sábado, 10 de outubro de 2009

Tesouros.

E esse outro avô ex-combatente na Argélia era de quem? Ah, sim, do Kramer. O Kramer se apaixonou por uma corista que se chamava Olga. Por algum motivo nunca conseguiam encontrar-se. Ele gritava passando pela casa de Olga, manhãzinha (ela dormia!): Olga, Olga, hoje estou de folga! Mas nunca se viam, e penso que ele sabia que se efetivamente se deitasse cima ela o sonho terminaria. Sábio Kramer. Nunca mais o vi. Há sonhos que devem permanecer nas gavetas, nos cofres, trancados até nosso fim. E por isso passíveis de serem sonhados a vida inteira.

(Estar sendo, ter sido, Hilda Hilst)

Um comentário:

Anônimo disse...

sábio Kramer!

saudações!