domingo, 25 de outubro de 2009

A Letter to Elise.

Como eu disse ao Daniel, esse meu grande amigo que me acusou (em certa medida sabiamente) de ser muito “teorizador”, sou um cara errado, que toma atitudes erradas, vive num tempo errado e num espaço errado. Eu só entendo as coisas quando elas já se esvaíram e eu não tenho mais como modifica-las.

3 comentários:

Anônimo disse...

'Quisera ter me sentido tosco e essencial
assim como esses seixos que revolves,
comidos por salsugem;
lasca fora do tempo, testemunho
de uma vontade fria que não passa.
Outro fui: homem fito que repara
em si, nos outros, a efervescência da vida fugaz -- homem demorado
nos atos que ninguém, depois, destrói.
Quis procurar o mal
que corrói o mundo, a pequena torção
de alavanca que pára
o engenho universal; e vi a todos
os eventos do minuto
prestes a desjuntar-se num abalo.
Na trilha dum caminho eu quis o rumo inverso, convidativo; e talvez
precisasse do gesto incisivo,
da mente que decide e se determina.
Eram-me necessários outros livros,
não a página estrondosa.
Mas nada posso lamentar: teu canto
desata ainda os nós interiores.
O teu delírio então
sobe aos astros.' (Eugenio Montale)

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te desejo boa sorte, de verdade. não é fácil pra ninguém tentar ser e sentir e agir. atropelar o outro vai acontecer em algum momento, mas no retorno dá pra gente tentar reparar o estrago (eu hj sei isso).
ainda penso naquele lance de que a gente só perde o que 'realmente' (seja isso o que for!) nunca encontrou.

inté
http://www.youtube.com/watch?v=njp3MwbJzQU

Where I'm Anymore disse...

Que poema, hein! Esse eu realmente fiquei de cara. Bem absurdo e completamente acertado!

Quanto a Child Heart-Losers, já é a segunda, terceira vez que você cola o endereço dela aqui neste espaço e verdade seja dita, em todas as vezes a canção mexe comigo. Vou pagar com outra baladinha dilacerante ao violão do Krug:

http://www.youtube.com/watch?v=ljMf3Hvh9Ec

Sobre perder o que nunca encontrou, tá aí o grande truque e talvez o grande erro: como perder o que nunca se teve? A gente sempre deixa se levar muito por coisas que se revelam pequenas, que jamais existiram de verdade - por mais reais que parecessem. Perder muitas vezes esconde, engole um ganhou que a gente só percebe tempos mais tarde. O erro sempre é conferir um valor maior às coisas do que se tem propriamente. Acreditar é um erro. Mas a vida não passa de um grande erro, não? O que há além de erros conscientes ou não? É errar ou nada. De qualquer maneira, a coisa mais valiosa que alguém pode ter na vida é o medo de perder. Se não o houver, oras, que importância se tem de fato? Mesmo que não se tenha - e frequentemente nunca se tem nada de fato - o medo de perder faz o sentimento existir, o zelo, o verdadeiro afeto, o carinho. Oras, por que algumas coisas mexem conosco e outras não? O que mexe e nos revira de fato nos faz criar uma relação particular, certo? Valor. Se você não gostasse do seu filho, deixaria ele as traças, não teria receio em não contar com a companhia e os sorrisos dele no porvir. Ele é seu e ao mesmo tempo não é: é dele mesmo. Tem a ilusão de posse que, mais do que posse, é apenas vínculo. Mas tem amor. A gente se preocupa com o que gosta.

http://www.youtube.com/watch?v=GZjJ4Q-Ytgo

É isso, menina.

Um abraço,

Guilherme.

Anônimo disse...

acreditar não é um erro. conferir valor é sempre relativo. o que não se perde (nunca) é ao mesmo tempo material e imaterial. o material se perde sempre, de um jeito ou de outro. o que não é material permanece de alguma forma, se foi intenso. e se não ficarmos o tempo todo tentando negar e esvaziar isso, como se ameaçasse ou fosse uma forma de sublimar/substituir qq tipo de vivência concreta. é por aí.

sobre triângulos, só gosto dos que têm arestas arredondadas. mas levam muito tempo pra se formar. tem quem goste. eu já não vejo graça na picada das pontas! rs

abração e sorte em tudo!