terça-feira, 4 de novembro de 2008

Não!

One, two, three…

They took his kids,
He was right
They took his ears,
They took his eyes,
They said a ride
Is never free,
He couldn’t hear
He couldn’t see.
Well there are things
That have to die
So other things
Can stay alive
The fire burns,
It burns to give,
It has to burn, alive,
To live.

The other men spoke low;
They took a vote and said no.
They turned around real slow
Where did they go? Where did they go?

Is the question of the question
Can the kids shoot their sides?
If the fire hasn’t died, say NO!!!
Say NO!!!
Say, “You don’t know what king we serve, boy.
You don’t know what things we employ.”

The other men spoke low;
They took a vote and said no.
They turned around real slow
Where did they go? Where did they go?

Is the question of the question
Can the kid keep his eyes?
If the fire doesn’t die
Can the kid keep his eyes?
On the question of the question
Can the kid keep his eyes?
If the fire doesn’t die
I said be CAREFUL
Of what you wish for
Oh be CAREFUL
Of what you wish for
And be CAREFUL
Around the fire-light
And be CAREFUL
Around the bright, bright, light
‘Cause the fire never dies
So the kid hurts his eyes
Oh, that’s how it goes, Baby
That’s how it goes, Baby
That’s how it goes, Baby
That’s how it goes.

(They Took A Vote And Said No, Sunset Rubdown)

11 comentários:

Anônimo disse...

oi
Quer falar um pouco da letra dessa música? meu inglês é ruim e a tradução que tentei aqui pelo google é horrosa, traduziria melhor sozinha. Só que não tive tempo pra tentar, hoje, nem pra prestar atenção à letra. Não tive tempo pra quase nada, pra falar a verdade, e tb não consegui cumprir com eficiência tarefas que significam um pouco de grana a mais no fim do mês (rs). Acho que sou a pessoa mais desorganizada que conheço.Se não quiser falar da música, fala de qq coisa.Só preciso ouvir vc um pouco.E imaginar a sua voz falando.Só isso. Vou poder ler depois das 21h30, 22h.

bjs
R.

Anônimo disse...

bom, tentei.

Boa noite.
R.

Where I'm Anymore disse...

Olá Renata!

Acabei de chegar em casa agora, 23:15h.

Engraçado, Renata, porque às vezes eu coloco uma letra nesse espaço não pelo sentido total, pela compreensão integral, menina, ma por um trecho que me chama atenção em particular. Segunda pela manhã fui a minha psicóloga e no caminho estava ouvindo o 'Shut Up I Am Dreaming', do Sunset Rubdown, um dos discos da minha vida. Não sei porque cargas d'água eu me peguei prestando atenção na letra dessa música, em um trechinho:

Well there are things
That have to die
So other things
Can stay alive
The fire burns,
It burns to give,
It has to burn, alive,
To live.

Meu inglês também é bem ruim, para ser franco. Mas esse trecho realmente me marcou. E me marcou porque em outra letra desse mesmo compositor - em outra banda - ele diz algo semelhante, de maneira mais sintética: 'all fires have to burn alive, to live'. Uma coisinha boba, mas que me toca profundamente. Isso me lembrou um episódio de uma série chamada 'Arquivo Morto', que assisto no domingo no SBT. Nunca tinha visto tal série. De maneira geral, trata-se de um daqueles programas investigativos, em que policiais tem que desvendar alguns casos cabulosos. Pois bem. O segundo caso da noite foi o que me chamou atenção. Tratava-se de um 'serial killer' que selecionava mulheres e as aprisionava num porão. Os policiais haviam prendido o 'camaradinha', mas ele não explicava bem o porquê de suas atitudes, das escolhas de suas vítimas. Falava 'por meio de charadas'. Numa dessas, ele perguntou para a policial que o estava 'interrogando' no carro o seguinte: 'o que te faz querer acordar todos os dias'? De maneira resumida, Renata, o que aconteceu foi o seguinte. Esse serial killer era editor de um desses estúdios de filmagem. A escolha dele consistia no seguinte critério: por meio das imagens, ele selecionava as mulheres que tinham um sentido em suas vidas. O que ele queria provar é que aquele sentido não existia em si mesmo, mas que era uma 'ilusão de sentido'. Por isso ele prendia elas no porão. Para ver por quanto tempo aquela ilusão as manteria vivas. Chegava um momento que ele abria as portas do porão, mas elas tinham perdido a esperança, de modo que a vida se transformavam em uma mera formalidade. Diante disso, elas 'desistiam' da vida, se entregava. O que dava prazer a esse serial killer era justamente isso: ver as pessoas desistindo. Ele tira um sarro dizendo que, dentre as quatro pessoas que ele havia aplicado tal procedimento, a primeira que desistiu da vida foi a que acreditava em Deus. Como ela 'percebeu' que Deus não iria fazer nada por ela naquela situação, foi a que se entregou num tempo menor. Falei disso tudo, Renata, porque a idéia do Spencer Krug com os trechninhos que te mandei é exatamente essa, de se procurar manter 'as chamas acesas para querer viver'. Volta e meia eu fico aqui pensando nisso: o que me faz querer viver? Porque a vida em si mesma não tem um sentido a priori, em essencia. Não acredito em Deus no que se refere a ser uma força superior 'benevolente'. Se ele existe, e essa é a grande dúvida, ele definitivamente é algo extra-lingageiro e, portanto, totalmente diferente do que as pessoas costumam imaginar ao concebe-lo. Eu fico aqui pensando em que acreditar. Sempre chego a mesma conclusão: acredito nos seres humanos, afinal, é tudo o que eu tenho de palpável. Só que o problema é que acredito cada vez menos. Minha fé nos seres humanos também está diminuindo dia a dia.

(Fui jantar, já voltei).

Deixa eu continuar.

A impressão que tenho é a de que sou completamente 'ininteligível'. Até por isso eu reclamo dos eventos cíclicos: quando parece haver alguém que consiga me compreender, que consiga dizer coisas que eu penso antes mesmo que eu seja capaz de falar, quero dizer, com quem eu consiga manter uma sintonia fina, esse alguém acaba se deixando levar por quem eu não sou. Deixa a ilusão se superpor a realidade. E de repente as coisas terminam sem eu nem saber como. E isso desgasta, dói, machuca. Porque de fato, o maior dos problemas da minha vida não é outro que não a solidão. Lembro-me sempre da 'Maurício', da Legião Urbana: 'me sinto tão só e dizem que a solidão até que me cai bem'. Fato é que tenho me sentido muito solitário nos últimos tempos. E realmente dói. Quero dizer, dói não conseguir encontrar alguém com quem compartilhar essa solidão, alguém que efetivamente esteja no mesmo barco. Alguém com quem haja a possibilidade de haver um reconhecimento tácito. Eu achei que era possível desenvolver isso com a Internet, mas não é: sempre a expectativa vence. Cria uma situação em que as coisas necessariamente tem que acontecer sob pena da frustração alheia. Desloca-se a beleza do que aconteceu. Porque quando eu digo que desejo uma pessoa, eu desejo ela por inteiro: corpo e 'alma'. Eu quero o prazer da companhia, do estar junto. Ainda ontem eu estava relendo alguma coisa do Caio Fernando, quando me lembrei de um conto que é o favorito de um grande amigo meu. Chama-se 'Do outro lado da tarde'. E ali tem umas passagens que são extremamente tocantes. É bonito você ver duas buscas se encontrando, se tocando, sem saber exatamente o que estava acontecendo. Algo próximo, por exemplo, do 'Aqueles Dois', do Caio também. Porque o mais gostoso é a companhia; é poder ter o outro ao seu lado sem medo, sem te estranhar, sem te pressionar, sem ficar pensando em. Tem um parágrafo que, particularmente, salta aos meus olhos:

Durante todo o tempo em que pensei, sabia apenas que você vinha todas as tardes, antes. Era tão natural você vir que eu nem sequer esperava ou construía pequenas surpresas para te receber. Não construía nada - sabia o tempo todo disso -, assim como sabia que você vinha completamente em branco para qualquer palavra que fosse dita ou qualquer ato que fosse feito. E muitas vezes, nada era dito ou feito, e nós não nos frustrávamos porque não esperávamos mesmo, realmente, nada. Disso eu sabia o tempo todo.

E acontecer esse tipo de coisa, Renata, me parece hoje completamente impossível. Como eu te disse, vivi isso uma única vez e foi tão estranho que até hoje me deixa baqueado. Acabou, é claro. E eu sempre fico com aquela impressão de que as coisas não vão acabar e demoro a conseguir aceitar os pontos finais. Aliás, esse é outro traço muito presente em mim: eu contesto muito o mundo, aceito poucas coisas.

E quando eu começo a acreditar, é complicado. O mundo muda, há sentido na vida. É preciso ter algo em que se acreditar. Mas a medida que a gente vai sendo golpeado sistematicamente, da mesma maneira abrupta e inesperada, fica difícil dar a cara a tapa mais uma vez. Claro que não dar não resolve muita coisa. Mas é que desgasta, machuca, fere. Hoje, por exemplo, eu estou doente. Não é brincadeira, não é charme o que eu estou dizendo. É fato. Eu fico sempre tentando entender os porquês de coisas que não tem porquê. A sensação que eu tenho é a de que nunca vou efetivamente viver, ou, como diz uma amiga minha mais espirituosa, 'nunca vou me libertar desse coma que eu chamo de vida'. A verdade é que eu realmente sequer sei o que espero, quero dizer, não posso prever o que não sei. Queria realmente que alguém pudesse me entender, entender meu jeito, o significado que eu dou para as coisas no mundo, as minhas posturas, as maneiras como eu sei amar e demonstrar esse amor. Quero alguém que me ajude, que esteja disposto a me ajudar. Quero alguém que não tenha medo de mim, que goste de estar ao meu lado pura e simplesmente por gostar, sem ficar pensando muito nas consequências disso. E isso é realmente muito mais complicado do que eu poderia imaginar.

Acho que já falei muito, não? Peço perdão por você não ter conseguido ler a tempo a minha mensagem, mas não foi negligência de minha parte.

Um beijo para a senhorita e aguardo por um retorno seu!

Guilherme

Anônimo disse...

a tal coisa cíclica às vezes rola brava. Vc pode não acreditar, mas de novo me aconteceu algo que começo a achar que soh pode ser explicado por algum tipo de sincronicidade. Escrevi um textão enorme em email pra colocar aqui pra ti aqui, mas perdi tudo antes de gravar. E então saquei que era isso mesmo, tinha que perder, pq tinha palavras demais, sentimento de menos.
E talvez seja exatamente isso que queria te dizer. O que não gosto por aqui é de momentos como agora, em que há palavras demais, falação demais. Sem querer ofender, nem ser grosseira como acho que acabei sendo hoje ao trocar mensagens com um amigo no celular. Enfim, não tem muito mais o que dizer por enquanto, não. Me preocupo contigo, acredito qdo vc diz que o problema não é ter de usar email ou celular, mas precisar do escudo-ponte das palavras. Acredito porque fiquei lembrando de um monte de coisas que me intrigaram, e elas batem com isso que vc explicou. Mas se é assim, é algo difícil de lidar, não só pra vc, mas prá quem gosta e deseja vc. Só que também não posso me anular, me reprimir -- nem fazer o que vc nem percebe que pede, mas que é como um apelo,um chamado, uma tentativa de impor uma vontade quase infantil -- por temer ser grosseira, não compreensiva, não sensível. Se vc tentasse (mas tentasse direito, pq o que não se procura da maneira certa não se acha) me entender tb um pouco mais, em vez de dizer sempre 'sou frágil e diferente e sofro' (acho que muita gente, sobretudo gente legal, que vale a pena conhecer, se sente um pouco assim); bom, se tentasse um pouco mais alcançar não a mim, mas o outro que vc busca entender e encontrar, talvez percebesse que em boa parte do tempo real (de convivência, de troca)vc é igualmente grosseiro, insensível, quase intocável. Então, bandeirando um pouco o MEU sofrimento, hoje e ontem sofri. Porque foi difícil dizer não querendo dizer sim, e pra alguém que não consegue ouvir um não em determinadas situações, mas que precisaria aprender, se não quiser enlouquecer toda pessoa de quem realmente se aproximar, de quem realmente se entregar, se deixar tomar por ternura, identificação ou por desejo. Um 'NAO' não é um descarte, um descaso, uma ausência de paixão ou de carinho ou de desejo. Sofri ao dizer e depois sofri ao receber um NAO entre ontem e hoje, e reagi, mas me afeta muito mais pensar que podia ter te atingido de outra forma, que não essa que vc expõe por aqui.
Toh agora me perguntando o que é mais difícil: desejo sem intimidade ou intimidade sem desejo.

Bjs meu querido
(e é meu querido mesmo,
do jeito mais doce e terno
que vc possa imaginar uma
mulher falando, tá?)

quero achar um jeito de amar
você. ainda mais. se é que eu consigo mais.

-----

Where I'm Anymore disse...

Olá menina!

Li seu recado hoje de manhã antes de ir para a faculdade. Nesse meio tempo fiquei pensando a respeito do que você comentou.

Sobre o tamanho do texto, sobre a coisa da necessidade excessiva de explicações, menina, eu faço duas observações que são de alguma maneira interdependentes. A primeira delas, menina, é a de que eu tenho um pavor imenso de ser mal interpretado e isso, de alguma forma, se traduz num excesso de didatismo de minha parte, de ficar especificando tudo, colocando todos os pingos nos is, por assim dizer. Tenho mania de exemplificar, relativizar, essas coisas. Mas você sabe: quanto maior o medo, maior também a probabilidade de ser acometido por tal medo. De modo que eu realmente deveria não me explicar demais. Em segundo lugar, Renata, há uma relação diferente da minha parte com o tamanho do texto: para as pessoas que gosto e estão distantes de mim, procuro escrever o máximo possível como sinal de carinho, consideração, atenção. Ok: escrever muito não quer dizer necessáriamente 'dizer' muito. Mas no meu caso específico, eu poderia fazer essa aproximação. Falo muito para estar o máximo de tempo possível por perto, em certa medida. Sabe aquela coisa da gente perceber que um livro está acabando e começar a ler mais devagar para não terminar? É mais ou menos disso que eu tô falando. Quando recebo um e-mail de alguém, fico exatamente dessa maneira. Não tenho uma relação boa com finais, com despedidas, com interrupções, como já disse.

Tem outro ponto interessante que você levanta: o de uma tendencia a vitmização, ao fatalismo. Não me enxergo totalmente como vítima, Renata, ao passo que não nego por outro lado que muitas vezes isso é um recurso que a gente tem para buscar atenção, carinho, afeto. Seria mentira dizer, por exemplo, que tudo na minha vida é ruim, sofrido, etc. Há sofrimento? Sim. Há alegria? Sim. Há os dois, mas talvez numa proporção distante daquela que eu consideraria adequada. Bem, mas como eu dizia, você também volta e meia usa desses recursos, quero dizer, se vitimiza, usa de cinismo, de ironia, recursos que são totalmente válidos e que todo mundo usa em maior ou menor escala de maneira mais ou menos clara. É legítimo. Hoje eu entendo melhor que quando você, volta e meia aparecia me 'atacando' de repente, isso não significava o evidente. Não era ódio. Era carinho disfarçado, necessidade de atenção. Cada um usa os meios que conhece e domina para obter atenção. Volta e meia eu posso fazer um drama maior do que a realidade. Outras vezes não - ou pelo menos eu não sinto dessa maneira.

Quando ao 'insensível, intocável, grosso', talvez eu seja assim ou talvez eu pareça ser assim diante daqueles que não me conhecem um pouco mais detidamente. Vou contar um caso bobinho, apenas para ilustrar. Lembro-me de quando entrei no colégio que fiz ensino médio. Logo de cara eu não simpatizava muito com uma menina de lá. E eu tenho uma coisa forte com esse negócio de intuição. Até que um belo dia surgiu uma oportunidade de conhece-la um pouco melhor e para minha grande alegria eu percebi que ela era uma pessoa realmente bacana, sensacional. Posso ter essa 'imagem blasè'. Não nego. Mas isso não condiz necessariamente comigo. Muitas vezes essa distância tem mais a ver com a imagem que constroem para mim do que propriamente com minhas posturas. É aquela coisa que já te disse: posso não saber me expressar, não saber sentir, ter medo de ser rejeitado, etc, mas não tendo a ser pouco receptivo com quem me conhece. Pelo contrário: o tempo todo eu tenho medo de ofender meu interlocutor e por isso por vezes acabo sendo excessivamente polido. Claro que seria bobagem minha não reconhecer que eu tenho algo de 'anti-social' em grande medida. Eu gosto 'dos meus pares', por assim dizer. E isso talvez seja aparentemente discriminador. Há um comportamento excessivamente preservador, que tende a não correr riscos nisso. É como tentar fugir o tempo todo de não estar por perto de pessoas que não me interessem. Claro que isso tende a um isolamento ainda maior. Eu me sinto extremamente incomodado de ter que forçar simpatia, de representar, embora reconheça que não há muito como fugir disso no dia a dia. Enfim. Tudo isso, talvez, contribua para essa bela imagem que eu cultivo.

Para finalizar, menina, tem uma coisa que não ficou muito clara: eu não te disse não. Eu te dei apenas um conselho baseado em toda a cadeia cíclica que me permeia. Eu te disse 'não' durante o tempo que deixei de responder suas mensagens. Disse não - sem dizer - porque eu estava envolvido em outra circunstância e, sendo assim, gostaria de assegurar a fidelidade do meu sentimento a pessoa por quem eu estava apaixonado, ao passo, que não queria vir aqui e te dar falsas esperanças em relação a qualquer desenrolar eventual. E isso tudo acontecem em paralelo a postura rude que você começou a tomar em relação a mim. Ali eu, sem dizer, te disse não. Aqui, agora, não disse - mesmo que eventualmente até o fizesse. Tanto que venho, converso, argumento, explico, ou seja, faço questão de manter contato com a senhorita. O que aconteceu, Renata, foi apenas que eu resolvi 'abrir o coração' e dizer tudo que eu estou sentindo nesse momento. Não quis te ofender, não quis dizer que as minhas menções se referem a você, ou que tudo sempre irá se repetir. Aliás, se eu acreditasse que tudo fosse se repetir indefinidamente, a única solução realmente seria me matar, afinal, aí seria uma tremenda bobagem viver, tentar, acreditar, ter fé.

Mas eu gosto que você venha aqui e fale tudo o que pensa, mesmo que as vezes pareça ser precipitadamente rude. Pelo menos me dá a oportunidade de colocar meu ponto de vista e de repensar as minhas posturas.

Agradeço pelo seu carinho, amor e insistência, menina!

Beijos!

Anônimo disse...

Meu texto anterior tá bem mal
escrito (tava cansada paca e dolorida por um 'não' ou um bobo 'pode ser' que veio de outro canal,bem diferente daqui). Mas se ler de novo e relevar o que ficou um pouco confuso, vai entender/sentir coisas que tem procurado (me parece) sacar há bastante tempo, mas simplesmente não consegue relaxar e inverter o foco.Isso realmente ajuda, como vc mesmo tem falado por aqui. Me ajudou, por exemplo, a usar a palavra amor, que raramente uso, mas confirmo e acho que no contexto foi bem empregada. (Me sinto fazendo o último relatório para os acionistas da companhia, mas é o caminho que encontro para tentar te responder. E sem ser agressiva, pq te agredir (e, como dizes, ser agressivo tb é 'válido'), sem que exista um pouco mais de clareza e entendimento, não me faz bem e nem a ti.
--Vou estar mesmo (de verdade) à sua disposição, para te ouvir e responder o que vc eventualmente quiser ou precisar perguntar. Se isso não acontecer, talvez seja pq finalmente fechamos um ciclo. E aí torço para que a gente fique bem com o que vivemos, os dois, cada qual em sua tentativa de troca, de encontro. Mas não posso escrever muito aqui, me deixar absorver por ti, pq sou desorganizada, tendo a não me concentrar no trabalho, nos compromissos práticos. E tenho uma revista inteira pra apurar e escrever em menos de 12 dias, à parte a rotina de um curso temporário e do trabalho fixo -- que estou pensando em deixar nas próximas semanas, mesmo sem ter outro em vista.

bom, por enquanto é isso.
um grande bj pra ti.

Where I'm Anymore disse...

Engraçado. Vou começar falando uma coisa que não tem muito a ver, embora em outro sentido tenha demais. Dia desses mandei uma música de uma banda chamada 'Swan Lake' para um amigo meu. A 'All Fires' de que lhe falei na madrugada é do Swan Lake, cujo vocalista - Spencer Krug - é o mesmo do Sunset Rubdown. E esse meu amigo falou uma coisa totalmente coerente: gosto do vocal do Spencer Krug; parece que ele canta as suas músicas como se fossem a últimas canções de sua vida. E realmente tem muito a ver com isso: não que ele seja um interprete por excelencia, mas ele imprime uma carga emotiva tão avassaladora no jeito de cantar que realmente me destrói, para te ser bastante franco. Isso porque já uma identificação: tenho a impressão sempre de que tudo está prestes a acabar. Pode parecer exagerado, pode parecer idiota isso, mas é verdade. Tanto que quando fui confessar meu amor por uma menina que eu gostava e por quem no início eu fazia de tudo para esconder isso de mim mesmo até não aguentar mais - e eu funciono muito assim: levo tudo ao limite da tolerância - a justificativa que encontrei foi uma: eu tinha medo de morrer e não dizer tudo aquilo que estava entalado dentro de mim. E isso não era um recurso retórico para fazer drama.

Eu funciono muito nesse sentido: sou excessivamente impulsivo e muitas vezes demasiadamente exagerado. Não tem jeito: eu gosto de compartilhar tudo que me toca, que me afeta com as pessoas que de alguma maneira me tocam. E isso muitas vezes é confundido com 'vontade de querer aparecer', quando na verdade faz parte de mim ser assim. Quando vejo, estou eu no correio já postando algum texto, algum livro, alguma coisa que me lembrou meu destinatário. Ou então gravando para alguém um cd que me fascinou. Não consigo guardar nada apenas para mim por muito tempo.

Achei engraçado a sua menção ao não entre aspas. 'Não'. Porque eu também não consigo entender bem o que você procura nessa vida, Renata. Digo, claramente. Foi o que eu te falei: eu mesmo não sei te dizer bem o que desejo - embora deseje algo sempre. Esse seu 'não' e um 'pode ser' apontam para algo que eu não soube precisamente definir. Se você se sentir a vontade, seria bacana que você falasse sobre isso.

Sobre a coisa das conversar nos ajudarem a repensar o foco que a gente utiliza para olhar os eventos da nossa vida, sim, digo que você tem razão. É engraçado porque muitas vezes a gente até sabe o que tem que ser feito, mas precisa das palavras certas vindo das pessoas certas para tomar uma ação mais efetiva. Em todo caso eu sempre aqui me questiono sobre a minha própria postura. Sou muito auto-crítico para me limitar a olhar tudo apenas por um único viés, embora, como você colocou, tenho algumas crenças que são um tanto sólidas. Mas isso não me impede de olhar e ver em que medida quem realmente 'erra' ou 'repete atitudes que não levam a lugar algum' sou eu. Eu sempre costumo assumir as culpas pelas coisas que não acontecem na minha vida, até mesmo pela coisa da auto-estima. Mas tenho percebido que muitas das críticas recorrentes que fazem a mim, a minha postura, serve apenas para mascarar a responsabilidade do outro lado. Um paliativo do tipo 'vou tentar jogar a batata quente só para ele e eximir a minha responsabilidade'. Antes eu achava que a 'culpa' pelas coisas não fluirem de maneira adequada era apenas e tão somente minha. Hoje percebo que não. É minha também. Ainda recentemente me disseram que eu 'tenho um pavor imenso de sentir', o que não é algo totalmente incorreto. Eu diria, inclusive, que muito acertado. Como disse a tal pessoa, eu não chamaria exatamente de medo, mas de desconhecimento. Não sei sentir. Mas a questão é que isso não explica tudo, percebe? Apenas desloca o problema para um lado, como se uma relação dependesse apenas de um dos lados. Gostar tem a ver com esse entendimento e com essa responsabilidade, quero dizer, se ele tem medo, como eu posso fazer com que ele perca o medo? Constatar o problema é sempre mais fácil do que encontrar uma solução. E isso não tem a ver apenas com a maneira com a qual eu olho para um problema, mas como também olham para mim. É uma relação de dupla troca. O problema é quando nela se estabelece a coisa do 'eu estou certo você está errado'. Quem fala geralmente acha que está certo e tende a não admitir os seus furos. Eu não tenho muita essa preocupação: o que eu vejo enquanto erro, equívoco, omissão, etc., eu simplesmente tendo a afirmar. Entra a coisa do 'orgulho' sempre. E tem sempre um medo escondido. Como você tinha posto no outro tópico: as pessoas tem medo de ir além do que elas conhecem. Há sempre um instinto de preservação, de segurança. Não tiro o meu da reta: já disse que tenho também isso em mim. Invariavelmente nesses casos eu lembro da letra de Ainda é Cedo, da Legião Urbana. Não gosto muito da música, mas aquela letra é completamente violenta.

Ela falou: - Você tem medo.
Aí eu disse: - Quem tem medo é você.

Sempre há medo dos dois lados. Medo de sair da superfície do que se conhece, do que se pode aguentar sem que isso possa eventualmente resultar em descontrole. E eu geralmente, ainda que tenha esse medo, que não saiba sentir, que não consiga fugir da armadilha das palavras, geralmente mergulho sempre em direção ao desequilíbrio. Por isso achei engraçado quando você me falou sobre 'não querer se deixar absorver por mim'. Entendo isso perfeitamente. Também não tenho essa organização perfeita, não sei separar as emoções das minhas atividades práticas. Uma coisa sempre influi diretamente na outra, na minha concentração, na minha disposição. Sei que é perigoso, mas não sei fazer diferente, não sei segurar o que eu sinto. Quando me deixo consumir, já era. Por isso, inclusive, essa minha tendencia a ficar doente. Tenho essa coisa '8 ou 80'. Quando gosto, quando acho que vale a pena, eu simplesmente perco um elo de ligação com a realidade concreta da vida, o que é perigoso, eu sei. A vida não se vive apenas de amores. Há responsabilidades. Eu sei, e por isso tenho um tremendo medo do futuro, do que eu serei, de como me mentarei. Assim como você faço jornalismo só que, diferentemente, não tenho tato nenhum para exercer a atividade. Até mesmo por essa minha tendencia de reclusão. Gozado porque eu iria justamente te perguntar o que você faz da vida quando você me entregou a resposta de antemão.

Bem, outra pergunta fica aqui, Renata: qual a sua idade? Ás vezes tenho a impressão de que falo muito de mim e conheço pouco de você. Fique a vontade para dizer coisas sobre você aqui.

Espero que eu não esteja te atrapalhando muito por aí.

Um beijão e obrigado pela atenção,

Guilherme

Anônimo disse...

oi
1) vc está me atrapalhando, sim. E bastante, pq vou acabar perdendo prazos de trabalho, mas a escolha é minha, na boa.
2) se vamos falar umas coisas por aqui temos q desanuviar uns pontos, e o primeiro q preciso dizer é q detestei a frase 'gosto dos meus pares'. Tá martelando na cabeça e me distancia de uma coisa que vi em ti, e que talvez seja mesmo pura idealização. Se isso não ficar mais claro, acho que nenhuma conversa evolui, embora o sentimento mude pouco.Tb queria te dizer q pra mim é muito clara (quase assustadora) a divisão que vc estabelece entre o seu rosto mais social e os outros (qdo escreve, desenha, quando beija na boca e abraça).E que de modo algum a sua imagem mais social me parece 'bela' (ainda que tenha sido assim a um primeiro contato), -- a beleza q hoje vejo em ti stá quase sempre nas outras faces, por mais conflituosas que sejam e talvez por isso mesmo. A minha impressão é que sou menos dividida nesse sentido, quase como se insistisse em ter sempre a mesma 'cara' em todas essas situações, o que pode me valer rótulos do tipo 'estranha', 'exigente', 'pouco flexível', mas tb olhares de aprovação, tipo 'sincera', 'direta', 'apaixonada'.
3)não queria te ficar falando de coisas como minha idade, a cor do tenis que comprei pro meu filho etc e tal. Se falei do trabalho é pra vc entender o peso de me dedicar a ti e pra saber q nem sempre posso estar á tua disposição. De qq modo, qdo me mostrar assim, disposta, é pq o gostar de ti está bastante forte, e então vale a pena arriscar na roda o que eu puder e, dependendo da situação, até o que eu não puder dispor, desde que eu não prejudique quem depende de mim;
4)não vou te pedir uma garantia de que gosta de mim como estou te sinalizando que gosto de ti. Mas vou deixar claro que se não acreditasse que vc gosta, provavelmente o meu próprio sentimento não teria evoluído como evoluiu, e quem me diz isso é minha intuição, mas tb um monte de sinais que vc sabe que dá, e há muito tempo, portanto não faz muito sentido esse papo de 'obrigado,menina, pelo amor e INSISTÊNCIA'. Não vou insistir contigo se não houver reciprocidade, porque isso é falta de amor próprio, e por mais confusos que nós dois sejamos, por mais que esse papo de 'baixa auto-estima' realmente role em certa medida, sou orgulhosa e tenho amor próprio, e nisso acho que vc é bastante parecido comigo.
5)sem querer ditar regras (mas eh vc que está querendo falar assim, num mundo claro, porém bastante frio, em que parece querer colocar cada coisa em seu lugar, estabelecer diferenças, classificações, categorias de sensação, sentimento, pensamento).Bom, sem querer ditar regras, mas se notar os últimos post vai ver que fala excessivamente de vc. Isso tem um lado legal pq afinal todo mundo gostaria de fazer e não faz, e se lasca, se machuca, vive a vida pela metade pq não tem a manha de se fazer ver pelo Outro. Mas tende a me cansar, pq vc não é o centro do mundo, nem eu sou, portanto é preciso atenção pra tb me ver, ver os outros, e acho que vc nisso talvez concorde comigo.
6)por fim tem o papo do 'eu estava apaixonado por outra por isso não te dava respostas'. Isso prá mim é o centro nervoso na relação homem-mulher. Falo assim pq sempre fui favorável a relaciomentos abertos, arejados, em que as pessoas fiquem juntas pq gostam, pq desejam, sempre por opção, nunca por compromisso ou obrigação. Como isso acontece na prática, é o caminho da loucura e do milagre. Pq a pessoa mais aberta do mundo sente ciúme. Pode dizer que não, pode teimar com os outros e consigo mesma, pode achar máscaras e disfarces e compensações e etc etc e tal, mas sente ciúme. Então não quero vir aqui pra ficar sentindo dor. Já me machuquei com essas coisas, já machuquei os outros, e sendo sincera, em alguns momentos fiz isso deliberadamente, mas em outros rolaram coisas quase completamente inconscientes. Se vc está apaixonado por outra pessoa, por favor seja claro, e te prometo que poderemos conversar na boa mais adiante, tentar ser amigos, pq acho que temos muitas afinidades, e isso não se encontra a toda hora. Se transa com outras pessoas ou não, te digo que pra mim isso faz 'pouca' diferença, mas pouca não é igual a 'nenhuma'. Se quiser me perguntar coisas nessa seara, pode me perguntar e vou ser muito clara. Mas não vou ficar arengando: 'teve esse tal menino, por quem eu fui louca de paixão, ele era professor de semiótica na PUC' e coisas desse gênero. Tive um montão de namorados, um montão mesmo. Mas não fico falando disso, pq quando te ouço com esse papo, por mais que possa me interessar, me cansa, me faz sentir como mais uma na sua história de vida, e o gostoso é a gente se sentir um para quem nos olha, e não mais um.

Acho que é isso
Não sei se vc tem mesmo
disposição pra isso aqui,
do jeito como para mim seria
possível encarar.
Tb tem a coisa da música e da
poesia. E achei ducaralho vc postar o Violins. Nos últimos tempos, esse jogo entre letras de música (sobretudo rock, que nunca foi minha praia e é muito a sua) e conversas, poemas,fotos, imagens, me estimulou demais, me fez ver o quanto a gente trabalha o tempo todo movido tb pelo inconsciente, e como a música gera vida, gera conflitos, gera beleza, mais do q qq outra linguagem. Continuo ouvindo pouco, e um dia te explico melhor pq.Mas se quiser colocar músicas, e se deixar claro quando isso for pra falar comigo, vou gostar demais. E aí o frio que sinto por aqui pode até diminuir. Se esse Violins era um pouco pra falar comigo, apesar da contradição entre a letra e o que parece q podemos tentar por aqui, desde já, te agradeço.

desculpe,
falei pra cacete.
Um beijo.

Where I'm Anymore disse...

Olá menina!

Tem algumas coisas que eu gostaria de comentar com você acerca da sua última mensagem.

A primeira delas é a de que eu não tô aqui delimitando nesse espaço nada muito engessado, normatizado, catalogado, tal como você me colocou. Pelo contrário: quero que você se sinta livre para vir até aqui e dizer tudo aquilo que é importante para a senhorita. Esse foi o combinado desde o início, certo? Eu tendo a ter esse meu jeito didático demais, mas esse é apenas o meu jeito e não estou exigindo sob hipótese alguma que você se molde a mim, mas que apenas compreenda a minha maneira de ser.

Sobre aquela questão dos 'pares', a expressão pode ter soado um tanto quando formal, mas a verdade é que os meus pares são heterogêneos. Quero dizer, não há um padrão de pessoas com quem eu gosto de conviver, um tipo. Pelo contrário: o que eu chamo formalmente de pares são pessoas com quem eu tenho algum tipo de afinidade, seja ela qual for. Pessoas que me deixam a vontade para me sentir bem comigo mesmo. É isso o que eu procuro nas pessoas: essa possibilidade de atingir um bem estar, alguma plenitude. Mais uma vez: eu pareço formal, falo de maneira formal, por vezes, uso poucas gírias, mas não sou alguém que vive em uma torre de marfim, isolado, impotente. Eu gosto de pessoas que saibam se adequar as situações de conversa: não quero que sejam profundas o tempo todo, ou algo do tipo. Gosto de pessoas profundas, engraçadas, cínicas, sérias, quero dizer, que saibam avaliar o que se pede em cada circunstância na relação.

Tem outra coisa que não concordo, Renata: você achar que eu tenho várias faces, quero dizer, que me expresso de maneiras diferentes em cada circunstância, quando escrevo, quando 'desenhor', etc. Eu sou a mesma pessoa. E isso particularmente me incomoda, menina. Há uma coerencia que se pode enxergar nos meus dizeres e concepções, mas que eu já não quero mais ficar explicando, digerindo.

Sobre 'eu ser o centro do mundo', mais uma vez eu discordo, embora nos meus escritos, os textos falem realmente muito de mim, porque eu só sei escrever sobre o que eu sinto, sobre o que se processa em meu interior. Quando eu converso com alguém sempre faço o deslocamento, tendo a tentar ao máximo abandonar meus pontos de vista e tentar enxergar o mundo a partir do olhar de outrem, até pela coisa de não querer julgar ninguém. Isso muitas vezes, inclusive, leva a me anular, a aceitar sempre a vontade alheia em detrimento da minha própria. Diante disso, meu amor próprio, Renata, é praticamente nulo, meu orgulho acaba sendo muito baixo.

Bem, quando eu falo de outras pessoas para você, jamais quero te fazer sentir mais uma, mas, ao contrário, quero que você seja capaz de entender como eu me porto nas situações, como eu as vejo. Estou te fornecendo exemplos concretos da minha ação no mundo. E isso não significa que você seja 'mais uma'. A verdade, menina, é que na minha vida nunca existiu ninguém que fosse 'mais uma'. Primeiro porque minha vida nem é tão movimentada assim. Segundo, porque as pessoas que entram na minha vida me tocam de maneira particular e profunda demais para que eu possa esquecer as peculiaridades de cada uma. Cada pessoa que entra na minha vida, Renata, é inesquecível.

Eu concordo com você quando fala sobre a questão do ciúme. Não tem como manter uma relação totalmente aberta nesse sentido. Imaginar uma pessoa por quem a gente tem afeto com outra é simplesmente doído demais, insuportável. E o ciúme, no limite, em doses controladas, significa afeto, atenção. Sim: mostra que se quer estar junto, que se gosta. Claro que não se pode cair na tentação do descrédito, porque aí realmente não funciona. Não funcionar entrar em algo para ficar paranóico. Deve-se confiar na outra pessoa, mas confiar integralmente.

Sobre estar apaixonado por outra pessoa, eu não saberia te dizer precisamente como me sinto nesse momento. Não posso esconder de você que recentemente vivi, ainda que virtualmente, uma experiência muito bonita com uma menina. E não tem como se conseguir desfazer afeto de uma hora para outra, até porque ela me foi realmente muito marcante em minha vida, apesar da velocidade com que tudo começou e, aparentemente, terminou. Seria jogar sujo dizer que meu coração está, nesse momento, completamente livre. Há resquícios muito presentes em mim de tudo isso de bonito que aconteceu. E eu realmente nunca consigo controlar bem isso. Sobre a questão da minha 'sexualidade', sou virgem. Releia o 'Neologismo', do Bandeira, para se ter uma imagem mais fiel de quem sou eu. Quando eu digo que não sei sentir, falo isso de maneira muito efetiva: meu primeiro beijo foi com 21 anos e, de maneira geral, ficou encerrado por ali. Quando eu digo nunca saber o que deve ser feito, o que se quer, o que se deseja, eu falo em relação a não saber tocar, a começar todo o ritual, essas coisas.

O que você quiser saber a meu respeito, basta perguntar que eu falo.

O Violins, acho eu, é a minha banda nacional predileta. Amo as letras do Beto Cupertino. Para mim ele é o maior letrista da história desse país. Ele tem uma sensibilidade tremenda para tratar das paixões humanas, no máximo das contradições e nuances que elas podem despertar no interior de cada um, sem aquela preocupação de valorar afeto ou mesmo de perpetuar ideais 'romanticos'. Auto Paparazzi foi a primeira música que ouvi da banda e que me dilacerou. Uma das coisas que me faz querer acordar todos os dias sem dúvida é a música. A outra é essa busca desenfreada por um amor.

Para terminar, eu quero você presente nesse espaço, mas não desejo nem quero que isso lhe traga prejuízos, menina.

Não precisa me pedir desculpas por nada. Você não fez absolutamente nada de errado, Renata.

Um beijão,

Guilherme

Anônimo disse...

"Sobre estar apaixonado por outra pessoa, eu não saberia te dizer precisamente como me sinto nesse momento."

Te confesso que a partir daqui
fica tudo mais pesado prá mim. Pq tenho contigo um contato que me parece um jogo maluco de espelhos, de fantasias, um brincar, a sério, com sonhos e máscaras. E acho isso atraente e arriscado. Podemos fazer aqui uma coisa diferente juntos (pelo menos pra mim parece algo diferente, desafiador), uma coisa que nos ajude e nos dê algo simples demais, mas que fica faltando na vida cotidiana da maioria das pessoas: 'alegria' e 'beleza'. Ao mesmo tempo em q pode fazer com que a gente compreenda e possa enfrentar melhor nossas limitações diante da vida dita 'real', 'concreta', que é claro que a gente tb precisa e deseja gozar, enfrentar, domar, mas jamais usaria a palavra 'vencer'. O risco é sermos vaidosos, egoístas, rancorosos ou simplesmente inábeis, e nos atrapalharmos ainda mais.
Sobre esse lance de engessar a conversa, de dizer 'combinamos isso e aquilo previamente', só sugeri algumas regras pq para ser coerente com seu discurso, isso não pode faltar, compreende? o seu comportamento nesse espaço, do modo como eu vejo, não permite indefinição ou subjetivismo extremos, que é o meu jeito de falar contigo em espaços mais 'abertos', e no final das contas o que se diz acaba tendo tudo a ver com a forma com que se diz, com a linguagem que se usa, com a escolha das palavras, do tom, da sintaxe. Então não posso me mover sem parâmetros mínimos diante da linguagem que vc quer imprimir (e imprimiu, no incío 'impôs' à força e eu soh voltei porque precisei, do contrário passaria longe, pq chegava a me dar mal estar! agora ainda dá, mas menos).
Meu jeito em relacionamentos acho q vc intui como é, e por isso nem me acusou de star te pedindo em namoro aqui pelo blog (;). Acho que intui que não tem muito esse perigo, que o barco não vai por aí. Uma vez um amigo que queria me namorar (olha aí a chatice de falar de pessoas do passado dando as caras!), e era estudante de lógica, mas tb de artes, me botou na parede. 'Não dá pra gente se relacionar de forma tão solta. Precisamos definir algumas coisas." Respondi pra ele uma frase que com certeza guardou no bolso: "Tudo bem. Então definimos que não definimos nada." E fomos amigos e amantes, e um dia nos separamos e assim foi.
Mas isso que vc falou aí de paixão, se é sincero, vc precisa saber o que significa: me dói como uma faca, muito longa e afiada, bem no meio do peito. E me dá medo de, daqui pra frente, estender mais um véu sobre o meu rosto, que parecia estar aos poucos se desnudando pra ti. E por mais que eu não saiba na sua fala o que é um pouco mais real que a fantasia, a coincidência sempre nos persegue, porque a primeira vez que me viram sem um véu foi aos 22 anos. Exatos 22.
Te confesso então que não li o restante do seu texto com muita concentração, até pq tb continuo correndo com trabalhos por aqui, mesmo sem vontade, mesmo com vontade de ficar quieta e ouvir uma música bem bonita e bem triste. Mas amanhã de tarde vou ler melhor e devo te escrever, se sentir vontade. De qq forma, se o q vc disse sobre esse lance de paixão é verdade (eu não sei direito se é, entende, preciso sentir mais do que pensar, e como é q vou sentir/perceber sem te olhar nos olhos, soh me fiando em palavras?? difícil.). Se vc está sendo sincero nisso, vai ser complicado pra mim. Vamos ver se continuo corajosa, então. Afinal, reconheço que em outros tempos acendi uma lâmpada de 100 volts diante dos olhos de alguém a quem não consegui compreender, e a quem jamais desejaria ferir os olhos. Mas a pessoa só reclamou muito depois. E me feriu misturando desejo e ternura com cinismo, raiva e ironia. É da vida, mas não precisa se repetir sempre ou com a mesma violência.

te devolvo então o Manuel,
que se não foi o maior
amante desse mundo, certamente foi o mais doce, não?

'Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora.'

Petrópolis, 25 de Fevereiro de 1947

Where I'm Anymore disse...

A verdade é que começo essa resposta lacrimejando com a sua transcrição do Neologismo, com o seu comentário sobre o Bandeira. O que mais mexe comigom quando leio os poemas dele é justamente essa maneira como ele tem de imprimir beleza, doçura ao que há de mais simples, banal, imperceptível na vida. Eu gosto muito de poesias, em geral, como você já deve ter notado, menina. Mas eu acho que se tivesse que eleger uma que fosse capaz de me exprimir da forma mais precisa, muito provavelmente seria o 'Neologismo'. Sempre quando me pego declamando internamente o 'falo pouco, beijo menos ainda mas invento palavras que traduzem a ternura mais funda e cotidiana...' fico emocionado. Como agora que lhe escrevo. Como algo que não sei lhe descrever. O Bandeira capta de maneira muito forte essa minha relação com o amor, com a paixão. Ele sabe como poucos a dificuldade que significa exprimir o amor. Pelo menos essa é a minha dificuldade. Pega um poema como 'Namorados'. Eu sempre me lembro da Antônia e das Antônias que encontrei e que não conseguiram entender o que havia por trás daquela lagarta listada. É por conta dessa sabedoria 'ingênua' (ou falsamente ingênua) que acho o Bandeira o maior poeta desse país. Fico até sem jeito para dizer dele, desarmado mesmo. Eu fico me perguntando como é possível ficar indiferente a versos como:

Assim eu quereria meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

Não consigo não chorar quando leio Bandeira. Aquele choro dolorido e macio de quem penetra dentro de você e te consome.

O Bandeira me lembra uma das cenas mais bonitas que eu já vi em toda a história do cinema: a do saquinho plástico em Beleza Americana. Eu vejo ali a fragilidade. Não essa fragilidade fraca de quem se vitimiza, mas a fragilidade forte de quem se permite ser fraco. Outra cena que eu posso ver um zilhão de vezes e vai ter sempre o mesmo efeito, por mais que eu tente esconder as lágrimas de quem esteja ao meu redor.

Uma pergunta que fica: por que as pessoas temem tanto pela sinceridade? Nada do que eu escrevo aqui é falso, artificial, mentiroso. Não faria sentido. Não faria sentindo inventar dores, inventar amores, mentir, enganar, ludibriar. Eu posso falar por mim, posso falar das coisas que eu sinto, posso supor, criar hipóteses, etc. Mas não há uma preocupação em ficcionalizar o que eu sinto se você tomar por ficção falseamento de algo que se percebe como 'verdadeiro'. Para quê eu iria me expor nesse espaço público de um blog falando para algumas pessoas que me conhecem? Quando eu me disponho a falar de mim, a ir afundo, a dizer dos problemas e concepções que se passam em meu interior, eu simplesmente falo. E dou o direito a palavra, ao confronto alheio. Minhas palavras, Renata, sentem. Uma coisa que muito pode ser confundida com 'racionalização' quando em nada tem a ver com isso. Não sei qual a sua impressão sobre essa 'racionalização' e até gostaria de que você me explicasse o porquê de aplicarem esse termo a mim. Posso reconhecer formas, estruturas, etc, mas isso não impede que todo o conhecimento seja atravessado por algo que é completamente irracional e que irrompe todos os sentidos. Posso pensar, mas isso não significa que eu exclua o sentir. Porque eu sinto que dói, entende? Dói quando eu tento falar 'porra, eu te amo' e do outro lado há uma cegueira ensurdecedora que se nega a aceitar a validade do que é dito. Sim, dito. Pior: quem muito diz sentir, pouco sente com os sentidos, pelo que percebo. Porque se sentisse, mas se sentisse mesmo, nem sequer eu precisaria dizer o que eu sinto. Isso dói, isso machuca, isso é foda. Dói gritar e dói igualmente ter que ficar calado. 'Fala: parece que mente; cala: parece esquecer'. Esse dentre tantos outros becos me persegue.

Você na sua fala trata de uma idéia que eu já disse: tentar viver algo realmente diferente que nos possibilite entrar em contato com a alegria e com a beleza. Eu sempre procurei isso. Do mesmo modo que a 'situação ideal' amizade erótica. O amor, para mim, se dá exatamente no ponto que é equidistante entre a amizade e a paixão. É disso que eu falo, por exemplo, que eu não quero apenas um corpo. Eu qúero sim um outro corpo fora do meu que não seja uma propriedade privada. Não quero mandar em ninguém, ser dono de ninguém e me fechar exclusivamente em ninguém, o que não quer dizer que eu não defenda uma idéia monogamica. Eu quero que seja bom estar com uma pessoa e que para esta pessoa seja bom estar ao meu lado. Não quero 'fazer chamada', como professores fazem para manter quorum para suas aulas. Eu quero que haja vontade de estar comigo, entende? Vontade vontade mesmo. De estar, de não temer, de poder se liberar para me conduzir também, de me ensinar, de me ajudar. Eu quero aquela sensação de necessidade reciprocamente velada, aquela 'bobagem' do Pequeno Principe ou do texto da Avenca de ficar contando as horas para estar com o outro; da felicidade da espera, do encontro. Quero que seja gostoso, quero as despedidas dificeis, quero os momentos de prazer e silêncio sinceros. É isso que eu falo de 'sentir vivo', de 'sentir amado'. Isso é uma situação ideal. Parece que falar sobre ela, combinar sobre ela, acaba tirando a espontaneidade da coisa - o que não deveria ser exatamente assim.

Enfim, menina.

Acho que o que tenho para lhe dizer por enquanto é isso.

Um beijo e espero que você se sinta melhor,

Guilherme