quarta-feira, 2 de setembro de 2009

As canções... (2)

Você se parece com meus pais
Pronta pra partir meu crânio em dois
E pronta também pra me ensinar
Que proibir é incentivar

O proibido parece ser bem mais

Do que é permitido aqui
Nós dois não vamos chegar a um lugar
Em que a vida é um grande lar

Dance com seu par

Não se importe se é ruim

(Elvis Presley, Violins)

6 comentários:

Anônimo disse...

pq vc não descansa e vai fundo no seu trabalho? ele me parece um desafio, difícil, mas muuiito legal! e vê se consegue se sentir então feliz, pq é contraditório sim, como tudo, mas (me parece) do caralho, uma coisa diferente, se vc souber fazer diferente, e que eu saiba vc pode ser muito bom nisso! enfim, dane-se, pq a voz de bovino aki não é ninguém a não ser a porra de uma sombra, pois não?

pois pára de namorar seu umbigo e o cheiro do seu próprio ralo e tenta deixar descansar quem tentou (ainda tenta, hahaha) se não te ajudar (pq às vezes parece 100% impossível), pelo menos te compreender. e vê que vc pode estar sim fazendo mal pra essa pessoa, pq se vc está conseguindo caminhar, nem todo mundo está.

abs

Where I'm Anymore disse...

Renata, 'Renata' ou quem quer que seja. Você tem razão! Não estou sendo irônico ao dizer isso. Aquela coisa: há trechos seus repletos de sabedoria e outros são hipóteses. Portanto, tá tudo ok!

Mesmo sem saber que você é, de fato tenho carinho por você. Reconheço que bem ou mal há algum tipo de preocupação em suas palavras e a agradeço por isso.

O que me espanta é apenas a comprovação de uma teoria inclusive já mencionada em algum momento deste blog: as pessoas não querem quem as ame, mas quem as machuque. Porque ainda que não seja esse meu objetivo em relação a você nem a ninguém em particular, o que eu percebo é que você só aparece neste espaço para se ofender e se machucar. Realmente o Bandeira tem razão: as almas não se entendem, só os corpos. Tentei lutar contra isso, mas o jogo tava perdido desde o começo: ninguém compreende ninguém por mais que se esforce. Simples assim.

Digo a você o que disse outrora: se este espaço lhe faz mal, por favor, caia fora! E esse caia fora não é que eu queira te expulsar. Pelo contrário: gosto de manter contato com você, ainda que esse contato torto e cheio de desentendimentos. Mas se te faz mal, para que continuar com isso? Você tem a sua vida, você tem seu filho e então deve lutar para permanecer bem consigo mesma e dar apoio a ele, que depende de você, como você bem colocou. Eu não entendo essa busca incessante pela dor que é ficar dando trela para o que eu escrevo. Se todo mundo pensa que o que eu sinto é falso, errado ou exagerado, então para que manter contato? É isso que realmente me deixa atônito. Pouco importa o que eu faça. Somos vultos um para o outro. Segue a sua vida, viva e seja feliz. É isso. Se não te faz bem vir aqui, por favor, simplesmente não venha. Trabalhe, canalize suas energias em algo ou alguém que valha o esforço.

Por enquanto eu não sou bom em nada. Não tenho um trabalho pelo menos ainda e preociso começar a organizar algumas das minhas bases para prosseguir.

É isso.

Um abraço e se cuida,

Guilherme.

Anônimo disse...

'Eu não entendo essa busca incessante pela dor que é ficar dando trela para o que eu escrevo.'

-- talvez fosse bom vc ouvir seus próprios conselhos, Guilherme. Mas o clichê é certeiro qdo diz q essa mercadoria, se fosse boa, era vendida e não dada. No meu caso, já deixei de ler quase tudo que me agredia, me causava dor. Se nesse espaço ainda venho, é pq talvez seja o último (da sua lavra, evidentemente) onde teima em mim não uma busca de dor, como vc vê (e está bem enganado), mas um restinho de (vou falar baixinho pra vc não rir, ok?)-- esperança --. esperança de... (mais baixinho ainda, pra não te agredir...) de a-l-e-g-r-ia. pra ti, pra mim, pro mundão, pro meu filho, q vc não precisa me dizer pra cuidar, pois se eu ando (e ando) descuidando um tantinho dele, é pq talvez o ame de um jeito diferente, que não exclui o amor do mundo, mas quer um mundo diferente desse que vc herdou ( e eu e o resto). não um mundo perfeitinho, sem chances, ninguém aguentaria. mas um que eu sei que ele poderá gostar um pouco mais. em que ele poderá ser fala, palavra,pensamento, ação, alma, corpo e coração, tudo num lance só, sem se espatifar em tantos mil caquinhos. em que ele talvez possa ter um trabalho e não um emprego, uma técnica e não um bisturi, uma recompensa material e espiritual pelo que produzir e não uma validação sem sentido, um reconhecimento da luz dele e não bobagens como 'posição' social.

enfim, é um pouco por aí.
viajo amanhã pra fazer uma matéria legal, sobre aumento de produtividade em grupos de pequenas empresas e não volto pra sampa antes do domingo. e espero ter um domingo legal, com meu filho e outras pessoas que dividem suas vidas comigo, tentam entender minhas pirações, aceitam minha raiva e minha doçura etc e tal. vc pode achar que não, mas eu gosto da minha vida, Guilherme. E acho que vc tb está gostando cada vez mais da sua, embora sempre vá escrever sobre a contradição, sobre os becos sem saída. não sei pq disse becos e pensei em bicos.bocas.bolas.blusas.bolsos.barbatanas.borboletas... rsrs. fred explica. gosto da minha vida mas decidi me arriscar a mudá-la. ainda não sei como, mas uma hora vou saber. será tarde? mas quem é que vai medir isso, pois não?
tô lendo 'O Leitor', pq o filme me encantou. em alguns trechos penso bastante em ti. qq hora te mando algum. não te digo que estou alegre, tranquila, coisa e tal. mas estou longe de vir aki 'por me sentir mal' e muito menos 'pra me sentir mal'. mas vc querendo ou não ainda invade espaços meus. e digo vc pq foi pelo jovem q fala pela sua boca que de algum jeito me encantei um dia, e esse jovem vai ser sempre assim, inquieto, ansioso, reflexivo, angustiado, apaixonado, ou então não será mais jovem. é assim que eu vejo. e então eu me dou o direito de, talvez, invadir o seu espaço dizendo coisas q pra ti não fazem sentido, q são pura bobagem ou maluquice.que podem soar agressivas, como tb podem ser o alento q vc precisa pra sempre respirar, a trela para os seus becos sem saída, o elogio na hora errada, que quem sabe te ajuda a continuar bobo justamente qdo vc tiver decidido enfim q precisa mudar. te incomoda? se incomodar, não leia, não publique, não é assim?

abs e bom finde pra ti.

Where I'm Anymore disse...

Oi Renata!

Continuando o papo, tenho algumas observações a fazer.

A primeira delas é a de que dizer que a procura pela dor não se aplica a mim seria muita presunção de minha parte, porque chega uma hora que a alegria incialmente frustrada necessariamente se mistura a dor. E aí não poderia eu dizer se procuro realmente a alegria ou a manutenção da dor. Em todo caso, quando percebo que isso está acontecendo, a primeira providência que eu tomo é me afastar até mesmo porque se tem algo que eu não gosto é de incomodar ninguém. Quando eu vejo que não há mais possibilidade de haver diálogo, quando a minha presença não é mais querida eu saio. Por mais dolorido que seja sair. Mas meu blog é minha casa, entende? É aqui que eu tento recarregar as baterias, entender para superar. Porque infelizmente para mim só há superação quando há algum entendimento. Fora disso não há. Aqui neste blog eu falo das circunstâncias, dos limites, dos becos. Eu falo da vida em todas as suas contradições, em seus implicitos. Falo tanto sobre esperança e coisas bonitas, sobre como desesperança. E não escrevo aqui com o objetivo de ofender ninguém. E sempre deixei bem claro a todos que, se for para se sentirem ofendidos, não frequentem este espaço. Isso para mim é irracional - não que a vida seja racional: uma pessoa 'conscientente' procurar por uma ofensa. Em todo caso, até essa procura pela ofensa soa estratégica. De modo que eu realmente não vou tirar sarro de você por dizer que essas palavras aqui lhe trazem esperança. São palavras e as nossas fontes de esperança em nada tem a ver diretamente com palavras falsamente bonitas e propriamente esperançosas, mas muita vez com a crueza do oposto disso. Não quero fazer mal a ninguém. Quero apenas dizer o que eu penso, mesmo que não devesse, mesmo que o objetivo da vida, de modo geral, seja o de aprender dia após dia a fechar a boca.

A menina que eu mais gostei nessa vida certa vez me disse duas coisas que jamais saíram da minha cabeça:

a) 'A gente só consegue amar aquilo que não conhece muito bem'.

b) 'Embora não seja emocionante, faz parte do jogo ter de se tornar adulto'.

Engraçado porque são duas coisas que eu no alto de todo o meu idealismo sempre neguei a acreditar. Por mais que eu constatasse na realidade que, em grande parte os raciocínios dela estavam certos eu ainda mantinha a esperança de conseguir provar para mim mesmo que ela estava errada. Evidentemente, de modo geral, é mais fácil amar o desconhecido justo pela facilidade de platonização que isso implica. De qualquer maneira, as poucas vezes que eu entendi o significado concreto do amor foram por pessoas totalmente imperfeitas, contraditórias, alucinadas, a exemplo dessa própria menina. Eu achava que me conhecendo realmente ela poderia vir a gostar, se apaixonar não pela ilusão que sustenta todo - ou quase todo - amor, mas por mim, por meus medos, inseguranças, incertezas, etc. Por mim mesmo e não por uma propaganda das minhas vantagens, vantagens essas que são tão enganadoras que até hoje eu mesmo desconheço. E de fato ela estava realmente certa. Pra amizade pode até funcionar essa abertura incondicional do abismo que é a alma humana, do vazio, das fraquezas, dos medos. Só que pro amor não, porque a raíz do amor é o jogo. Quanto maior a cautela melhor. Falar de você é simplesmente dar ao seu par as pedras que ele utilizará para depois se esquivar. Eu tive três tentativas amorosas e nas três ocorreu isso: o que no começo seduz é o que no fim destrói. As mesmas virtudes são os mesmos defeitos. Um dos erros mais crassos que alguém apaixonado pode cometer é dizer ao outro que o ama, é querer uma democracia do amor. Não funciona. O amor é um jogo necessariamente desigual. Há um que ama mais e outro que ama menos. E só assim o jogo realmente funciona, a carroça realmente anda. É nessa dependência velada.

Where I'm Anymore disse...

O segundo comentário da tal menina foi o que quando eu ouvi mais me chocou. Essa coisa do se tornar adulto. Justo porque ela era o oposto disso. Mas todo proletário é sempre o mais forte candidato a burguês. Evidentemente ela teve os motivos dela, quis um equilíbrio emocional. Quando ela me disse isso, obviamente, esse equilibrio era forjado - ela não era tão forte assim como tinha se pintado, fazia exatamente as mesmas coisas que eu, 'mesmo me condenando', sofria e se entregava tanto quanto. De qualquer maneira, embora pareça nobre, idealismo demais faz mal. Faz você esperar da vida algo que ela nunca vai poder te fornecer. Pior: faz você se desconectar da vida material propriamente dita, da vida carnal por assim dizer. E foi nesse erro que eu incorri: inconformismo demais me paralisou. Quem sou eu hoje? Oras, tudo o que você descreveu eu desejei: não queria apenas sexo, queria amor; não queria apenas uma atividade pra ganhar dinheiro, mas um trabalho que eu verdadeiramente gostasse; não queria uma posição social, mas uma vida. E eu volto a perguntar: quem sou eu hoje? Sou um bebê que não consguiu absolutamente nada disso. Coloquei o amor em primeiro lugar, como razão dessa falta de sentido, coloquei meu coração no bico da chuteira, reneguei a mediocridade e me tornei um medíocre. Busquei tanto a essência que simplesmente não aprendi a jogar o jogo da vida, das aparências. Em qualquer esfera da vida vale menos o que você carrega dentro do que fora: no tempo dos produtos, você nada mais é do que um produto também que precisa se vender. E para se vender é preciso se mostrar. Uma palavra: performance. E, que pena, eu sempre fui um péssimo ator social. Na verdade, eu sou, como me disseram, um ET social. Concordo plenamente com isso. É difícil ouvir algo assim, mas o que eu poderia fazer se é verdade, se pelo menos por ora é algo coerente? Eu sempre quis crescer, mas não me tornar adulto. Só que a vida ensina que não há como fugir do embrutecimento. É por isso que quando se é mais novo se tem um pavor completo da morte e à medida que o tempo passa se chega a conclusão paradoxal de que a morte é a coisa mais útil à própria vida. Quem quer uma vida eterna nunca pensou no que isso significa. A gente vai abrindo mão das convicções porque vê que utopias quando confrontadas com a realidade realmente são utopias. Quantos antes não sonharam que podiam fazer a coisa funcionar de maneira diferente? Essa indignação, esse lado juvenil é um lado histórico, apenas. E frágil quando entra em choque com as necessidades do dia a dia, necessidades mínimas como ter um teto, dinheiro pra energia e pra comida. Basta olhar pro Martín e pra Alejandra. Você me indicou o Sábato e certamente sabe a história. Quem é o Martin? Quem é o Bruno? São projeções um do outro, idealistas, contemplativos. São crianças, são jovens. O Martín 'sou eu'. É um personagem que tem tanta fidelidade a toda a minha fragilidade que eu fico desconcertado. É frágil, é vulnerável, ama facilmente quem lhe dá o mínimo de atenção. Só que a Alejandra, ou 'as Alejandras', nunca amaram o Martín. Elas de maneira egoísta precisavam dele momentaneamente. E precisar não é amar. Eu fiquei prestando atenção em muitos filmes, livros e canções que eu vi, li, ouvi recentemente numa distinção que muito me tocou e que me deu uma chave explicativa realmente poderosa: amar e precisar não são idéias que possam ser reduzidas uma a outra. Quem eu cheguei a cogitar que me amava, na verdade apenas precisava de mim momentaneamente. Não era amor. Por isso sempre as esquivas em dizer amor. Não era, nunca foi, nunca seria. Necessidade, tão somente. Acontece.

Por fim, agradeço seu carinho, sua atenção e espero que a sua mudança lhe faça bem. Fica uma dica minha de um filme: assista ao Mundo de Leland. É excelente.

Um abraço e bom passeio no final de semana!

Guilherme.

Where I'm Anymore disse...

PS: Certamente você não me conhece de outros blogs porque o único que eu realmente desenvolvi foi esse.