terça-feira, 21 de agosto de 2012

"Surrealismo".

Tá pra ser escrito um livro mais presunçoso que "O Jogo da Amarelinha", do Julio Cortázar - ou, quando a enrolação pós moderna ganha um gênero narrativo definitivo: "surrealismo". Ah, minha santa paciência...

7 comentários:

Desiree disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Desiree disse...

Uai, Guilherme,

ainda tá em tempo de te devolver o meu?

Abração!

Where I'm Anymore disse...

Hahahaha. Assim, Desireê, acho que você deve tentar ler o livro alguma vez. Eu desconfiaria que você, pelo que te conheço, teria opinião semelhante a minha. De qualquer modo, tô na página 163. Tô tentando prosseguir com a leitura, embora admita que esteja um tanto quanto difícil.

Desiree disse...

Porra, Guilherme, e ainda tem a outra ordem de leitura, né? Quando acabar o Bonsai, quero encarar O Náufrago e, mais tarde, o Kafka. Ensaios do Camus me deram muita vontade de lê-los.

Where I'm Anymore disse...

Tô te devendo uma resposta, Desireê! Vamo que vamo.

Ainda sobre a Amarelinha, tô desafiando a minha paciência - já tô na página 210. Só que tem um baita engodo ai: a maior propaganda do disco é essa coisa de poder ler de diferentes formas. E isso é completamente FALSO. Não existem duas ordens de leitura. A coisa é totalmente linear. Na verdade o que acontece é que você pode ler uma versão condensada, apenas com a historinha central, ou uma recheada - com capítulos prescindíveis. Mas não existe alteração na ordem da versão condensada. Dito de outra forma, se na condensada você lê do capitulo 1 ao 59, na recheada ele vai inchertando alguns textos nadavê entre essa ordem pre-estabelecida da versão base. Algo como: 1-72-2-128-3... Então, essa propaganda é falsa. Mas o que me incomoda nem é isso, exatamente. Como falei, o livro é presunçoso e, além disso, inverossímil. Tem alguns clichês que me irritam profundamente - não quer dizer que clichês sejam necessariamente ruins, ainda que a teoria literária costume achar isso ruim, mas o que os Cortázar usa nesse livro dá uma preguiça tremenda. Os personagens centrais são tipos bem definidos - contra inclusive o que preza o próprio cortazar em algumas observações nos capítulos prescindíveis - e irritantes. Tem a Maga, que é a 'sensitiva estúpida'. É a mulher que 'pensa com o coração', que não obedece a uma lógica racional, que é intuitiva - e pior: por assim ser é 'a verdadeira sábia', embora seja uma anta; o Horácio, que é o protagonista mor, é o 'intelectual do absurdo': acha que TUDO é absurdo; e quando eu digo TUDO, é aquela preguiça de pensar, a la primeiras aulas de filosofia, que é um absurdo a existência de hábitos, do sol nascer todos os dias, etc, etc, etc. As melhores passagens são as dele, ainda que sejam escassas demais. E tem um terceiro clichê idiota que é a glorificação de uma vida heróica, marginal: bebedeira, glorificaçao das artes, clubes de intelectuais que não falam nada com nada... Não aguento isso. A menos que seja uma tremenda ironia do autor pra mostrar lo vazio da geração que se acha cheia, isso me soa como uma tremenda chatice - mas mesmo isso é literariamente muito chato. Muito. Tem umas passagens, Desireê, que parece que o camarada psicografou, que não tem coerência nenhuma. Sabe quando o cara acha que e é artista e escreve qualquer coisa que venha a cabeça dele? Enfim. Muita presunção. Quando eu falo que não é verossímil para mim, é porque simplesmente eu não consigo me pegar nessa situação. E livros que costumam funcionar a meu ver são aqueles em que eu me vejo como potencial protagonista.

E nesse sentido, Desireê, o Evandro me fisgou. Fato. E vou além: vai fundo no Náufrago. Esse sim é absurdo. Incrível. E você mata ele muito rápido. O Kafka eu tentei o Processo e achei enfadonho.

Vamo que vamo, Desireê. Fica registrado o desabafo aqui!

Besos!

Desiree disse...

hahahahahaha

Que coisa feia, hein, Julio? Vou encarar o Náufrago, sim, tão logo termine os frilas e o Bonsai. Depois do Bernhard, quero ler o Mishima. Ouvi o Galera falar muito bem dele. E o Wasser, recomenda?

Abração,

PS: topa encontrar quando eu terminar essas matérias?

Where I'm Anymore disse...

Com certeza topo de encontrar, Desireê!

Pois bem.

1) Wasser é enganação. Apesar dos dois posts que eu fiz, o livro é chatinho chatinho. Não evolui por nada. Mas esse deu pra ir até o final, pois só tinha umas 150 pgs.

2) Por falar em Galera, bateu uma vontade de tentar o 'Cordilheira'. Eu tenho aqui o Mãos de Cavalo, mas nunca conseguiu me fazer empolgar. Parei duas vezes.

3) Aliás, eu tenho um pobrema grave: são raros os autores que eu consigo empolgar com mais de uma obra. Adorei o Cão, do Galera, mas o 'Cavalo', emperrou; amei o 'Servidão Humana', do Maugham, mas o Fio da Navalha não vingou. Quebrando essa regra, cito os dois nomes que mencionei no post anterior: do Evandro eu li 3, sendo que um deles já naquela linguagem doida - e tenho mais dois aqui pra embarcar; do Bernhard li 2, sendo que o Extinção tem umas 500 páginas. Por isso eu te falo: aposto que você vai amar o Náufrago.

4) Cortázar = Piada. De mau gosto, a dizer.

5) Não mencionei, mas li um livro do Bukowski - Misto Quente - que tava em dívida com a Natália há tempos. Estilo mui palatável (bem escrito), valores muito simplórios (tédio + vazio = cachaça + porrada).