quarta-feira, 20 de maio de 2009

A Paixão Segundo H.H.

Prá onde vão os trens, meu pai?
Para Mahal Tami, Cam rí, espaços no mapa, e depois o pai ria:
também prá lugar algum meu filho, tu podes ir e ainda que se
mova o trem tu não te moves de ti.

(Tu não te moves de ti, Hilda Hilst)


Mas pensa, se você é o bicho medonho, você só tem que esperar meninhos na margem dos teu rio e devorá-los, se você é o crisântemo polpudo, você só pode esperar ser colhido, se você é o menininho, você tem que ir sempre à procura do crisântemo e correr o risco. De ser devorado.

(Fluxo, Hilda Hilst)


e eu choro, Hermínia, choro de velho que estou ou que me sinto, choro porque não sei a que vim, porque fiquei enchendo de palavras tantas folhas de papel... para dizer o quê, afinal? do meu medo, um meod semelhante ao medo dos animais esocrraçados, e pânico e solidãi, e tantas mesas tantos livros tantos objetos... esculturas, cerâmicas, caixas de prata... aliso-me, e minha pele está cheia de manchas meio amarelas.

(Estar Sendo. Ter Sido, Hilda Hilst)

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