Como dizer o que é indizível? Isso mesmo: como dizer o que é indizível? De certa forma essa é a grande pergunta que tem tomado conta de mim nessa última semana. Até que ponto realmente o indizível de fato é indizível? Ou será que não se trata pura e simplesmente do meu velho e conhecido medo? De fato ainda estou em dúvida quanto a essas possibilidades, embora numa análise franca eu tenda a acreditar que o indizível nada tem realmente de indizível. É medo mesmo, confesso. Talvez nem isso: pode ser a inutilidade de se dizer aquilo que a consciência não te faz esquecer e que você não gostaria de lembrar. Você tenta morder sua língua mas percebe que isso é inútil: pensar não requer língua. E mesmo que muitas vezes os pensamentos a princípio se revelem desconexos, o rastro fica registrado.
O bom da vida é pro cavalo que vê capim e come...
(João Guimarães Rosa)
Queria ser um cavalo. Ou um bicho qualquer. Lembro-me que, ao ter que escolher uma frase para estampar a ‘frase da semana’ do jornal mural, resolvi colocar exatamente esse pequeno excerto do Guimarães Rosa, aparentemente tão insignificante, mas que para mim possui um peso tão grande. De fato, fazia tempo que eu não evocava essa frase: às vezes a gente se surpreende. Foi assim que, sem mais nem menos, numa conversa fugidia – nos dois sentidos – meu primo tocou minha chaga mais profunda. Fiquei orgulhoso porque eu nunca pensei que esse tipo de questionamento se passasse dentro dele. Foi a segunda vez que ele me tocou profundamente o coração. Tem coisas que é difícil de se colocar em questão pois quem não faz idéia da existência do ‘eu’ que eu teimo em esconder poderia facilmente me condenar sem sequer me oferecer direito de defesa. É o preço de aceitar os dogmas – o que convenhamos, é sempre mais fácil. Só que às vezes eu tenho a chance de furar o bloqueio da máscara que eu coloco e, ainda que eu meça as minhas palavras, posso respirar um pouquinho. Infelizmente não posso dizer tudo porque tenho medo do efeito que minhas palavras possam causar na vida das pessoas com quem tenho a oportunidade de conversar. Mas o simples fato de poder dizer o mínimo é reconfortante, assim como saber que não se está só, por mais que a solidão lhe pareça ser sua verdadeira morada. O coração até parece bater nesses momentos; o coração consegue dizer o indizível nesses breves intervalos. Pena que quando eu estava começando a deixar o indizível fluir, coito interrompido – como sempre. As circunstâncias não se repetem do mesmo modo jamais. Parece um sonho sendo projetado na tela da vida e no meio da sessão simplesmente a energia acaba, como aconteceu ontem enquanto eu dormia pela tarde. Deu para ver o fotograma parando no melhor da cena. Acabou... Acabou! Acabou.
E é tão difícil dizer adeus...
Say hello to the angels…
- Não te dizer o que eu penso já é pensar em dizer.
O bom da vida é pro cavalo que vê capim e come...
(João Guimarães Rosa)
Queria ser um cavalo. Ou um bicho qualquer. Lembro-me que, ao ter que escolher uma frase para estampar a ‘frase da semana’ do jornal mural, resolvi colocar exatamente esse pequeno excerto do Guimarães Rosa, aparentemente tão insignificante, mas que para mim possui um peso tão grande. De fato, fazia tempo que eu não evocava essa frase: às vezes a gente se surpreende. Foi assim que, sem mais nem menos, numa conversa fugidia – nos dois sentidos – meu primo tocou minha chaga mais profunda. Fiquei orgulhoso porque eu nunca pensei que esse tipo de questionamento se passasse dentro dele. Foi a segunda vez que ele me tocou profundamente o coração. Tem coisas que é difícil de se colocar em questão pois quem não faz idéia da existência do ‘eu’ que eu teimo em esconder poderia facilmente me condenar sem sequer me oferecer direito de defesa. É o preço de aceitar os dogmas – o que convenhamos, é sempre mais fácil. Só que às vezes eu tenho a chance de furar o bloqueio da máscara que eu coloco e, ainda que eu meça as minhas palavras, posso respirar um pouquinho. Infelizmente não posso dizer tudo porque tenho medo do efeito que minhas palavras possam causar na vida das pessoas com quem tenho a oportunidade de conversar. Mas o simples fato de poder dizer o mínimo é reconfortante, assim como saber que não se está só, por mais que a solidão lhe pareça ser sua verdadeira morada. O coração até parece bater nesses momentos; o coração consegue dizer o indizível nesses breves intervalos. Pena que quando eu estava começando a deixar o indizível fluir, coito interrompido – como sempre. As circunstâncias não se repetem do mesmo modo jamais. Parece um sonho sendo projetado na tela da vida e no meio da sessão simplesmente a energia acaba, como aconteceu ontem enquanto eu dormia pela tarde. Deu para ver o fotograma parando no melhor da cena. Acabou... Acabou! Acabou.
E é tão difícil dizer adeus...
Say hello to the angels…
- Não te dizer o que eu penso já é pensar em dizer.
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