Embarcamos rumo a terras distantes, ou buscamos o conhecimento de homens, ou questionamos a natureza, ou buscamos a Deus; depois notamos que o fantasma perseguido éramos Nós mesmos.
(Ernesto Sábato)
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Anônimo
disse...
O homem não é senão um navio pesado, um pássaro pesado, sobre o abismo. (...) ... o mundo está povoado de objetos. Nas suas margens, a sua multidão infinita, a sua coleção aparece-nos, é certo, sobretudo indistinta e fluida. Contudo isso basta para nos tranquilizar. Porque, também por experiência o sabemos, cada um deles, à nossa vontade, um de cada vez, pode tornar-se o nosso ponto de ancoragem, o marco em que nos apoiarmos. Basta..... que ele pese. Mais do que para o nosso olhar, é então COISA para a nossa mão, -- que ela saiba prosseguir a manobra. Basta, digo, que ele PESE. A maior parte não PESA. O homem, o mais das vezes, não abraça senão as duas emanações, os seus FANTASMAS. Esses são os objetos subjetivos. Não faz mais do que VALSAR com eles, cantando todos a MESMA CANÇÃO; depois levanta vôo com eles ou abisma-se.
Precisamos escolher objetos verdadeiros, objetando indefinidamente aos nossos desejos. Objetos que voltemos a escolher DIA APÓS DIA,e não como o nosso cenário, a nossa moldura; antes como os nossos espectadores, os nossos JUÍZES; para não sermos, é certo, nem os seus dançarinos, nem os seus palhaços. Enfim, o nosso secreto conselho. E assim compormos o nosso templo doméstico: Cada um de nós, enquanto somos sonhece bem, suponho, a sua Beleza. Ela fica ao centro, jamais atingida. Tudo em ordem à sua volta. Ela, intacta. FONTE DO NOSSO PÁTIO.
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O homem não é senão um navio pesado, um pássaro pesado, sobre o abismo.
(...)
... o mundo está povoado de objetos. Nas suas margens, a sua multidão infinita, a sua coleção aparece-nos, é certo, sobretudo indistinta e fluida.
Contudo isso basta para nos tranquilizar. Porque, também por experiência o sabemos, cada um deles, à nossa vontade, um de cada vez, pode tornar-se o nosso ponto de ancoragem, o marco em que nos apoiarmos.
Basta..... que ele pese.
Mais do que para o nosso olhar, é então COISA para a nossa mão, -- que ela saiba prosseguir a manobra.
Basta, digo, que ele PESE.
A maior parte não PESA.
O homem, o mais das vezes, não abraça senão as duas emanações, os seus FANTASMAS. Esses são os objetos subjetivos.
Não faz mais do que VALSAR com eles, cantando todos a MESMA CANÇÃO; depois levanta vôo com eles ou abisma-se.
Precisamos escolher objetos verdadeiros, objetando indefinidamente aos nossos desejos. Objetos que voltemos a escolher DIA APÓS DIA,e não como o nosso cenário, a nossa moldura; antes como os nossos espectadores, os nossos JUÍZES; para não sermos, é certo, nem os seus dançarinos, nem os seus palhaços.
Enfim, o nosso secreto conselho.
E assim compormos o nosso templo doméstico:
Cada um de nós, enquanto somos sonhece bem, suponho, a sua Beleza.
Ela fica ao centro, jamais atingida.
Tudo em ordem à sua volta.
Ela, intacta.
FONTE DO NOSSO PÁTIO.
escrito em fevereiro de 1962
por Francis Ponge
in Francis Ponge, Alguns Poemas
página 161
abs
'as suas emanações, os seus FANTASMAS'
'cada um de nós enquanto somos Conhece bem a sua Beleza'
-- as coincidências geralmente podem ajudar a esclarecer alguma COISA. A pressa quase sempre atrapalha.
inté
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