sábado, 17 de maio de 2008

Trechinho qualquer.

Tinha terminado, então. Porque a gente, alguma coisa dentro da gente, sempre sabe exatamente quando termina - ela repetiu olhando-se bem nos olhos em frente ao espelho. Ou quando começa: certos sustos na boca do estômago. Como carrinho de montanha-russa, naquele momento lá no alto, justo antes de despencar em direção. Em direção a quê? Depois de subidas e descidas, em direção àquele insuportável ponto seco de agora.

(Os Sapatinhos Vermelhos, Caio Fernando Abreu).

***

Velhas lembranças e paralelos...

2 comentários:

Anônimo disse...

vc é phodinha, mesmo, não?
gosto muito desse conto.
tem um erotismo forte,
misturado com perda,
tristeza, desgosto, sei lah.

bom sábado procê.
e um bj muito forte.
(quem entende esse
trem de vida, heim?
eu toh desistindo,
por enquanto...deixo
a piração tomar
conta, depois vejo
onde foi parar...)

se vc fosse desistir
de fazer esse blog,
Guilherme, ia te dizer
pra não parar não.
Principalmente se
vc fizesse uns belos desenhos
nele. Inté.

Renata

Where I'm Anymore disse...

Olá Renata! Que bom ter um comentário seu novamente, hehehe!

Como você pode perceber estou na minha fase Caio Fernando Abreu. E o início desse conto eu achei simplesmente sensacional, menina. De fato você tem razão: ele tem realmente esses elementos de erotimso, perda, tristeza e desgosto muito bem articulados. É um texto realmente muito forte. Mas o bacana do Caio é que as palavras dele nunca parecem ser fantasiosas. Sempre tem um ponto de apoio tão concreto, tão verdadeiro. E a transformação da protagonista ao longo do conto é excelente.

Quanto ao fim do blog, eu pareço o Robert Smith do Cure, que promete sempre que o último disco lançado será o derradeiro. Mas é que sempre parece haver algo a ser dito. Eu tenho isso muito presente em mim: nada parece suficiente; sempre me falta alguma coisa. Por enquanto ele fica na ativa. Mas sempre o post mais recente pode ser o derradeiro. Enquanto houver sentido em escrever algo, eu continuarei a escrever. O dia que não fizer mais, ai eu paro de vez.

Sobre os desenhos, menina, não tenho talento absolutamente nenhum nesse campo. Recomendo pra você o flog de uma amiga minha muito talentosa. Os arquivos estão repletos de coisas bacanas.

http://www.fotolog.com/mimandme

Por fim, guardei a parte mais significativa de seu comentário: 'quem entende esse trem de vida?'. O problema é exatamente esse, Renata: querer entender algo que não foi feito para ser compreendido. A vida é um absurdo mesmo. Se há uma lógica esta é a total falta de lógica. Mas meu problema é exatamente esse: sou extremamente racional. A todo momento quero respostas, explicações. Para isso crio modelos, teorias, que me orientam e mesmo quando são adequadas não respondem muita coisa. Sou muito Álvaro de Campos quando deveria ser um Alberto Caeiro, pra ficar em uma idéia mais prática. No fim das contas tudo que eu queria era uma vida mais vivida e menos pensada. E eu queria coisas tão simples. É um muito que é quase nada e é exatamente esse pouco que é tão difícil. A verdade é que eu estou cansado de procurar, de acreditar, de viver. Viver cansa demais. Desilude. Machuca. Ok, a dor mostra que você está vivo. É fato. Só que parece que as coisas insistem em dar errado sempre. Ai resta apenas a angústia de uma vida que promete muito e cumpre pouco; a angústia de um desejo ensaiado que não ganha materialidade. É tão difícil assim encontrar uma pessoa que de alguma maneira esteja disposta a te entender? Parece que a resposta é sim. Parece que a improbabilidade é total - ainda mais se você cruzar essa improbabilidade com outra. Enfim. É sempre uma piração mesmo. E se a gente começar a debater isso vai falar sobre tanta coisa e perceber que não deu um passo além. O sentir é sempre complicado porque individual. Toda a dor, todo amor está em você e não pode ser sentido por outrem. Ai as pessoas acham que você falsifica sentimentos. É dificil ser sincero. Como o Pessoa diz num poeminha dele sensacional: fala: parece que mente/ cala: parece esquecer. Sei lá. Ultimamente não tenho estado muito bem. Acho que estou mais desiludido do que de costume. Vamos ver onde isso desemboca.

De qualquer maneira, não suma. É sempre bom te ver por aqui, hehe! Quem sabe você não se encontra um dia? Quem sabe eu não me encontro? Vamos ver. Ainda temos um tempinho de vida.

Um beijão e se cuida, menina!

Guilherme