quinta-feira, 24 de julho de 2008

Ao mestre, com carinho.

Elogiar não é lá das tarefas mais fáceis, ainda mais quando antes se foi contemplado com um gesto de carinho: periga-se sempre cair numa daquelas situações com 'gostinho de sorriso amarelo'. Não é o que acontece nesse espaço, até porque preferi, antes de qualquer palavra, o peso dos gestos. Trata-se portanto não de um reconhecimento em si, mas, digamos, de uma confirmação deste reconhecimento que começou com o compartilhamento: aos amigos mais próximos, explicando em sigilo o contexto, eu lhes oferecia palavras que me traziam a salvação – porque esta é sempre um ato muito mais simples do que se costuma esperar dela. Sim, porque a grande importância das palavras é justamente de se encontrar, de fazer não se perceber só. E naquele espaço - na verdade ‘naqueles espaços’, considerando que nosso contato foi um prolongamento de um reconhecimento anterior – havia muito mais do que simples palavras e textos formatados: por trás de tudo havia uma pessoa. Não apenas uma pessoa, eu diria, mas na verdade uma grande pessoa que, olhe a ironia, buscando o exercício da salvação sem se dar conta salvava àqueles que sequer tinha conhecimento de que existiam. Portanto sua maestria consistia - e ainda consiste - não em estar acima, mas ao lado. Dramas cotidianos, palavras certeiras, humor, sarcasmo, amor. Um daqueles espaços em que mais primordial do que passar a acompanhar é voltar nos arquivos e entender – porque com isso é quase como, de fora, conseguir se entender também. Não por acaso quis ter algum acesso ao homem por trás dos indícios e, para minha grata surpresa, percebi que eu não havia me enganado: uma pessoa extremamente fascinante. Depois de distintas encarnações e alterações nos seus propósitos, a complexidade aumentou ainda mais quando tive acesso a outras de suas facetas. Diria eu daqui que é provavelmente um dos últimos românticos do jornalismo, tal a consciência da profissão que carrega em si mesmo para além de qualquer corporativismo barato. Não bastasse isso tudo, volto ao começo real: um resenhista de mão cheia, como poucos que li até hoje, que se não for pedir bastante, poderia voltar a nos agraciar com uma ou outra crítica daquelas de encher os olhos, imaginar e querer correr atrás.

Se este espaço hoje existe, se eu nos momentos difíceis encontrei algum alento para seguir, podem ter certeza de que isso se deve a existência de http://eueopop.wordpress.com/ e mais do que isso: se deve a existência do meu ‘queridão lá de São Paulo’ – como o costumo chamar 'nos corredores', entre amigos – José Franco Jr., a quem agradeço a atenção e o carinho de sempre. Mais uma vez, agora publicamente, o meu muito obrigado!

Nenhum comentário: