terça-feira, 21 de abril de 2009

Aquecimento.

Aqui estou eu parado no cruzamento da Brigadeiro Luiz Antônio com a Av. Paulista pensando, simplesmente pensando. Comprei um refrigerante, tomei um gole e continuei a pensar. Neste tempo que eu parei aqui tantas pessoas passaram por mim. Empresários, boys e até mesmo um Zé Doidim que eu mesmo reconheci. Pessoas com mundos totalmente diferentes mas que naquele momento se cruzaram.

Interessante, né? Todos os dias em vários lugares milhares de pessoas se cruzam mas não se falam, pois não se conhecem e nem ao menos se importam com isso.

Eu vejo ali na frente um mendigo barbado. Ele simplesmente para... e grita! Um grito de liberdade para a multidão, pois ele não agüenta mais viver sozinho na escuridão.

Eu vejo as pessoas que passam por mim, que falam, que ralam, que gritam em harmonia e solidão. Dói no coração ver meu povo silencioso!

Penso naquele momento e naquele cruzamento: tanta solidão em movimento. Olho para o mendigo e seu lamento e ainda ouço o eco do seu grito. Ando, paro e respiro e fico comigo confabulando: será que serão apenas corpos vazios ou será um engano? Não, engano não. Eu sinto no ar o silêncio da multidão!

(Silêncio na Multidão, Cidadão Instigado)

***

Sim meninos o pinto de peitos tem o bico preto e seu pio é escuro.

Certas coisas acontecem na vida não para assustar, mas sim para mudar o entendimento sobre as coisas absolutas. Quem pode explicar a razão do pinto de peitos ter nascido com o bico preto?

Talvez Deus tivesse um motivo ao perpetuar esse ato. Por mais que pensem ser um defeito, um defeito de Deus é sempre perfeito.

Então desaba o conceito da censura que diz que todo bico é amarelo queimado.

(O Pinto de Peitos, Cidadão Instigado)

***

Eu não sei o que falar sobre as estrelas que povoam este meu céu. Que brilham, que brilham, que brilham, mas não dizem nada. A noite mal começou e eu me sinto tão louco. Me dá um tempo. Eu vou ali no balcão e volto logo.

Voltei!

Decidi olhar de novo para as estrelas. Quem sabe dessa vez, depois de uma dose, eu possa conseguir enxerga-las melhor? Mas no fundo tudo não passa de uma fuga.

Blá, blá, blá...

É... É complicado procurar alguma coisa onde não existe nada. E se você prestar bem atenção vai concordar comigo. Hoje eu estou opaco e seres opacos precisam de qualquer coisa para se iludir.

Lá vêm três amigos meus.

Massa!

Vou dividir um pouco da minha loucura com alguém.

Falei, falei, falei e eles também falaram. Descobri: eu não precisava ouvir nada das estrelas. Eu só queria conversar com alguém.

Blá, blá, blá...

Pois é isto... Esta foi mais uma noite daquelas que a gente passa de bobeira tentando aliviar a dor do coração e grita por um socorro, mas ninguém consegue lhe ouvir.

Tem um cara estatelado ali no chão. Deve estar pior do que eu.

Falou galega. Vou pra casa!

(Noite Daquelas, Cidadão Instigado)

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