domingo, 5 de abril de 2009

Comunicação.

Para cada palavra lúcida
Um silêncio bêbado
Para cada palavra bêbada
Um silêncio lúcido

Para cada silêncio lúcido
Uma palavra bêbada
Para cada silêncio bêbado
Uma palavra lúcida

(Outdoor, autor a ser conhecido)

2 comentários:

Anônimo disse...

oi Guilherme!
desculpe responder nesse
comentário e não no outro,
mas é que achei bom demais
o q tá escrito nesse outdoor!

eu continuo correndo, é
meu último dia pra entregar
as matérias, mas acho q vai
dar tempo e ficar até mais
legal q se fossem feitas no
meu ritmo usual, isso é, com
mais calma, sem sufoco.

acho q vc fez uma síntese legal
das coisas, não tem muito mais q dizer nem discordar, não. apesar de eu sempre discordar de ti em várias coisas, é natural. eu gosto das sínteses, mas tb sou bem analítica, o difícil é conciliar esses lados. como é dificil conciliar todos os contrários, né?
o eterno papo de claro/escuro. doce/amargo,fidelidade/infidelidadesincero/insincero,amor/ódio, bem e mal. difícil mas não impossível, pq para tudo o q se move e vive existem saídas, eu acho. até para os becos sem saída.

espero de verdade ter te ajudado a chegar nessa síntese, como vc me ajudou a chegar em outras, pelo menos te ajudado mais do que te 'pentelhado' (risos). se um dia a gente se cruzar por aí, se reconhecer e conversar, vc não acreditaria no tanto de coincidências que rolaram (acho q do teu lado tb), e que a gente não chegou a trocar até o fim um com o outro. coincidências, sincronicidade, seja o q for, é de pirar qq um. com ápice no filme 'Cão sem Dono', q tem significado bem especial pra mim. Enfim.
Mesmo sem saber ao certo quem vc é, mesmo talvez te confundindo com muitas outras vozes por aí (viver é tb isso, não? confundir vozes, histórias, passados, futuros, perfumes). Mesmo assim, foi bom passar por aqui e, às vezes, entender e ser entendida, sacada.
e sacar, e entender, e te pilhar e te aliviar de alguma dor, tb.

Sobre autoritarismo, coisa q te falei rapidamente ai pra trás, é difícil pra mim discutir aki, pq é talvez o que mais pesou, o que não se resolve, nem aqui nem em lugar algum, sem muito, muito esforço não só nosso, mas de todo mundo, de todo homem e mulher.

sobre homem e mulher, acho q te percebi legal e talvez vc não tenha deixado exatamente passar que tb tenho um lado masculino muito marcado, do qual eu gosto, mas ainda não sei mexer direito, equilibrar. e esse é justamente o q tem a ver com ação, com ir para o mundo, para o aberto, realizar coisas com a minha capacidade de fazer isso. o que me parece difícil ainda é me mover sem atropelar os outros e tb sem ser atropelada. mas é me mexendo q vou descobrir. não apenas sentindo e pensando.

tb te digo o óbvio, ou seja, q não tem uma Renata, uma Cintia, uma Natasha separadinhas como vc criou, assim como não tem as tantas faces suas dentro e fora daki, que eu, em um ou outro momento, tentei separar pq queria q a gente pudesse jogar uma luz sobre. só isso. e com um afeto q nenhum analista/psicólogo/psiquiatra/escritor/filósofo/professor poderia ter. um afeto que vc e eu podemos negar, mas que existe. acho q a gente só separa pra poder fundir outra vez mais adiante...quem sabe muito mais adiante, quem sabe amanhã. a gente não manda no tempo.

bom teria muito mais coisas, mas
falar não é viver. escrever não é viver. sonhar não é viver. pelo menos não 'separadinho', cada coisa em sua caixa. é tudo uma bela mistura, q a gente reaprende toda hora, quanto mais amor, mais a coisa pode mudar, se mover.

eu ainda não sei o q quero, como quero, com quem eu quero. mas gosto de achar q vou ter tempo (sempre tem o último minuto do segundo tempo, não?) de descobrir isso, aos poucos. talvez ir, sim, ganhando foco. mas misturada até onde eu puder com tudo o q eu toco. com tudo o que me toca.

beijos
será que a gente
se cuida? eu acho
que sim, sempre.
mas agora, talvez um
tantinho melhor!

deixo uma música q
tb tem a ver com
sincronicidade.

http://www.youtube.com/watch?v=VIBoqP45fAo

Where I'm Anymore disse...

Que gozado, Renata! Não no sentido de ruim, mas de intrigante. Você tocou num ponto central da coisa lá pro final da sua mensagem: 'não tem uma Cintia, não tem uma Natasha, não tem uma Renata separadinhas'. Eu sempre falei disso com as pessoas, poucas entenderam isso. O problema é que cada pessoa que entra nas nossas vidas nos integra. Por isso nunca há exatamente rupturas: óbvio que dentro de mim cada pessoa que entra em meu universo e me marca de alguma maneira e permanece. É por isso que eu nunca consegui lidar muito bem com rupturas: porque ainda que até ela seja eventualmente tentada, na prática não existe: a vida é sempre um 'mal resolvido', de certa maneira. E por isso que, invariavelmente, para me entender eu sempre convoco de alguma forma as pessoas que fizeram parte da minha vida em algum momento não para denegri-las - como a querida Cintia pensa - mas para dizer de quem sou eu, do que eu vivi, do que eu fiz, do que eu tentei. Porque foi como a gente já tinha conversado antes: eu acho que quando a gente ama alguém, o amor não morre, ele permanece. Por isso a Natasha ficou martelando na minhca cabeça por alguns anos, a Thais e a Cintia por muitos meses. Esses dias mesmos eu fiquei aqui pensando muito naquela bela resposta da Cintia sobre 'a minha compreensão ser apenas vontade de ser amado' e achei uma colocação tão simplória perto da grandeza que ela tem, porque é uma idéia completamente falsa. Se assim fosse, provavelmente eu não teria sentido culpa nenhuma por ela ter me feito acreditar que eu a tivesse ofendido, quando na verdade hoje eu tenho pra mim claramente o ponto de desentendimento em questão. Fiquei aqui pensando até em fazer um post a este respeito, digo, comentando a frase dela, mas acho que vou apenas partilhar minhas conclusões com você via comentários mesmo. Porque o fato, Renata, é simples: na dinâmica do amor tem duas maneiras de você conseguir algum tipo de prazer. A primeira delas, mais evidente, é realmente como a Cintia mostrou, sendo amado. Você perceber que o outro gosta de você como você é (ou como ela supõe que você seja), te valoriza, demonstra afeto, gosta da sua companhia, etc. E em alguns relacionamentos, de fato, há uma divisão muito clara quanto a esse respeito: um que se coloca por baixo vê no outro o privilégio de poder dar amor, enquanto o outro recebe. Só que ai que tá: em todos as minhas pretensas tentativas de relacionamento eu sempre quis modificar essa relação, para torna-la mais simétrica. Logo, como a Cintia de alguma maneira me amava como eu gostaria de ser amado, nada mais justo da minha parte de fazer o oposto não como uma pura obrigação, mas como algo que me dava prazer. É aquela coisa de um amor ideal: a gente quer ver quem a gente gosta bem, feliz, se valorizando, correndo em busca daquilo que deseja, resolvendo suas questões internas da melhor maneira possível porque isso também nos dá prazer. E além do mais ajuda a perpetuar o contato. Logo tem essa faceta realmente egoísta do querer ser amado, mas tem a faceta altruísta de querer amar. E sim: amor tem a ver com interesses, motivações, mas o que não quer dizer que seja algo necessariamente interesseiro. Eu sempre falo que o amor tem a ver com aquela relação mutualistica da biologia em que ambos saem ganhando. O gostoso é você criar este tipo de dinâmica sem a preocupação da contra-partida, porque ela vem espontaneamente. Só que o problema é que quando isso acabou, no meu caso, doeu porque todo o circuito foi rompido e não apenas por conta de um pedaço dele. Doeu de fato porque eu perdi um afeto, mas porque eu perdi a possibilidade de me preocupar com uma pessoa, porque eu deixei de saber como essa pessoa estava, porque eu simplesmente não sabia o que estava acontecendo. Dai eu ter tocado no binômio 'rejeição/culpa' e não apenas em rejeição. E é compreensível isso, porque como eu tenho uma alto-estima nula, sempre acabo tendendo a colocar em primeiro lugar dentro da relação o outro e não a mim: por isso, inclusive, a culpa tem mais peso do que a própria rejeição. E bem que se diga, por isso até pouco tempo atrás eu fiz tanta questão de querer tirar isso a limpo, de não transformar um mal entendido em uma enorme bola de neve - eu usei justamente essa imagem lá nos primórdios do papo que eu tinha com a Cintia temendo que isso se tornasse esse coisa simplesmente ininteligivel que se tornou. E o que eu conclui no fim das contas, é que essa fala dela acabou se voltando exatamente contra ela: quando ela deixou de ser amada da maneira que ela queria, ela rompeu o diálogo arbitrariamente, ou seja: cortou a compreensão, a tentativa de se resolver o problema e foi contra tudo o que tinha conversado. Ou seja, não foi a minha compreensão, mas a dela que no fim das contas era 'apenas' vontade de ser amada. Do contrário a coisa poderia ter se resolvido de outra maneira e inegavelmente sempre é isso o que mais machuca em qualquer questão. Aí eu vejo que o erro não é exatamente o que ela coloca - ter me abandonado - mas sim ter me abandonado da maneira inexplicável com a qual ela o fez. E é estranho que ela tenha associado as minhas dúvidas e questionamentos a um ódio que não existe senão na cabeça dela, porque o que aconteceu é simples: quando a lógica que a sua razão constrói é bruscamente surpreendida, inevitavelmente a gente entra em colapso. Não houve ódio, houve dúvidas. Simples assim. E se houve dúvidas foi porque permaneceu. E de fato, não me importa muito hoje o que ela pense mais a respeito, mas ela fez parte da minha vida e é mais uma história que eu vou contar para entender o que se passa comigo, afinal, ela me marcou. Aos poucos essas questões vão ficando mais claras e o ritmo da vida vai voltando ao normal.

E o ponto é que você - e nesse caso a Cintia também - estão certas: pensar não é viver, sonhar não é viver, escrever não é viver, falar não é viver. E essa também foi a outra razão do meu colapso, que me levou a fechar o blog: de repente bateu um tremendo cansaço em pensar o tempo todo sobre tudo e perceber que eu pareço não sair do lugar. Não é fácil sair desse círculo. Por isso de alguma maneira eu me aventurei em sair de BH algumas vezes: porque eu queria pensar pouco. O engraçado foi que o tiro saiu pela culatra. Hahahaha. Ironias da vida.

O papo da sincronicidade realmente foi importante, porque esse sempre foi o meu ideal de amor. Por isso que eu sempre fugi de perspectivas individualistas porque acho que cada um por si próprio não é absolutamente ninguém. Não a toa eu sempre acabo colocando a letra da Ocidente/Oriente, do Violins porque ela é sensacional:

Abra a porta e saia
deixe a brisa te beijar o rosto
Eu sei que eu quis dormir sem te perguntar:
Você vai voltar?

Você me diz que o tempo te levará a depender dos outros
E a morte te faz pensar em viver de novo

Quis sentir outra vez o temporal em meu corpo
E correr com os pés encharcados de lama
Pelo seu coração

Você me diz que o tempo te faz me amar e esquecer os outros
E a morte te faz pensar em viver de novo.

Por isso, no fim das contas, ninguém é um lugar solitário: dentro dele tem várias outras pessoas.

Bem, para devolver uma música sobre 'troca', eu vou colocar a música mais importante da década na minha opinião - e isso vai ser melhor desenvolvido em outro momento, quando eu publicar no site a minha seleção dos dez discos mais marcantes da década na minha opinião. Em todo caso, segue a tal canção:

http://www.youtube.com/watch?v=2w2EgWrE394

É isso, Renata! Se cuida! Beijos!

PS: Sim, o 'Cão sem Dono' é um filme genial, muito tocante e simples, o que ainda potencializa tudo mais um pouco.