Vou passar a noite a Sintra por não poder passá-la em Lisboa, mas quando chegar a Sintra terei pena de não ter ficado em Lisboa. Não, não foi ele quem disse isso, muito embora isso diga bastante sobre ele. Feito de prosa, almejaria ter a magia da poesia, do muito com pouco. No entanto, cisca para lá, cisca para cá, rodeia, pensa, fala: não tira os pés do chão – por mais que eles flutuem. Em meio a toda essa fumaça, o resultado invariavelmente é o mesmo pouco com muito. Como a linguagem diz apenas de símbolos que se referem a outros símbolos e não chegam a lugar algum, a nenhum ponto cego, por meio deste labirinto, para tentar se entender ele acaba se desentendendo, refugiando-se em paradoxos: gosta do que não gosta, não gosta do que gosta. Um ser que está encurralado. Sintra ou Lisboa? Os dois. Nenhum dos dois. O abismo entre. A pressa. Tudo, nada e o intervalo que os separa - ao mesmo tempo.
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário