco de lhe (me, ou ambos) encontrar em algum personagem do filme. E com o Asas do Desejo não foi diferente.

Embora o esqueleto da história seja parecido com o do Cidade dos Anjos - que eu resolvi assistir unica e exclusivamente por conta de sua indicação, uma vez que é preciso ter estômago para assistir a filmes com o Nicolas Cage - os filmes divergem quanto ao foco: se no Cidade dos Anjos, até por conta de ser uma produção hollywoodiana, o amor ocupa o plano principal da película, no Asas do Desejo há uma preocupação maior com o conflito interior de diversos personagens comuns. E nesse ponto, o segundo filme é mais rico em poesia, em complexidade. Tal foi a minha surpresa quando eu me deparo com a 'personagem principal' do filme, a trapezista. Na mesma hora me deu aquela vontade de lhe enviar um e-mail e comentar sobre ela com você. Porque ela me lembrou muito a imagem que eu tenho de você, Thais.

A coisa precisa ficar séria. Estive muito sozinha, mas nunca vivi sozinha. Quando eu estava com alguém me sentia feliz, mas ao mesmo tempo tudo parecia coincidência. Aquelas pessoas eram meus pais, mas poderiam ter sido outras. Porque esse rapaz de olhos castanhos é meu irmão e não aquele de olhos verdes do outro lado da plataforma? A filha do taxista era minha amiga, mas eu poderia igualmente ter colocado o braço em torno do pescoço de um cavalo. Estive apaixonada por um homem. Eu poderia igualmente tê-lo abandonado e partido com um estranho que cruzou conosco na rua. Olhe para mim ou não. Me dê a sua mão ou não. Não, não me dê a sua mão, desvie o olhar. Hoje é noite de lua nova, noite muito tranqüila sem derramamento de sangue pela cidade. Nunca brinquei com ninguém. Apesar disso, nunca abri os olhos e disse: ‘agora é sério’. Finalmente é sério. Assim, fiquei mais velha. Era eu a única que não era séria? O tempo não tem nada de sério? Nunca fui solitária. Nem quando estive sozinha, nem acompanhada. Mas eu teria gostado de ser solitária. Solidão significa o seguinte: finalmente estou inteira. Agora posso afirmar isso, pois hoje me sinto solitária. As coincidências precisam ter um fim. Lua nova das decisões. Não sei se existe destino, mas existe decisão. Decida! Nós agora somos o tempo. Não apenas a cidade, mas o mundo todo tem parte na nossa decisão. Agora nós dois somos mais que dois. Encarnamos algo. Estamos na praça do povo e a praça está cheia de gente que deseja o mesmo que nós. Estamos decidindo o jogo de todas. Estou pronta. Agora é a sua vez. O jogo está em suas mãos. Agora ou nunca. Você precisa de mim. Você vai precisar de mim. Não existe história de amor maior que a nossa: a de um homem e uma mulher. Será uma história de gigantes. Invisível, contagiosa, uma história de novos ancestrais. Veja os meus olhos, eles são o retrato da necessidade do futuro de todos que estão na praça. Ontem a noite, sonhei com um estranho. Com o meu homem. Apenas com ele eu poderia ser solitária me abrir pra ele, totalmente. Recebe-lo em mim como um ser inteiro. Envolve-lo num labirinto de felicidade partilhada. Eu sei que ele é você.

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