Caiu uma folha e duas e três. Pela lua nadava um peixe. A água dorme uma hora e o mar branco dorme cem. A dama estava morta no ramo. A monja cantava dentro da toronja. A menina ia pelo pinheiro à pinha. E o pinheiro buscava a peninha do trinado. Mas o rouxinol chorava suas feridas em redor. E eu também porque caiu uma folha e duas e três. E uma cabeça de cristal e um violino de papel e a neve apodrecia com o mundo uma a uma duas a duas e três a três. Oh! duros marfins de carnes invisíveis! Oh! golfo sem formigas do amanhecer! Com o nume das ramas, com o ai das damas, com o coacho das rãs e o geo amarelo do mel. Chegará um torso de sombra coroado de louros. Será o céu para o vento duro como uma parede e as ramas desgalhadas irão bailando com ele. Uma a uma ao redor da lua, duas a duas ao redor do sol, e três a três para que os marfins durmam bem.
2 comentários:
Caiu uma folha
e duas
e três.
Pela lua nadava um peixe.
A água dorme uma hora
e o mar branco dorme cem.
A dama
estava morta no ramo.
A monja
cantava dentro da toronja.
A menina
ia pelo pinheiro à pinha.
E o pinheiro
buscava a peninha do trinado.
Mas o rouxinol
chorava suas feridas em redor.
E eu também
porque caiu uma folha
e duas
e três.
E uma cabeça de cristal
e um violino de papel
e a neve apodrecia com o mundo
uma a uma
duas a duas
e três a três.
Oh! duros marfins de carnes invisíveis!
Oh! golfo sem formigas do amanhecer!
Com o nume das ramas,
com o ai das damas,
com o coacho das rãs
e o geo amarelo do mel.
Chegará um torso de sombra
coroado de louros.
Será o céu para o vento
duro como uma parede
e as ramas desgalhadas
irão bailando com ele.
Uma a uma
ao redor da lua,
duas a duas
ao redor do sol,
e três a três
para que os marfins durmam bem.
F.G.Lorca
in Romanceiro Gitano
página 161
abs!
me emocionei aqui!
acho que ganhei mais um mito pra analisar.
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