sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Entre o Céu e o Inferno.

É o lugar que achei entre o céu e o inferno

Pra quem ficou perdido entre o bem e o mal
Pra quem mentiu e também foi sincero
Pra quem brilhou e depois morreu sem sal
Pra quem brincou e também foi austero

E eu posso inventar a missa
Louvar o acaso e o absurdo
Em noites que te chamei sem ouvir resposta
Se todo mundo te cobra sempre um futuro
A lama e a glória são a mesma bosta

É pra você que eu vivo, Deus do Claro e Escuro
Com um coração de rua
Com as mãos imundas
Mas sou teu
Sem culpa

Circulando como ácido num cano aberto e frágil
Das veias que te enforcam num golpe tão discreto
É o meu glorioso grito pra encenar um plágio
Como se eu fosse um gênio
Como se isso fosse fácil

É o lugar que achei entre o céu e o inferno

Pra quem chorou caído e quem venceu cansado
Pra quem pariu um filho ou quem se fez sozinho
Pra quem pensou no outro e quem roubou o Estado
Pra quem bateu na cara e depois deu carinho

E eu posso celebrar a missa
Num canto sujo desse mundo
Em dias que te chamei sem ouvir resposta
Se todo mundo te cobra sempre uma postura
Os homens e os deuses são a mesma aposta

(Beto Cupertino)


***

Depois de uma noite de insônia, completa insignificância e auto-comiseração;
Depois de um dos piores dias da minha vida;
Depois de tentar ler mais um pouquinho do Lobo da Estepe e ter derramado uma quantidade de lágrimas suficiente para molhar uma flor ao me encontrar em toda a deformação do Harry Haller;

Mais uma vez obrigado Beto Cupertino. É só isso que eu tenho a dizer.
É por essas e outras que ainda vale a pena existir.

2 comentários:

.ana. disse...

Já li o Encontro Marcado...Adoro o Fernado Sabino.

.ana. disse...

Não li o Lobo da Estepe.