quinta-feira, 2 de abril de 2009

Bonde.

Os últimos dias têm sido realmente estranhos. Depois de uma introspecção maior do que a usual, uma espécie de tímida libertação começa a dar o ar de sua graça. Possivelmente por conta de finalmente encontrar uma lona suficientemente grande para cobrir os abismos que estavam a minha frente. Só quando se consegue extrair algumas conclusões, chegar a alguns entendimentos, que se torna possível começar a modificar os rumos do caminho. Agora é o de transformar a memória em história como bem demonstrou o grande sociólogo Maurice Halbwachs.

E como não poderia deixar de ser, mais do que nunca é necessário voltar a ouvir a música que faz a melhor trilha sonora para os períodos de transição em minha vida.

Espera que o tempo arde outra vez
A vida explode numa onda sobre mim
Esqueça e durma pela tarde
Esqueça os compromissos que fazem tudo ser assim tão ruim

Espera, que o tempo arde outra vez

E quem aqui consegue decidir
Se é um bem ou mal que todos possam escolher
Em que se crer
E tudo o que você abandonou
Por não poder tocar com a mão ou pelo menos ver

Meu riso esconde um mundo aflito
E joga pelo ar os sonhos que você guardou com carinho
E ame sempre o próprio engano
Isso te fará viver pensando que a vida tem sentido

Então é isso que é covarde
Se esconder da vida por achar
Que a paz enfim lhe atingiu

Mas espera que o desejo arde outra vez

Quem aqui consegue decidir
Se é um bem ou mal que os outros
Passem a zombar do que você achou ser sério
E ser sentimental é um erro e deve ser punido
Com desprezo, vê?

Num alvo fácil e tão batido
Vem me desprezar porque não tenho o seu carisma
E é sozinho que eu conheço um lado estranho
Pode me falar que tenho alma feminina
É bonito

(Empresta-me o Ábaco, Violins)

3 comentários:

Anônimo disse...

não vou me alongar muito,não
não se preocupe
só queria te dizer
q não queria ter vivido
tanto desencontro, tanto desentendimento.

acho q fui brusca muitas vezes
sem querer
acho q vc foi brusco muitas vezes
sem querer
acho q blogs não são o melhor lugar pras pessoas se entenderem,
se sentirem e aproximarem, mas tb não sei se teria sido diferente num outro espaço ou tempo

mas é só o meu olhar.
gostar de ti ainda é bom.
mas tb ficou difícil acreditar.
o que eu chamo de ruído vc dá outro nome. pra muito do que eu penso e sinto vc dá outros sentidos ou nomes, e não houve maior compreensão. à parte uma imensa compreensão, q não sei se muita gente consegue hoje em dia. eu estou exausta, confusa e o que é pior, desconfiada. não dá pra viver desconfiando dos outros, sem entender a mecânica desse mundo aqui. durante muito tempo isso nem fazia diferença, eu queria ver vc. mas depois foi tudo virando uma enorme babel, pra mim, uma confa geral. claro que sei que fui intransigente em entender isso aqui. mas tb houve muito pouco espaço para outras formas de comunicação. enfim, vai ver vc já nem vai ler com paciencia o q toh escrevendo. escrevo na pressa,pela primeira vez em anos toh sendo quase q irresponsável com prazos de trabalho. qdo te disse q fiz um monte de textos é verdade, e foi só o q consegui fazer nos últimos dias. mas não me serviu pra muito, pq como te disse, eu precisava era falar. e não quero criar o q pra mim parece desentendimento em cima de desentendimento. bola de neve. acho que no fundo nunca consegui te entender como desejava, e se vc não reduzir, vai admitir q nem vc a mim. os julgamentos q fizer, eu acho, serão parciais. os q eu fizer tb.

e se ficou alguma dúvida, como parece na música q colocou aí, vou te dizer o seguinte: -- a sua alma feminina talvez seja o que eu mais gosto em ti. mas não parece q eu tenha conseguido te mostrar. me parece é q a última fala sobre isso, em outro lugar, foi ouvida e respondida com extrema ironia. e da minha parte, isso não existiu. sorte pra ti.

bjs

Anônimo disse...

'Acordei com vontade de comprar um amigo cão'

-- a minha cachorra não comprei, tava abandonada. e ganhou nome de gente. quem sabe descubro um nome melhor, de bicho, pra dar pra ela mais tarde. mais tarde. quem sabe ela descobre o meu nome.

Where I'm Anymore disse...

Bem, Renata, desulpe-me pela demora.

A pergunta que fica é simples e direta: o que você quer de mim?

Digo isso, porque como falei, de repente você apareceu neste blog e acha que tudo o que eu digo é feito exatamente para você quando nem sempre o é. Tem coisas aqui que foram escritas para a Cintia - e ela sabe exatamente quais são, embora também tenha visto mais do que era destinado a ela - tem coisas aqui que foram escritas para a Thais - que era o motivo do Blog - e outras bem poucas escritos para uma terceira menina, a Natasha. Há também uma ou outra personagem do cotidiano, efêmera, decerto. Mas eu tenho que dizer, Renata, que a gente só escreve para quem a gente conhece e eu não te conheço! Você mesma já disse isso! Então não tem como eu colocar em meus textos referencias sobre você, oras. O espaço destinado explicitamente a você são os comentários. Só que neles você dialoga com outra pessoa que não eu: por exemplo, nunca tive nenhum blog com 'Nascimento'. Eventualmente até tive um outro blog, que era pra ser secreto, mas achei idiota porque me habituei a escrever aqui e não vou ficar criando dois milhões de blogs para me esconder de ninguém. Na verdade, cansei do esconde esconde. O que eu tiver que falar a respeito do que eu sinto sobre quem quer que seja, vai ser aqui mesmo neste blog.

O que eu falei com você aqui é o que eu acho, apenas. Porque eu não entendo o tanto de desconfiança que criam em torno do que eu escrevo! Poucas vezes eu fui cínico ou irônico - mas fica bem claro, quando eu tento dar uma tiradinha e essa é a marca. De modo geral, eu coloco contra a parede apenas para mostrar que muito do que me criticam, as pessoas repetem, fazem o mesmo. Isso fiz com você em alguns posts, fiz com a Cintia, recentemente. É engraçado em ver como é ótimo usar a tática dos dois pesos duas medidas: e foi o que eu vi nas falas da Cintia e por isso tentei colocar ela no lugar dela em certa medida: nem vilã nem mocinha, como eu disse. Ela fez uma escolha que tem implicações. E me chama atenção ver uma pessoa tão esclarecida quanto ela tratar a vida em termos de uma dicotomia tão simplória. E se uso ela como exemplo, agora que a coisa já degringolou, é simples: não há como se estabelecer entendimentos muito claros, mas isso não impede de que a gente pelo menos tente. E a tentativa é tudo que existe de possível. Foi o que você colocou: o a gente tenta confiar e entender, ou não entra no jogo.

E eu simplesmente não entendo como você passou a se envolver tanto com alguém que você nem sabe quem é - ou sabe? Ninguém se envolve apenas com textos: é preciso entrar realmente no outro mundo e abrir o seu, consequentemente. Eu me envolvi com a Cintia, com a Thais, com a Natasha porque por algum tempo houve essa interpenetração dos mundos. Enfim.

E em todo caso, aqui cabe bem uma bela consideração da Cintia em sua fase sábia: o afeto e o carinho de alguma maneira tem que ser canalizadas de maneira positiva e não neagtiva na sua vida. Você tem uma vida, disse que tem um filho e responsabilidades. Então por mais que pareça razoável se desligar dos prazos, você não pode! Não se trata disso, mas de encontrar motivações a partir do amor e do afeto que te deem mais prazer para realizar seu trabalho, entende? É o percurso inverso. Senão não funciona. Eu estou aqui para te dar as explicações que você quiser, como sempre estive.

Quanto a minha 'alma feminina', ela é um grande problema. Enorme, porque é como se eu fosse quase que uma lésbica em carcaça de homem. Só que as mulheres são heterossexuais e quando digo isso, digo mesmo na questão do gênero e não apenas em termos de sexo. Ter alma feminina na prática mais me atrapalhou do que ajudou. Mas por outro lado é o que me define, mesmo no que se refere a essa infindável busca por respostas às mais várias perguntas sobre o viver. Eu tenho um lado feminino que é praticamente igual ao meu lado masculino. E de certa maneira, com as meninas que eu gostei procurava nelas um saldo parecido, com um lado masculino um pouco maior do que o de costume, que não fossem tão 'menininhas demais', que fossem mais simples e diretas, e realmente mais maduras, etc. É complicado achar pessoas assim. Porque tem que ter sempre o entendimento da contrapartida e conciliar as duas coisas é praticamente impossível.

Bem, é isso!

Espero que você se cuide, Renata.

Um beijo!