domingo, 22 de março de 2009

Dívida.

Bem, Tuxa querida, estou lhe devendo algumas respostas, certo?

Vamos a elas então!

Antes de mais nada, perdoe-me pela ausência. De modo algum foi por indiferença que não lhe respondi.

Feitos os devidos esclarecimentos, fico eu bastante feliz por você estar prestes a completar 12 anos no próximo dia 30 de março! Porque assim ou você começa a olhar para alguns pontos luminosos levando em consideração também a minha óptica – afinal, em algum momento eu já disse que estacionei nos 12 anos e que isso de alguma maneira determinou tudo que aconteceu depois em minha vida; ou então você se torna uma menina birrenta e a gente pode se engalfinhar numa boa, como duas criancinhas pequenas e briguentas! De qualquer maneira, seja 'a' ou 'b', eu te desejo o que eu costumo desejar a quem eu conheço e gosto: muita saúde, paz, felicidades, sorte e amor em mais um 'ciclo simbólico' que se inicia em sua vida.

Continuando, o mais engraçado disso tudo, Renata, é que você parece dominar todo o conhecimento produzido pela vida humana no que se refere ao que é ‘certo’. Mas tudo bem, fica fria porque não sou somente eu o 'egocêntrico': você também é. E eu te digo que todo mundo no fundo no fundo também está do nosso lado da linha. Todos de uma maneira ou de outra se fecham em torno de si mesmos, ainda que alguns se proponham minimamente a efetuar vez por outra alguma relativização ou concessão. Lembra de como a senhorita se colocou no centro quando eu mandei aquele trecho do Efraim? Deixa eu te te relembrar:

'Imagens que (EU) já vi claramente, não em prosa ou poesia, mas na vida, e que mostram realmente que o que importa entre duas nuvens, duas pedras ou duas estrelas é o espaço vago entre elas...'

Como se a sua vida - e apenas ela - fosse um critério de validação. Como se eu tivesse apenas colocado tal trecho por 'literatice', pura abstração! Você viveu, eu apenas vi num livro e postei. No máximo, no máximo, fruto da minha imaginação.

Diante disso, Tuxa querida, eu realmente devo me recolher ao meu insignificante lugar e agradecer por todos os seus ensinamentos de vida – superiores, é claro - afinal, o tom de todo mundo que fala comigo é esse, daquele que ensina, como se já tivessem superado os mesmos problemas dos quais padeço. É realmente um absurdo isso! Primeiro, porque elas, apesar da intenção explicita de ensinarem – e, portanto, de condenarem também -, não assumem isso, se escondendo sob uma aura de neutralidade aparente. Isso fica perceptível na maneira como se colocam os problemas, as questões e as belíssimas soluções. Há modos e modos de dizer. Eu fico pasmo ouvindo explicações idiotas que estas pessoas dizem, mas que estão tão boas que elas sequer as utilizam em suas próprias vidas! Se fosse tão bom assim, tão eficaz, se tivesse realmente resolvido... Antes de prosseguir, eu não posso deixar de citar um trecho sensacional do Cioran a este respeito:

Quem chegasse, por uma imaginação transbordante de piedade, a registrar todos os sofrimentos, a ser contemporâneo de todas as penas e de todas as angústias de um instante qualquer, esse – supondo que tal ser pudesse existir – seria um monstro de amor e a maior vítima da história do sentimento. Mas é inútil imaginarmos tal possibilidade. Basta-nos proceder ao exame de nós mesmos, praticar a arqueologia de nossos temores. Se avançamos no suplício dos dias, é porque nada detém esta marcha, exceto nossas dores; as dos outros nos parecem sempre explicáveis e suscetíveis de serem superadas: acreditamos que sofrem porque não têm suficiente vontade, coragem ou lucidez. Cada sofrimento, salvo o nosso, nos parece legítimo ou ridiculamente inteligível; sem o que, o luto seria a única constante na versatilidade de nossos sentimentos. Mas só estamos de luto por nós mesmos.. Se pudéssemos compreender e amar a infinidade de agonias que se arrastam em torno de nós, todas as vidas que são mortes ocultas, precisaríamos de tantos corações quanto os seres que sofrem. E se tivéssemos uma memória milagrosamente atual que conservasse presente a totalidade de nossas penas passadas, sucumbiríamos sob tal fardo. A vida só é possível pelas deficiências de nossa imaginação e de nossa memória.

(A Chave de Nossa Resistência, Breviário de Decomposição)

Retornando ao ponto, o fato é que nada resolve porque no fim das contas, nada se resolve. Absolutamente nada. Cria-se a lenda de que a vida é um estado de superação, quando inevitavelmente somos sempre uma soma de tudo o que vivemos. Quero dizer, não há como nos livrar dos nossos passados, dos nossos problemas. Eles vem com a gente sempre. No máximo, com o tempo algumas questões de nossas vidas amenizam, mas jamais se resolvem completamente. Sempre fica algum resquício, algum vestígio. Só que admitir isso é sempre difícil. Admitir que não tem como se livrar do que foi é difícil porque parece que assumindo essa condição não existe a possibilidade de um futuro, quando uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra.

De repente, vejo uma porção de contradições, como, por exemplo, a sua de criticar meu egocentrismo e no instante seguinte, cair no mesmo problema. Não tô aqui pra questionar ou condenar as contradições de ninguém, até porque se contradizer é inevitável e eu invariavelmente caio bastante em contradição. Mas o problema é justamente esse: condenar exatamente a mesmíssima coisa que se faz! Esse lance do ‘dois pesos, duas medidas’ me aniquila, me mata. Só que o ‘eu’ que condena e faz o mesmo sempre tem uma justificativa não é mesmo? E não importa se é completamente sem sentido porque aos seus olhos é sempre certa, coerente e legítima. A verdade é que é muito fácil arranjar explicação para o que não tem explicação, ou para o que não se quer explicar. Assume-se sem medo o que convém e ponto. Mas sempre se trata de algo muito frágil quando decomposto, quando pensado.

Eis que eu volto ao Efraim. E se eu coloquei aquele trecho, foi porque à minha maneira eu não apenas vivi como tenho vivido esta questão profundamente, em meu íntimo. A ponto de ter reconhecido a existência desses espaços vazios e, por coincidência, no mesmo dia, cerca de meia hora depois, ter me deparado – quase como um ‘destino’ – com o tal fragmento citado. Ou seja: uma vivência tão intensa quanto, suponho, que a sua deva ter sido. E no entanto, eu fui recebido por você como ‘em casa’ – após meu período de total inércia -, com aquele tratamento habitual das flechadas e machadadas por conta de coisa nenhuma. Porque quando eu digo que achei meu texto bonito é porque ele diz algo de mim e que ficou cristalizada de uma maneira tal que me faz gostar de algo que eu fiz, o que nem sempre acontece. A questão, Renata, é que eu não sou adivinho, muito embora as pessoas pensem que eu deva saber o que se passa na cabeça delas e responder da forma como elas gostariam. Logo, se falo algo que não estava no script, tentam me nocautear – como você mesma tentou. Aí viro da noite pro dia o ser mais vil de todo o universo! Como se dentro de cada um não houvesse nenhum vestígio de sujeira e como se toda sujeira fosse uma coisa só – que convém a quem a define enquanto tal. E sim, sou completamente imperfeito, medroso, fraco. Não nego isso de modo algum, até porque meus textos falam dos contornos desses pontos, dos meus problemas todos com questões genéricas como amor, aceitação, sentido, estima. Você que lê um pouco sobre mim, mais do que muitos, tem contato com meu universo mais profundo, com minhas dores e angústias, bem como momentos de felicidade, surpresa – positivas, nesse caso - e revelação. No entanto, do modo como colocam, parece que eu sou o errado em todos os casos. Se eu não me posiciono de maneira explicita, deveria me posicionar; se eu me posiciono, faço o que não deveria ter sido feito. De volta ao beco. Metralhadoras disparando em todas as direções possíveis contra o ser mais idiota e estúpido do mundo: eu. E sim, de condenação em condenação – despropositada e sem sentido – eu vou ficando mais e mais acuado. Desde os doze anos, eu fui ficando mais acuado, justo porque todas as minhas tentativas foram recebendo apenas reprimendas de todos os tipos, sem que fossem esclarecidas alternativas ou dadas explicações coerentes e concretas. E, oras, se eu sou a única recorrência diante de todos os meus fracassos, por mais que não seja exatamente o errado – ou o totalmente errado - em todas as situações, a impressão que fica é sempre essa. Talvez por conta disso uma poesia como o ‘Poema em Linha Reta’, do Álvaro de Campos, seja capaz de me exprimir tão bem. Ou mesmo a letra de ‘Problema Meu’, do Violins. Pareço no fim das contas um objeto exótico que no início atrai, mas tem um prazo de validade determinado.

Em quem você acreditou pra me declarar tão bom?
Que orgulho há em descobrir que não
Que alegria há em conhecer quem sou
Só pra depois contar que sempre desconfiou
Sempre desconfiou


E desse ponto em diante, explicações inexplicáveis para justificar o que não tem fundamento. E cansa demais isso, devo confessar. E eu me pergunto a todo instante o que se pergunta o eu-lírico do ‘Poema em Linha Reta’:

Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Só que a diferença é que eu não sou uma voz poética, discursiva. Por trás dessas letras, acredite se quiser, bate um coração. E tanto bate, que ele te responde, te escreve e bem ou mal interage com você.

Já chegando ao final, eu tenho apenas de dizer que em sua última mensagem seu comentário sobre o ‘Técnicas de Masturbação Entre Batman e Robin’ de alguma maneira me soou presunçoso, porque no fim das contas, qualquer livro tem seus altos e baixos, inclusive os melhores. Nada específico. Ainda bem que tem pontos altos e tocantes, não? Porque em geral é isso que distingue uma obra em nossa ‘memória afetiva’. Posso apenas dizer, enquanto leitor, que gostei bastante do livro, que a leitura além de prazerosa me foi tanto gratificante, elucidadora, não de um ponto de vista meramente racional como muitos suporiam, mais de querer adentrar nesse mundo tão complicado e vasto quanto o do relacionamento entre pessoas. E o sentido da vida, de maneira geral, é o que liga corações dispersos e faz, entre eles, produzir alguma faísca que torne a comunicação possível e ao mesmo tempo necessária. Viver tem a ver com necessidade.

Acho que era isso o que tinha a dizer, ‘Joaninha Francesa’.

Um beijo e se cuida.

7 comentários:

Anônimo disse...

de verdade, volto aqui pra ler um dia destes, mas por agora tá difícil de te suportar. já que fui pretensiosa então vai mais uma: esse seu texto da lanchonete é o mais boçal que eu já li do que vc escreveu por aqui. e se vc quer perceber pq acho isso, ótimo, se não quer, ótimo tb. esses último não aguentei mesmo ler, não deu, engulhou, deu bode. e olha que tristeza falar isso sem nunca ter vivido tanta coisa legal... que se dane. não vale chorar leite derramado, sobretudo de bezerros ou de vacas na menopausa ou na meia idade... se vc gosta da sua vida, do seu jeito, vai fundo nela cara. a minha vida realmente não é grande coisa, e eu gosto dela, ñé mesmo? venho tentando mudar um pouco, mas gosto do que eu sou. vc gosta do q vc é. eu achei que gostava do que vc é, mesmo usando mais que tudo a intuição. mas contigo não tem intuição que resista, quem quiser te acompanhar tem q gostar de ser magoado ou atropelado... vai fundo aí, meo. vamu em frente, com tudo q a gente puder. se fui injusta contigo, vou acabar sacando uma hora dessas, mas acho que vc nunca vai pedir desculpas, sinceramente, a ninguém.

te cuida ai
abs

Anônimo disse...

por que começar um post
com 'Tuxa Querida'? vc não saca que isso machuca? pq fazer esquemas lógicos em cima de tudo?
pq mandar um email com 'gosto de ti' e depois vir com um quase questionário, um interrogatório,com a pérola: 'mandei pra vc e pra mais umas três ou quatro??' pra que?
eu gosto de vc. e vc me magoa. muito mais do que está disposto a me dar carinho, que pra mim vale tanto ou mais do que prazer.

Where I'm Anymore disse...

Pois bem, Renata, voltemos ao diálogo então!

Li seus comentários. E tenho muita coisa a dizer sobre eles. Mas dessa vez ficarei aqui no terreno dos comentários mesmo.

Nada do que eu escrevi teve objetivo de te ofender ou qualquer coisa do gênero. Absolutamente nada. Mas, por outro lado, o que eu quis te mostrar em grande parte desse post é simples: muito do que você diz de mim é justamente o que você mesma faz, entende? Eu tô apenas te mostrando isso. E novamente, você ainda tá caindo na sua própria cilada, por exemplo, quando diz, por exemplo, 'mas você nunca vai pedir desculpas sinceramente a ninguém'. E de onde você pode afirmar com tanta convicção isso, Renata? Eu simplesmente não entendo de onde vem essa capacidade tão grande de se fazer de ofendida. Porque eu te falei: nada do que eu disse foi pra te ofender. Ok, 'a gente pode ofender sem querer, sem saber que está ofendendo'. Mas me desculpa porque eu tô cansado disso.

Eu vou te dizer bem o que tá acontecendo: há cerca 7 meses a minha vida tá uma merda completa e absoluta. Por que? Por conta de uma coisa chamada 'mal entendimento'. Há 7 meses me encontro num estado de letargia profunda, de um desencantamento quase completo. E por que? Porque de uma hora pra outra, por motivo nenhum, comecei a ser alvo de acusações completamente infundadas e injustificadas. Sim. Totalmente inconsistentes. Por que? Porque não quiseram nunca me falar a verdade! Porque eu cai na bobeira mais uma vez de me apaixonar, de ser sincero, essas coisas. E a única coisa que eu vi é que quando isso acontece o que resta é incompreensão. Eu tive aqui que ficar pensando justamente sobre essas acusações que, muito estranhamente, você me faz de ser 'cerebral/lógico', de não saber sentir, de ser um monstro idiota, insensível e arrogante, de ter mudado de repente, etc. Sabe o que é ouvir isso de quem se gosta? Porque eu ouvi isso de uma pessoa de quem eu gostava e gostava muito e cheguei a conclusão simples de que ela não havia entendido absolutamente lhufas de quem eu era de verdade. Porque a verdade, Renata, é que as pessoas se defendem apontando o dedo nos olhos dos outros os problemas que elas tem. Eu ficava de todas as maneiras possiveis tentando encontrar as respostas para as acusações que eu recebi. Fiquei tentando entender uma coisa que tava acontecendo e que eu não sabia e não sei nem porque começou! Olha que absurdo! Eu realmente não entendo nem como começou. Ou até entendo agora. As pessoas jamais querem abrir o jogo, falar dos motivos delas. Em vez da sinceridade que querem apregoar, elas simplesmente fogem com desculpas idiotas e esfarrapadas. Ou então atacam. Quando não os dois. E eu to te mostrando aqui, Renata, apenas que você padece disso, dessa contradição: me ataca, mas faz o mesmo. Logo, então eu também poderia dizer, dentre outras coisas, que as suas desculpas jamais seriam sinceras, não? Percebeu que eu sempre quem tenho que 'perceber' que estou errado? É assim: de uma hora pra outra, virei o errado da história e pronto. E tudo que eu digo é material a ser usado contra mim. Porque o ponto é que o veredicto já está dado de antemão: culpado. Culpado porque não sei amar, porque realmente sou um lixo, porque travo, porque não sei ser carinhoso, porque não correspondo as expectativas que se criam em torno de mim. Culpado porque meu jeito é errado, reprovável, lastimável. E foi você mesma quem disse que não me censurava! Claro que censura. E a censura está justamente na maneira como aborda os temas, os assuntos. Há modos e modos de se dizer, de se posicionar. Eu falei disso no texto.

Quanto ao texto da lanchonete, ok: pode chamar do que quiser, Renata. A questão é simples: hoje aquelas reflexões fazem todo sentido do mundo para mim. Claro que é uma 'leitura tendenciosa' da realidade. Não nego. É e pronto. Só que é uma leitura que diz do turbilhão de coisas que está me atravessando e que eventualmente, em outro momento, pode não significar muito para mim. A questão é que eu to cansado de estar condenado de antemão em tudo o que eu faço. Eu estou cansado. Já pensei em tudo, inclusive cogitei suicidio, simplesmente porque eu não tava aguentando, oras! E pelo jeito, não vou encontrar alguem que esteja disposta a trocar comigo, a me entender. Eu tô falando de troca e não de imposição. E você da maneira que coloca, quer que eu mude, que seja imposto algo externo. E não funciona assim. Que gostem de mim da maneira como eu sou, ué. Senão, não é de mim que estão gostando. Simples assim. E de maneira geral, as pessoas me constroem simplesmente para depois me destruirem e acusarem de que eu fui falso, mudei etc. Quando elas na verdade nunca se propuseram a me conhecer verdadeiramente.

Como diria o Cioran, preciso encontrar um desespero novo, porque esse já deu o que tinha que dar. E se quiser, pode entoar a velha ladainha de que eu gosto de sofrer, etc, etc, etc. É seu direito, mas não é exatamente a verdade. Eu quero alguém que esteja disposto a estar comigo, a gostar de estar comigo, a conversar comigo - e naturalmente, alguém que me desperte isso tudo. Quero uma pessoa que eu julgue melhor do que eu não para me sentir menor, mas para me fazer crescer. Mas essa pessoa não existe. Infelizmente.

E quanto ao 'Tuxa', ok, se eu não posso ser carinhoso, se você está predisposta a interpretar tudo o que eu escrevo como um ataque, como uma afronta, tudo bem. Eu te chamo apenas de Renata e pronto. O problema é que a sua interpretação para o que eu digo já está filtrada e viciada. Mas se você quiser continuar pensando que eu sou um monstro, você também tem esse direito. Eu acho que devo ser mesmo, afinal de contas, você não é a primeira que me pinta assim e não será a última. Por isso o melhor que faço mesmo é me esconder ao máximo de qualquer um, afinal, quando eu me mostro eu sempre assusto! Ninguém quer conhecer ninguém, por mais que diga o contrário. Porque conhecer, se apegar a alguém, é sempre algo que demanda muita energia; é sempre um risco enorme gostar de uma pessoa com sinceridade. A maioria não entende; se faz de invadida, de acuada, de ofendida quando não tem nada a ver com ofensa. Na hora h as pessoas tem medo de se entregar. Os que se entregam e desejam viver a coisa intensamente, quebram a cara, ficam um montão de tempo tentando se recuperar até encontrarem outro caos maior para se refugiar. Só que, como eu disse, isso cansa, cansa, cansa e cansa. Acreditar cansa, se afeiçoar cansa, amar cansa.

E eu te digo uma coisa. Pense na frase que você colocou: 'quem quiser te acompanhar tem que gostar de ser magoado ou atropelado'. Olhe pra essa idéia e veja se só esse enfoque é suficiente. Mais idiota do que eu sou, mais 'rastejador' do que eu é dificil de encontrar. Todas as pessoas de quem eu gostei hoje eu fiz o possível e o impossível para amar da maneira mais bonita e respeitosa do mundo. O ponto, Renata, é que nenhuma se acostumou com o meu jeito, nenhuma gostou verdadeiramente de 'mim' - to falando de carne e osso. E daí inventaram todas as desculpas do mundo para me jogarem na forca e você tá colocando apenas mais uma. Você faz o comum: inverte o problema. Se eu gostar da pessoa e se a pessoa gostar de mim, não haverá espaço para ofensas. A não ser que se faça de ofendida por uma coisa estupida - e eu já vi muito isso. E eu tenho todos os problemas do mundo, mas eu pelo menos não costumo culpar os outros pelos meus problemas.

Um beijo, menina e se cuida!

Guilherme

Anônimo disse...

-- Todas as pessoas de quem eu gostei hoje eu fiz o possível e o impossível para amar da maneira mais bonita e respeitosa do mundo.

-- O problema é que a sua interpretação para o que eu digo já está filtrada e viciada.

-- O ponto, Renata, é que nenhuma se acostumou com o meu jeito, nenhuma gostou verdadeiramente de 'mim'

-- E daí inventaram todas as desculpas do mundo para me jogarem na forca e você tá colocando apenas mais uma. Você faz o comum: inverte o problema.

-- E eu tenho todos os problemas do mundo, mas eu pelo menos não costumo culpar os outros pelos meus problemas.


-- Como diria o Cioran, preciso encontrar um desespero novo, porque esse já deu o que tinha que dar. E se quiser, pode entoar a velha ladainha de que eu gosto de sofrer, etc, etc, etc. É seu direito, mas não é exatamente a verdade. Eu quero alguém que esteja disposto a estar comigo, a gostar de estar comigo, a conversar comigo - e naturalmente, alguém que me desperte isso tudo. QUERO UMA PESSOA QUE EU JULGUE MELHOR DO QUE EU, NÃO PARA ME SENTIR MENOR, MAS PARA ME FAZER CRESCER.MAS ESSA PESSOA NÃO EXISTE. INFELIZMENTE.


quer uma dica? preste atenção à sua própria conversa. eu vejo vc de fora, e simplesmente muito do que vc está dizendo é quase o oposto q vc realmente faz, q vc deixa o outro perceber, pq se comunica pela metade. pq monologa 90% do tempo. pq impõe isso. pelo menos a mim, impôs. pq eu deixei, é claro, e não me arrenpendo, e não me sinto em dívida contigo, e nem que vc tenha qq mínima 'dívida' comigo. talvez um dia vc perceba o que te faz sofrer tanto. pq ao que parece, isso tudo te preocupa sinceramente, sim, mas muito mais a ti do q o quanto isso faz as pessoas que estão perto de ti sofrerem, por não poderem se aproximar. ou vc acha que é bacana tentar chegar perto de vc e não conseguir?? ou vc acha que não tenta o tempo todo 'mudar' os outros, de forma consciente ou inconsciente???

tenho uma cacetada de defeitos, como todo mundo, e toh sempre tentando estar alerta a eles. muitas vezes sou dura, exigente, exageradamente racional. Claro que não quero ser perfeita, ninguém é idiota assim. mas tento evitar fazer julgamentos sempre que posso, justamente pq sei o quanto posso ser injusta. Coisa que vc opta por fazer ao contrário: é uma máquina de julgamentos! 'Não uso o que percebo para julgar, vc diz, e simplesmente não é isso o que ocorre.já falamos disso outras vezes, mas vc não mudou de idéia pelo jeito, e nem eu. paciência. mas vc não é simplesmente direto quando os expõe (os seus julgamentos), mas querendo ou não é cruel,sim, muitas vezes é escroto. Um relãmpago te revela uma visão, um mundo, e vc a expõe, pq não pode deixar de ser sincero, de revelar o que vê. Mas os seus relâmpagos, acho eu, são coisas suas, criações suas, um facho de luz sobre uma realidade que daqui um minuto, se vc prestasse maior atenção, veria que está se transformando, olha lá, olha lá, já mudou, já amaciou, já não é essa discórdia toda, essa dor de faca, esse punhal pontudo!!! mas vc não espera amaciar, vc dispará-- zás!! e quem viu viu, pra quem doeu se fudeu, era obrigação do seu olho que viu, falar!!! Isso te faz, aos meus olhos, um monstro ou doente ou criminoso? não. pq senão eu não estaria aqui. Não te faz nada disso, mas te deixa confuso, angustiado, triste, TALVEZ solitário.pq confunde e afasta tb outras pessoas, principalmente as que não te conhecem melhor, como vc sempre diz, e eu acredito. talvez então vc não afaste a mulher que vier a te amar um dia, como vc quer, que não se ofenda por 'bobeiras'. vai saber. pode até ser, né? tem gente que fica anos se ofendendo por 'bobeiras'. eta gente besta, seu!! vc pode achar que não, mas VC TB se ofende por bobeiras. E se fecha como uma ostra ou liga o piloto automático ou simplesmente usa um expediente ainda mais terrível: o interrogatório. Enfim. impressões, e quem é no inferno que não tem as suas, né?

Não me sinto solitária. pelo menos sei que já fui muito mais solitária e mais angustiada do que sou hoje. Não me sinto burra (hahaha), insensível nem escrota. Não me vejo? Pode ser. Sempre pode ser. tem gente mais chata do que as pessoas q dizem q não são chatas??? quem enxerga isso é sempre o outro... Mas geralmente, das poucas pessoas com quem convivo, não recebo esse tipo de retorno, de crítica. faço carinho quando tenho vontade, critico sempre que acho necessario, grito e xingo tb (com vc me contive em tudo isso pra caramba, pq tive de falar escrevendo, sem conhecer bem, sem ver a reação de quem me provocava, e isso me parecia (ainda parece) estúpido e perigoso. Vc áí fala de suicidio, eu realmente não posso saber qdo uma pessoa usa esse tipo de coisa falando a sério ou pra fazer chantagem (a musiquinha 'carente profissional' tá aí, exposta pra quem quiser interpretar, não?.) Mas talvez tenha sido mesmo essa a maior bobagem, não reagir desde o primeiro minuto ao que me agredia, ao que me agride constantemente, ao mesmo tempo que diz coisas boas, bonitas. vai saber... agressividade radical tb é uma questão de modernidade, de estilo, não?? argh!). Olha, acho q é isso. Sei lá quem é a pessoa por quem vc se apaixonou há sete meses... eu realmente já não sei mais nada, mas já não me afeta tanto isso, pq tb não conto mais o tempo em muitas histórias. No máximo guardo as sensações, os gestos, e nunca pra enfiar no bolso ou sorrir como uma múmia satisfeita e embalsamada. essa historia do guardar no bolso é uma imagem engraçada pra mim. não sei bem de onde saiu, como diz vc, 'um dia tenho que escrever sobre isso-rsrs'. Pq o meu bolso nunca teve fundo, sabe? E eu não quero mesmo que tenha. Toh escrevendo aqui correndo, cansada pra cacete, sem me preocupar se sou coerente ou não, se vc vai ficar pegando firulas, se vai cagar e andar, se vai achar contradições ou o escambal. Toh escrevendo pra ver se páro logo de ler isso aqui. Toh escrevendo pq toh triste. Mas vou ficar legal pq quero isso, e pq não faço chantagem emocional com ninguém, como vc faz e fez por tanto tempo.
Pode ser que eu mude de opinião sobre as coisas que falamos (falamos???rsrsr--por aqui)== (mudo bastante e não acho isso ruim. por outro lado tenho alguns principios, sim, e esses não dá pra mudar. mas penso q isso não me faz egocêntrica como vc, não, e nem dona da verdade.) acho que vc é muito mais um buscador de verdades do que eu.

E tb não quero, sinceramente, achar alguém melhor do que eu. por motivo nenhum desse mundo. quero estar perto de quem se esforçar para me enxergar (pq eu me esforço, muito, pra enxergar todo mundo que passa por mim.hoje mesmo fiz isso, e acho que valeu a pena, no trabalho). Quero alguém que perceba que a vida passa quase num minuto,zumm, e que não faz sentido ficar buscando absolutos, buscando brilhos, buscando distinção, buscando respostas metafísicas, buscando marcar meu nome num livro ou na calçada do vizinho. se ainda amar mais na vida, tomara que sejam pessoas iguais a mim (tendo sempre a me achar igual a todo mundo e isso está muito longe de uma idéia que vc e meio mundo parecem fazer do que é originalidade e do que é mediocridade). tomara até que seja alguém pior (caralho, o que é isso de alguém 'pior' que eu???uau. difícil...posso imaginar um monte de pessoas q eu não gosto, q eu vou atravessar a rua para não cruzar. mas não tenho a manha de achar ou dizer que são piores do que eu). Quem sabe aí nesse caso, de achar alguem 'pior', eu consiga dar uma mão, se a pessoa for agressiva pq sofre, se for egoista pq sofre, se for mesquinha pq sofre, se for travada pq sofre. ou talvez ela me dê uma mão pq, muitas vezes, embora tente gostar de estar viva e conviver, é claro que eu tb me sinto exatamente assim.

Abs

Where I'm Anymore disse...

Por favor, eu insisto em perguntar:

"Quem é você?".

Você é muito estranha, Renata. E isso está longe de ser ruim. Mas tem alguma coisa por trás. Isso tem. Não tenho dúvida que você não apareceu nesse espaço por acaso. Nenhuma mais.

Tem alguma coisa realmente muito estranha no seu discurso, porque você fala com uma propriedade - não que eu concorde com tudo, o que pouco importa - de quem me conhece para além dos textos do blog.

Sabe qual o problema disso tudo? Foi simplesmente não viver. Entendeu? Não viver. Podia perder aqui todo o tempo do mundo dizendo que você tem acertos, que eu discordo de algumas partes, mas agora eu tenho certeza absoluta de quem você é. E você sabe do que eu estou falando. O problema é que eu te amei desde a primeira vez que te vi, sacou? Foi unica e exclusivamente isso. E que eu não entendi absolutamente nada depois. Nada. E não entendo, pra te ser franco. Nada. Nadinha de nada. A questão é que eu te achei sensacional. E pior: que ainda te acho. O pior é isso: que eu te acho sensacional ainda. E não se trata de querer fazer drama. Nunca foi esse o grande problema - mas você sabe na porra da sua pele que você também já SENTIU esse drama que eu to falando aqui. E sentiu porque era uma coisa legitima sua, como é legitima minha. Pode me xingar o quanto for porque simplesmente isso que eu sinto de bonito por você não mudou, embora você ache que eu deturpei tudo. Não mudou um milimetro sequer. Você não entendeu merda nenhuma e pelo jeito continua sem entender, Renata. Paciência. Paciência. E não vai mudar isso durante um bom tempo, porque você nunca foi capaz de entender por um segundo sequer o bem que você me fez. Você é louca demais e eu sei o quanto. Mas foi isso que me fez gostar de você bastante. E você caiu na cilada de me interpretar de maneira errada - pra variar. Gosto de você sim porque acho que você é melhor do que eu, mas isso não me implica me sentir pequeno. Jamais. Me faz ser grande! Aliás, estar com você me dava era esperança e você sabe disso! E nada do que eu disse para você fosse em que lugar fosse era falso, menor. Não eram meias palavras, meras palavras. E era de você quem eu dizia que de repente ficou linda e eu não consegui de esquecer de jeito nenhum. Em pouco tempo eu tava fascinado, porque estar ao seu lado me fazia sentir bem, pleno. Porque eu tinha - e pior, tenho - desejo por você. Foi em você que eu pensei nesse tempo todo e não no meu passado, no meu bolso. Foi apenas em você que eu pensei.

E se você quer continuar a bater o pé, tudo bem, pode bater. Se quer me achar escroto, idiota, falso, etc. Tudo bem. Mas isso não muda o que eu sinto por você. Em nada. Eu quis você foi pra aprender a sentir, para sair da casca, para encontrar prazer em viver. Foi por isso que eu te quis e nada mais. Foi para pensar menos. Mas quando você ficou arredia, oras, é óbvio que eu iria pensar mais e mais e mais. Óbvio! E você também já fez isso, porque você mesma me disse. Só que parece que sou apenas eu quem penso, quem sou racional, quem não sente merda nenhuma. O problema é que eu sinto e sinto bastante e isso muitas vezes dói.

Você é muito louca! Putz... Eu então eu estou ficando completamente maluco. Não me importo. Eu gosto de você e não é pouco.

Se um dia você acreditar, me avisa.

Beijos e saudades.

PS: E sim, menina, as desculpas sempre foram sinceras. Eu sempre quis resolver isso porque eu não queria nem te fazer sofrer, muito menos queria sofer. Mas cabe é a você acreditar ou não no que eu te disse.

Anônimo disse...

Oi, gostei muito do sue blog!
Achei super legal, maravilhoso, wondeful, very nice. continue sempre assim. ah vc tem e-mail para contatos? é solteiro? rs...desculpe por ser direta, mas seus textos me encantam.

Beijocas mil

Where I'm Anymore disse...

Você continua a mesma louca de sempre. Pena que eu continu gostando de você mesmo assim - até porque eu também sou louco.

Eu te amo.

Beijos e muitas saudades.