Em um envelope perdido no fundo de uma gaveta, uma fotografia. Enquanto tento focar a visão em algum ponto da imagem, começo a me questionar sobre a casualidade da vida. Não consigo esboçar um pensamento concreto a respeito. Reticências, apenas. ‘É tão...’. Gesticulo involuntariamente, inadvertidamente. Uma fotografia e nada mais. Registro único de um tempo que ficou. Os olhos teimam. Não há abrigo em ponto algum. Cada detalhe suplica por atenção. Até então jamais havia me dado conta da importância de se trancar um pouquinho de vida em uma folha de papel. Do meramente incidental, o acidente: uma câmera, um fotógrafo amador, um cenário, folhas de papel esparramadas, personagens. Poucos retoques, um click. Não sei se um sorriso ou se espanto. Ternura. Sim, ternura. Sabe? Ternura. A timidez da mão que escorrega, das mãos que se fecham. Olho nos olhos e vejo algo que não consegui mais encontrar. Nada demais, como tudo que realmente importa nessa vida. Apenas uma verdade que o click, por capricho, esqueceu de ocultar.
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
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4 comentários:
Recado que devia ir
para o blog do cavalo
voador que não voa:
Não consigo
entender o que
acontece contigo,
por mais que tente.
Detesto qdo escreve
para tirar um sarro
do mundo, para imbecilizar
as mulheres, para mostrar
desprezo e náusea diante
do princípio mesmo
da vida. Vc podia ter
guardado esse seu texto sobre
paternidade, e esse outro
ridículo ('Antes de sair,
feche a porta') na gaveta,
para ler num dia em que
não tivesse como assistir
à novela das 8h00. Pra um
dia sem tempestade, pra um
dia em que tivesse se conformado
em ser cego, surdo, mudo, deformado.
Se não consigo parar de ler
as xaropadas que vc escreve,
vou ter de achar outros modos
de falar contigo. Só não vou
te largar. Não vou te largar
nunca, porque eu gosto de vc.
Deu pra entender? E alem de gostar de vc eu tb preciso de ajuda, tb
me sinto cega, surda, muda etc etc etc etc e tal.
Se quiser que te ligue
manda uma mensagem no celular.
Se quiser que eu te deixe em paz´, que páre de ler, é só parar de escrever ou então dizer isso com
todas as letras, que é pra isso
que vc tem voz.
bjs
S.
Olá Renata!
Diante de suas recentes palavras e por conta da minha atual circunstância resolvi novamente aparecer nesse espaço a fim de lhe prestar alguns esclarecimentos.
Às vezes você supõe relações a partir dos meus textos que simplesmente não existem, entende? Não há nenhum texto meu sobre paternidade, por exemplo. Não há nenhum texto aqui que seja escrito com o objetivo explícito de 'tirar sarro'. Pode haver ironia, pode haver cinismo, mas não tenho o objetivo de imbecilizar ninguém, muito menos mulheres. O que acontece, pelo que tenho percebido, é que as pessoas têm uma relação com as minhas palavras que nem sempre condiz com a minha intenção ao escrever, o que é fato normal. Equivocado é acreditar cegamente que a interpretação feita a partir do texto equivale perfeitamente a minha intenção.
Gosto de ler seus comentários, volta e meia aceito suas indicações de leitura e tenho um carinho por você, embora nem sempre consiga te compreender muito bem daqui. A impressão que eu continuo tendo é a de que eu não sou a pessoa que você acredita que eu seja. Por exemplo, eu sequer uso aparalho celular, muito menos o seu número, entende?
Por outro lado, no que precisar da minha ajuda eu estou disposto a te ajudar. Não quero te ver mal, te sentir mal, até porque seus comentários de alguma maneira já fazem parte da minha rotina. Mas você precisa se expor. O meu endereço de e-mail eu já te passei e é o único canal de contato que eu posso te oferecer. A bela da verdade é que eu gostaria de saber quem realmente fala do outro lado da tela, porque para mim este é um grande mistério.
Acho que é isso.
Um abração e até mais.
'...tenho mesmo coisas de dizer, fazer, sonhar, talvez visite alguns amigos, mesmo que não percebam, mesmo que não se incomodem com o cheiro do cigarro ou com a falta de assunto, SIM PORQUE NÃO CONVERSAMOS SOBRE FUTILIDADES, é costume atravessarmos as madrugadas recriando o encontro de outros dias ou o modo de vida de UM PERSONAGEM que consideramos deslocado, colorindo os contornos que deixamos uns nos outros.'
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Bem bacana, sir,
mas por enquanto não
há interesse de nossa
empresa pela sua empresa.
Saudações
Forte abraço
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parte II
'quem estenderia a escura
mão e a clara asa etc e tal'
poesia ruim,
mas acho que a
imagem é boa, é
uma imagem de sonho.
Não foi enfeitada, nem torcida.
Vai valer sempre, não sei
se pra ti, porém pra mim vai.
Se prestar (ainda) mais atenção
nos textos das meninas,
vai ver que se muitos têm pouca
arte, vaidade quase infantil em simplesmente escrever, em alguns momentos tem tb soberbas imagens. Isso sim, me interessa. E tá bem longe de ser futilidade.
Tenho pouco tempo, meu amigo.
Mas isso não me entristece, e tb não tenho pressa.
Vejo gente na rua.
Vejo teatro na rua.
Anteontem vi um cara que parecia
mal saber falar, e de repente tascou no meio da praça um poema do José Régio ('eu não vou por aí..') Uau.
Converso com um monte de
colegas ferrados, sem trampo,
sem futuro, muitos já bem velhos,
mas que lembram histórias legais, que bebem comigo, que me ajudam a continuar alegre, apesar de todos os apesares. A politicagem por aqui tb é terrível, mas tento deixar de lado e olhar para essas pessoas, velhos jornalistas, poetas que 'não deram certo' (rs). Alguns simplesmente não conseguem entender
o mundo da internet, dos computadores. Um deles tem um texto fabuloso, mas não usa celular nem email.
Tb toh pirando com um projeto
lá da ECA, que tenta aproximar comunidades locais (motoboys, catadores de papel e outros) e pessoas que lidam muito bem com a internet e as novas tecnologias. Me sinto como um instrumento no meio disso, já que não entendo de tecnologia nem tenho comunidade. Ainda. Acho difícil sair de lá com um projeto coerente, pq as distâncias são enormes, sobretudo na questão da linguagem. Mas é legal tentar.
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Nós dois temos os sonhos.
Alguma coisa fez com que existisse um canal assim, e acho que não é uma coisa muito comum.
Acho que podemos continuar
nos virando com eles. Mas vc escreve em muitos lugares, e seu principal interesse, diferentemente de mim, é a própria ficção. Queria que qdo tenta falar comigo, e fosse um sonho, vc fosse
sincero, deixasse isso claro, como
eu faço contigo -- e às vezes parece que pode me custar a sanidade. Dane-se. Mas veh se dá pra entender: quando vc fala de um bebezinho, e isso vc sonhou, pode me apavorar. Mas se não se tratar de sonho, por mais que ao escrever vc esteja tb trbalhando com o inconsciente, o peso disso é diferente. Bom, isso é outra história. Toh lendo um montão, mas principalmente Sábato (Vc já leu o Escritor e seus fantasmas; Nós e o Universo; Abadon, o Anjo Exterminador?).Henry James, me lembrou demais vc 'A Morte do Leão', que fui ler por causa de uma imagem de sonho, e tb "O Desenho do Tapete'.
Bom, falei demais.
Até uma outra hora.
S.
ps1: na boa, não é fácil encarar
uma conversa que é pra lá de esquizofrênica, mas não tô mal.
Talvez um pouco enciumada
por sentir que vc tb deve
estar vivendo coisas novas,
se apaixonando por pessoas
novas. Mas isso é que é a vida.
Se falar isso pra qq pessoa que
no momento convive comigo, vão
chamar essa coisa que deixo rolar de piração, de alheamento. Vc mesmo
pode tb achar isso, mas então não estaria olhando direito o espelho.
Não queria continuar andando ao
seu lado só como personagem, mas afora os sonhos, é esse o canal que vc me oferece. Na medida do
possível, vou tentando desembaraçar os fios pra tentar te ver. Me ver. E gostar de vc,
seja lá como for (amigo etc e tal),
ainda é bom.
Olá menina!
Eu acho curioso a senhorita dizer que meu interesse principal é a ficção, até porque já não é a primeira vez que você me diz isso. Por favor, me defina ficção. Porque realmente parece que eu vivo numa ficção, mas em sentido totalmente diverso da 'ficção' tida como literária. A minha ficção eu diria que tem a ver com o 'absurdo': de repente situações fogem do meu controle de uma maneira tal que parece que a minha vida não é verdade, que a minha vida é um filme, que eu não passo de um mero fantoche, que eu não sou nada mais do que um coadjuvante da minha própria vida. Chega a ser realmente uma coisa esdruxula. Aí sim você poderia supor 'ficção', mas uma ficção que por 'incrível' que pareça é real.
Há outro ponto interessante que você levanta: a 'comunicação'. Você se comunica e escreve de maneira 'onírica', num fluxo de consciência que às vezes soa caótico, desordenado para quem está de fora. Eu nem sempre entendo claramente o que você quer me dizer, embora você fale algumas coisas que são realmente bonitas e fortes. Quanto a mim, os meus textos não tem esse 'compromisso' com o inconsciente, por mais que de alguma maneira possam ser influenciados pelos mesmos. Que eu me lembre só um texto - justamente aquele primeiro em que você deu as caras nesse espaço - foi motivado por um sonho. Pois bem, por outro lado, apesar de tentar ser o mais claro possível o que eu percebo sou totalmente ininteligível. Eu realmente a cada dia acho a comunicação a coisa mais improvável do mundo. Sinceramente, não sei me exprimir bem e invariavelmente poucas pessoas conseguem me enxergar. Eu achei que eu não fosse tão complicado assim. Gostar, quero dizer, gostar verdadeiramente é algo muito difícil. Quando eu gosto não acreditam, tem medo, eu ofendo. Eu realmente não compreendo muito isso. Fato é que eu não sei mesmo viver direito.
E a senhorita, o que faz na ECA? Então quer dizer que mora em São Paulo, certo? Interessante! Espero que você fique bem por aí menina.
Por enquanto é isso que tenho a dizer!
Abração.
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