Um de meus amigos e colega, Victor Malène, disse-me um dia, e acredito que estava falando sério, que a única coisa que faltou para Deus foi um produtor. Ou seja, alguém que lhe dissesse: 'Fique tranquilo, você pode criar o mundo em quinze dias se quiser, até mesmo um ano. O que você criou até agora foi um rascunho, tem boas idéias, mas você há de convir comigo que há um excesso de regiões desérticas, e esses vulcões, tudo bem, é bonito, mas já pensou nas consequências? E eu lhe peço, Deus, faça uma revisão na cópia do seu homem, porque certas coisas realmente não vão dar certo'. Acredito que, se Deus tivesse tido um produtor, o mundo não seria assim, tão a ferro e fogo. Não haveria tanta dor e tanta miséria.
***
No amor e no trabalho, acreditamos estar no reino das novidades, quando, na verdade, seja na cama seja no escritório, somos apenas épocas que se sucedem umas às outras.
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Não se deve confiar nas pessoas que têm medo da solidão, pois elas, na verdade, nunca estão realmente sós. Usam de vários expedientes para preencher com homens, mulheres ou álcool o vazio de sua imaginação. Ignoram que, na verdade, a solidão não pode ser preenchida. Ela não tem fundo. De nada serve fugir dela. A solidão é uma amante que precisa que lhe sejamos infiéis.
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Não nos libertamos daquilo que é suave: uma vez envolvidos, é tarde demais para se opor.
***
- Ela foi embora.
- Claro - disse a Dra. Ansermet cruzando os braços sobre o ventre - Martial me contou. Você esperava outra coisa?
- Talvez.
- Ela já está curada, Elias. Não precisa mais de você.
- Clarisse não é assim - murmurou Elias, indignado.
- Clarisse não tem nada a ver com isso. Você salvou a vida dela. Durante seis anos você foi, mais do que enfermeiro, o próprio remédio dela. Agora que se curou, você não serve para mais nada. Acho totalmente compreensível que ela tenha ido embora.
- (...)
- Você está bebendo demais. Agora que Clarisse parou, alguém tem de conduzir a tocha. Sempre achei que há uma espécie de transferência de doenças. Quando alguém se cura, outra pessoa adoece. Há um equilíbrio.
- É uma idéia original e ela deve fazer o seu sofrimento ficar mais interessante.
(A gente se acostuma com o fim do mundo, Martin Page)
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No amor e no trabalho, acreditamos estar no reino das novidades, quando, na verdade, seja na cama seja no escritório, somos apenas épocas que se sucedem umas às outras.
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Não se deve confiar nas pessoas que têm medo da solidão, pois elas, na verdade, nunca estão realmente sós. Usam de vários expedientes para preencher com homens, mulheres ou álcool o vazio de sua imaginação. Ignoram que, na verdade, a solidão não pode ser preenchida. Ela não tem fundo. De nada serve fugir dela. A solidão é uma amante que precisa que lhe sejamos infiéis.
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Não nos libertamos daquilo que é suave: uma vez envolvidos, é tarde demais para se opor.
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- Ela foi embora.
- Claro - disse a Dra. Ansermet cruzando os braços sobre o ventre - Martial me contou. Você esperava outra coisa?
- Talvez.
- Ela já está curada, Elias. Não precisa mais de você.
- Clarisse não é assim - murmurou Elias, indignado.
- Clarisse não tem nada a ver com isso. Você salvou a vida dela. Durante seis anos você foi, mais do que enfermeiro, o próprio remédio dela. Agora que se curou, você não serve para mais nada. Acho totalmente compreensível que ela tenha ido embora.
- (...)
- Você está bebendo demais. Agora que Clarisse parou, alguém tem de conduzir a tocha. Sempre achei que há uma espécie de transferência de doenças. Quando alguém se cura, outra pessoa adoece. Há um equilíbrio.
- É uma idéia original e ela deve fazer o seu sofrimento ficar mais interessante.
(A gente se acostuma com o fim do mundo, Martin Page)
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