domingo, 17 de fevereiro de 2008

O que você espera de uma música?

Eu sonho em envelhecer com você dentro de um cemitério
Em que mortos e vivos confundem-se dançando ao som histérico
Dos fogos num céu vermelho, submersos no que era gelo


O que você espera de uma música, hein?

Daqui a pouco vão pensar que quem está escrevendo é a Mãe - lésbica - do Beto Cupertino de tanto que eu rasgo elogios ao 'pinta'. Mas como ficar indiferente diante de versos como os que estão presentes em 'Festa Universal da Queda'? O que eu posso fazer se ele fala não apenas o que eu gostaria de escutar, mas o que eu precisava ouvir num determinado momento da minha vida?

Sim, essa música letra me lembra a Thais. E a Thais, até o presente momento, é a razão que justifica a existência deste espaço. E as patadas do Beto ressoam com toda a força na minha 'alma':

O apelo de um timbre rouco ninguém se atentou e ouviu
Nos fomos um projeto torto que não deu certo e ruiu

No atropelo de um simples jogo, ninguém acertou quem é Deus
Nos fomos um teste de fogo que mal soube ter o que é seu

É hora de dormir, cada um cuide de si
É hora de dormir, cada um cuide de si, cada um cuide de si


Será mesmo que é hora de dormir? Será que o importante é nos fecharmos dentro de nós mesmos? Parecem perguntas de uma pessoa que não se cansou de apanhar ainda, de um jovem idealista, de um coração Quixotesco. É um paradoxo, porque ao mesmo tempo que minha esperança gota a gota vai se esvaindo - eu disse ao mesmo tempo e é importante frisar isso - ela inecessantemente (talvez misteriosamente seria a palavra mais adequada) insiste em ressurgir novamente. A dor fica e passa. Talvez seja por conta do meu Complexo de Hugo, de ver tudo como efêmero, inútil - ou seria Complexo de Campos, Ana? Até as dores, partindo desse prisma, soam inúteis, por mais que elas sejam reais e me machuquem.

A verdade é que cada dia entendo menos o que sinto pela Thais. Aliás, esse fato a mim soa engraçado, porque foi ela mesma quem disse que não sabe definir o que sente pelas pessoas. E verdade seja dita, eu sei tanto quanto ela (ou melhor, tão pouco quanto). Só que ainda que eu não entenda, eu sinto. E eu simpatizo - muito - com aquela figura tão disforme (sim, disforme e por isso tão atraente, afinal, o que me seduz é sempre o enigma, o inexplicável). Talvez seja justamente a essa simpatia inexplicável, irrevogável e as vezes cega o que constumamos atribuir o nome de Amor. E se eu estiver certo nessa suposição, sinto muito, mas ainda estou apaixonado por esta figurinha.

Eu nunca consegui sentir saudade das coisas bonitas que eu fiz com liberdade.
(Qual a Criança, Violins)


E você, o que espera de uma música?
Eu espero que ela me faça sentir vivo.

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