quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Um deserto de almas.

Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra — talvez por isso, quem sabe? Mas nenhum se perguntou.

(...)

Não chegaram a usar palavras como "especial", "diferente" ou qualquer coisa assim. Apesar de, sem efusões, terem se reconhecido no primeiro segundo do primeiro minuto. Acontece porém que não tinham preparo algum para dar nome às emoções, nem mesmo para tentar entendê-las.

(...)

De muitas coisas falaram aqueles dois nessa manhã, menos da falta que sequer sabiam claramente ter sentido.

(...)

Quase todos ali dentro tinham a nítida sensação de que seriam infelizes para sempre. E foram.

(Aqueles Dois, Caio Fernando Abreu)

4 comentários:

Anônimo disse...

acho que não tem que dar nome pras coisas. a não ser que o sentido seja próprio daquela pessoa. sem generalizações.
saudadinha!

Ana disse...

eita, só no caião hein.rsrsr

Ana disse...

e o filho da puta era jornalista, quem diria!

Ana disse...

olha essa parte da biografia dele que achei por aí, que coisa mais doce:
"Ao saber-se portador do vírus da AIDS, em setembro de 1994, Caio Fernando Abreu retorna a Porto Alegre, onde volta a viver com seus pais. Põe-se a cuidar de roseiras, encontrando um sentido mais delicado para a vida."


"Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo."
heheheheh