Eu jamais seria capaz de esquecer um nome como esse. Valente. Valentia. Valentina: foi assim que você apareceu. Eu mal havia descido do ônibus. Com os olhos crus ainda se acostumando com a parca luminosidade da manhã você me abordou. Não há palavra melhor que seja capaz de definir tal ato que não abordagem. (Assalto?). Realmente não entendi, achei que não era comigo. Não estou acostumado a ser notado, quiçá interpelado dessa maneira. Esboço, pra variar, alguma reação desajeitada ante o entusiasmo com que você se volta para mim. Não sei exatamente. Nunca sei, na verdade. Você finge não perceber, fala, me localiza. Cabelos negros, curtos, espetados num rosto de traços rusticamente suaves. ‘Eu faço o mesmo curso que você. Estou no quarto período e quero me habilitar em Rádio e TV’, você diz enquanto me olha fixamente, talvez aguardando por um sinal de aprovação - ou de reprovação. Talvez não. Talvez você tenha compreendido algo que está além de. Talvez. Talvez... Não há interrupções. Ladeira a baixo caminhamos enquanto finalmente você consegue me colocar na roda. Falar sobre música sempre soa como música para os meus ouvidos! Covardia. Uma covardia gostosa, diga-se de passagem. Não tenho mais armas. ‘Indie rock’ foi o que eu respondi de bate pronto quando você quis saber meu tipo de música preferido. Tal foi meu espanto quando a senhorita na mesma hora, efusiva, disse ‘eu adoro indie rock!’ para logo no momento seguinte desabafar ‘até eu enjoar’! Não consegui deixar de achar graça. Não: não conseguimos deixar de achar graça. Não restou outra alternativa que não cairmos na gargalhada. Olhares perdidos, você ainda tentou se explicar. ‘Sabe...’. Mas não havia o que dizer. Não era preciso de mais nada. Nem de uma boina.
sábado, 25 de outubro de 2008
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2 comentários:
hmm hmm hmm
dá pra fazê.
:)
Hahahahahahaha!
Ele perdeu.
:(
Mas sempre vai ter aquela imagem dele como o joinha e a cara de pastel! Faz um joinha aí!
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