O que você, Cintia, espera da sua vida? Eu vivo aqui tentando quase que maquinalmente entender o que cada pessoa espera da sua vida. E tudo parece sempre tão paradoxal, tão estranho, tão inexplicável... O ‘Caos’. ‘O que eu posso oferecer é a destruição da sua paz’, cantou meu querido Beto Cupertino em ‘Corpo e Só’, canção presente no bom ‘A Redenção dos Corpos’, ultimo petardo do Violins. Pareceria deslocada uma frase dessas caso ela não fizesse tanto sentido. Em meio a tantas músicas que bradam a delicadeza do amor romântico, pacífico, tranqüilo, equilibrado, um verso como esse parece chocante. Afinal de contas, o que nós, de modo geral, procuramos em vida: amor ou a dor? O caos ou a paz, a ordem? E o que me parece é que a dor, a frustração sempre acaba nos prometendo mais do que a realização da conquista. Na verdade a promessa na maioria das vezes é sempre maior do que a realidade pode cumprir e, nesse ponto, a opção pela dor acaba sendo uma solução que tampona as nossas expectativas. O gostinho do não vivido parece que tem um sabor adocicadamente amargo. Eu poderia ter sido feliz... O gostinho do poderia é sempre refrescante. A mente fervilha, o corpo sofre, o coração bate rasgadamente e você percebe que está vivo. O caos está instaurado! O percurso acaba sendo mais gostoso que o fim, como acontece na maioria dos filmes, talvez a Thais me dissesse. Tudo isso está certo. Só que a busca pelo caos sempre encobre uma busca pela paz. Engraçado isso não é? Você sente todo aquele caos dentro de si, fervilhando integralmente, desejando paz. Sua paz chama caos. E de fato, o caos tem esse prazer mórbido, masoquista talvez. Eu confesso que gosto do caos embora procure nele algo de pacífico. Mas sei também que apesar de nos dizerem que a vida deve ser pautada pela busca da harmonia, o que acontece de fato é o oposto: viver é deixar aflorar os conflitos que existem dentro de cada um de nós. Viver é um estado de permanente conflito; é ter a capacidade de olhar para fora e se sentir um estrangeiro dentro de si. Porque é esse conflito que nos leva ao caos, que nos faz querer, desejar, modificar. É exatamente a prazerosa dor ou o doloroso prazer (que no limite são a mesma coisa) que nos faz querer viver, mesmo que muitas vezes digamos que preferíamos estar mortos.
Que tipo de salvação você espera, Cintia? Mais uma pergunta que fica no ar. De fato concordo com você que em última instância a salvação não passa de ilusão: estamos todos perdidos. Só que nessa perdição, nesse caminho sem rumo, sem chão para pisar, que se estabelece a magia do viver: as pessoas se apóiam mutuamente e cada uma, empurrando a outra para um caminho, apontando para outra a direção, encontra sua própria salvação. A cabeça às vezes é realmente dura: só pega no tranco, não é mesmo? Só que as portas é você e sua cabeça dura (como a minha, como a de todo mundo) quem as constrói. E você tem a liberdade de entrar e sair delas. São os únicos caminhos possíveis que te levam ao impossível. Não sei se ouvir a música do Beck por 43 minutos pode te ajudar, hehehe. Mas acho que atrapalhar não vai. De qualquer modo eu recomento as 8 músicas restantes acrescidas de mais 3 que provisoriamente completam o cd que estou montando aqui: The Smashing Pumpkins - Porcelina of the Vast Oceans, Black Rebel Motorcycle Club – Howl e Jeff Buckley - Lover, You Should've Come Over. Porque eu acredito piamente que uma dessas portas, que uma das formas de salvar as nossas vidas cotidianamente é ouvindo música.
Para terminar de comentar o seu pequeno comentário, menina, eu gostaria de dizer que a fala do Magnólia não entra muito em oposição a questão do caos, como você tentou mostrar. E eu diria que é sempre muito mais difícil fazer aquilo que é mais simples. Rodear, andar em círculos, se negar, se enganar, falar por metáforas, ser evasivo é muito mais fácil. Sobre isso, caso te interesse e você ainda não tenha lido, vale a pena dar uma lida num conto maravilhoso do Caio Fernando Abreu chamado ‘Para uma avenca partindo’, que, inclusive (hora do jabá!), eu publiquei há alguns dias atrás nesse mesmo blog.
De qualquer maneira, desde já gostaria de dizer que foi um prazer ter a oportunidade de lhe conhecer um pouquinho, agradecer sua postagem e dizer que passarei a freqüentar seu blog!
Que tipo de salvação você espera, Cintia? Mais uma pergunta que fica no ar. De fato concordo com você que em última instância a salvação não passa de ilusão: estamos todos perdidos. Só que nessa perdição, nesse caminho sem rumo, sem chão para pisar, que se estabelece a magia do viver: as pessoas se apóiam mutuamente e cada uma, empurrando a outra para um caminho, apontando para outra a direção, encontra sua própria salvação. A cabeça às vezes é realmente dura: só pega no tranco, não é mesmo? Só que as portas é você e sua cabeça dura (como a minha, como a de todo mundo) quem as constrói. E você tem a liberdade de entrar e sair delas. São os únicos caminhos possíveis que te levam ao impossível. Não sei se ouvir a música do Beck por 43 minutos pode te ajudar, hehehe. Mas acho que atrapalhar não vai. De qualquer modo eu recomento as 8 músicas restantes acrescidas de mais 3 que provisoriamente completam o cd que estou montando aqui: The Smashing Pumpkins - Porcelina of the Vast Oceans, Black Rebel Motorcycle Club – Howl e Jeff Buckley - Lover, You Should've Come Over. Porque eu acredito piamente que uma dessas portas, que uma das formas de salvar as nossas vidas cotidianamente é ouvindo música.
Para terminar de comentar o seu pequeno comentário, menina, eu gostaria de dizer que a fala do Magnólia não entra muito em oposição a questão do caos, como você tentou mostrar. E eu diria que é sempre muito mais difícil fazer aquilo que é mais simples. Rodear, andar em círculos, se negar, se enganar, falar por metáforas, ser evasivo é muito mais fácil. Sobre isso, caso te interesse e você ainda não tenha lido, vale a pena dar uma lida num conto maravilhoso do Caio Fernando Abreu chamado ‘Para uma avenca partindo’, que, inclusive (hora do jabá!), eu publiquei há alguns dias atrás nesse mesmo blog.
De qualquer maneira, desde já gostaria de dizer que foi um prazer ter a oportunidade de lhe conhecer um pouquinho, agradecer sua postagem e dizer que passarei a freqüentar seu blog!
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