Caro Tom,
Você é idiota. Encontrou o que acreditava ser a garota dos seus sonhos e imaginou que tudo seguiria como naquela cartilha:
Garoto encontra garota.
Garoto se apaixona por garota.
Garota se apaixona por garoto.
Os dois se separam.
E voltam para ficar juntos para sempre.
Só que no seu caso, cara, a garota nunca se apaixonou por você. Ela só te achava legal, divertido, boa companhia. Eu te acho legal. E idiota. Porque isso não quer dizer que eu esteja apaixonado por você.
Garotas como Summer não se apaixonam por caras como você. Aquela cena em que o cara fica cantando ela por meia hora antes de você resolver dizer que é o namorado, por exemplo. Meia hora. Sério? Inteligente, engraçado, bom gosto musical, conhecedor de cultura pop? Sim. Meio bocó? Também. Garotas como Summer acham caras como você fofinho, mas não se apaixonam por eles.
Como o narrador do filme diz, você consumiu cultura pop demais. A garota dos seus sonhos? “The one”? Amor eterno? À primeira vista? Não existe. Sabe o casal do “Apenas uma vez”? Eles se separaram depois do Oscar. E a Clementine e o Joel? Ela é casada com o Sam Mendes e ele anda numas viagens erradas de produzir e divulgar filmes de auto-ajuda.
Era tudo mentira.
A forma como o diretor Marc Webb constrói o seu relacionamento com Summer é genial. Uma mistura de gêneros. O início é como um documentário mesmo porque é aquela fase em que viramos entrevistadores / investigadores / pesquisadores querendo saber tudo sobre a pessoa. Depois, a cena do musical no dia seguinte à primeira transa. É exatamente como um cara tipo você se sente quando se dá bem com uma garota tipo a Summer.
O negócio é que aquele sentimento não dura.
Ele acaba, eventualmente. Aquela brincadeira de casinha na exposição de design é uma sátira genial dessa ilusão de como relacionamentos devem se desenvolver. Mas não é assim que acontece, certo? Porque aí vem aquela fase em que você cobra dela definições (porque, sim, você é a mulher da relação)...afinal, sexo no banheiro? Mãos dadas na exposição? Confidências pós-sexo? O que é isso tudo?
Mas a resposta desejada não é namoro, amor, o escambau. A definição para o que você quer ela diga é comédia romântica. Que vocês estão vivendo uma comédia romântica. Com um enorme “Felizes para sempre” no final. Só que isso só existe no cinema.
Enfim. Idiota. Mas você é legal também. Então...seguinte: deixe a cultura pop um pouco de lado, esqueça os filmes, as canções, os livros...eles mentem. Abrace a realidade: o chulé, as discordâncias, os gostos musicais ruins e a imperfeição nossa de cada dia. Pare de buscar o final de “A primeira noite de um homem”. Feche a janela e abra a porta.
Abraço amigo,
Daniel
P.S.: Mas aquela cena em que você vê o... e sai correndo...ou a outra em que ela te diz... E ainda aquele jeitinho... “você ainda trabalha com tal coisa? Ainda vai em tal lugar? Ainda sai com tais pessoas?” Tens o direito, cara. Putz. Pode dizer: VACA.
(Daniel Oliveira, Pilula Pop)
Você é idiota. Encontrou o que acreditava ser a garota dos seus sonhos e imaginou que tudo seguiria como naquela cartilha:
Garoto encontra garota.
Garoto se apaixona por garota.
Garota se apaixona por garoto.
Os dois se separam.
E voltam para ficar juntos para sempre.
Só que no seu caso, cara, a garota nunca se apaixonou por você. Ela só te achava legal, divertido, boa companhia. Eu te acho legal. E idiota. Porque isso não quer dizer que eu esteja apaixonado por você.
Garotas como Summer não se apaixonam por caras como você. Aquela cena em que o cara fica cantando ela por meia hora antes de você resolver dizer que é o namorado, por exemplo. Meia hora. Sério? Inteligente, engraçado, bom gosto musical, conhecedor de cultura pop? Sim. Meio bocó? Também. Garotas como Summer acham caras como você fofinho, mas não se apaixonam por eles.
Como o narrador do filme diz, você consumiu cultura pop demais. A garota dos seus sonhos? “The one”? Amor eterno? À primeira vista? Não existe. Sabe o casal do “Apenas uma vez”? Eles se separaram depois do Oscar. E a Clementine e o Joel? Ela é casada com o Sam Mendes e ele anda numas viagens erradas de produzir e divulgar filmes de auto-ajuda.
Era tudo mentira.
A forma como o diretor Marc Webb constrói o seu relacionamento com Summer é genial. Uma mistura de gêneros. O início é como um documentário mesmo porque é aquela fase em que viramos entrevistadores / investigadores / pesquisadores querendo saber tudo sobre a pessoa. Depois, a cena do musical no dia seguinte à primeira transa. É exatamente como um cara tipo você se sente quando se dá bem com uma garota tipo a Summer.
O negócio é que aquele sentimento não dura.
Ele acaba, eventualmente. Aquela brincadeira de casinha na exposição de design é uma sátira genial dessa ilusão de como relacionamentos devem se desenvolver. Mas não é assim que acontece, certo? Porque aí vem aquela fase em que você cobra dela definições (porque, sim, você é a mulher da relação)...afinal, sexo no banheiro? Mãos dadas na exposição? Confidências pós-sexo? O que é isso tudo?
Mas a resposta desejada não é namoro, amor, o escambau. A definição para o que você quer ela diga é comédia romântica. Que vocês estão vivendo uma comédia romântica. Com um enorme “Felizes para sempre” no final. Só que isso só existe no cinema.
Enfim. Idiota. Mas você é legal também. Então...seguinte: deixe a cultura pop um pouco de lado, esqueça os filmes, as canções, os livros...eles mentem. Abrace a realidade: o chulé, as discordâncias, os gostos musicais ruins e a imperfeição nossa de cada dia. Pare de buscar o final de “A primeira noite de um homem”. Feche a janela e abra a porta.
Abraço amigo,
Daniel
P.S.: Mas aquela cena em que você vê o... e sai correndo...ou a outra em que ela te diz... E ainda aquele jeitinho... “você ainda trabalha com tal coisa? Ainda vai em tal lugar? Ainda sai com tais pessoas?” Tens o direito, cara. Putz. Pode dizer: VACA.
(Daniel Oliveira, Pilula Pop)
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