O que eu espero de você? Simples: seja você mesma. É isso. Faça o que fizer, fale o que falar, aja como agir não importa: simplesmente ponha o quanto és no mínimo que fazes. Acabei de inventar isso! Parece poético, não é mesmo? Ui. Salve o Ricardo Reis e suas odes. Nem sou tão fã dele, mas esse poeminha é matador. Porque o fato é que quando se gosta, se gosta até do que não se gosta. E depois de tanto gosta pra lá, gosta pra cá, eu vou usar um para dizer que eu gosto de você! E mais do que isso, que esse gostar foi conquistado e calcado na identificação com o que eu espero e desejo encontrar na postura de uma pessoa. Mais alguns ‘gostos’: gosto do jeito que você escreve, da maneira como fala, do jeito que ri, que dá cortada, que provoca, que brinca, que canta, que manda e-mail achando que foi mal interpretada mesmo quando não foi, da forma como você deixa transparecer a insegurança que você diz que não deixa transparecer quase nunca; gosto do seu jeito, do seu rosto, do seu corpo, do seu cabelo, das suas manias malucas – ok, você é louca e disso também eu gosto e bastante – como cortar seu prórpio cabelo quando você está impaciente; gosto da maneira como você se mostra sem medo, do espírito criança inconformada rebelde que te habita, de quando chora, de quando se recolhe e volta logo em seguida e me fala sobre todos os motivos da sua fuga; gosto de como você canta - mesmo não gostando muito de vocais femininos -, da sua voz rouca ou normal, dos seus acessos de raiva quando eu tento aprontar alguma para cima de você, da sua história maluca de vida e dos riscos que você insiste em correr por não deixar de acreditar mesmo quando tudo parece que vai dar errado de novo - e em um momento sempre dá, até mesmo por dar certo demais; gosto da sua força fraca, da sua fraqueza forte, de você gostar do seu guru e para cada linha citar sempre uma frase precisa e dilacerante dele, dos bilhetinhos no celular que volta e meia aparecem por aqui, do seu mundo desabando e você carente, e gosto ainda mais dos momentos que de repente você, como num estalo, vislumbra um pedaço do eterno, do infinito, e alcança uma paz interior maluca – que só pode ser resultado desse seu sincretismo religioso com deus jungiano, visão religiosa que eu não apenas gosto como adoro e assino embaixo; gosto da sua consciência e da sua inconseqüência, dos seus passos em falso que se mostram totalmente concretos e coerentes e ao qual damos o nome pequeno e singelo de coragem, de quando você quer me deixar tímido – e por muitas vezes atinge seu objetivo com sucesso -, da sua raiva que você disse que não existia e que se aflora aos poucos; gosto de quando você fala que não gosta de aceitar nada de ninguém quando na verdade você gosta desde que isso seja verdadeiro, desde que haja uma simbologia que revista o objeto concreto; gosto da sua coerência e da sua incoerência, da sua honestidade, do seu caráter, da sua profissão e da forma como você conduz a sua vida; em suma, fazendo um plágio de uma frase que uma amiga do meu amigo fez para ele, ‘eu gosto do gostinho gostoso de gostar de você’, sacou? Não tem como listar tudo, entende? Listar é restringir e restringir é limitar o que é maior, o que às vezes é simplesmente inexplicável. Até porque se eu conseguisse me lembrar de tudo que me faz gostar de você eu nunca iria ter mais tempo para te mandar um e-mail ou para começar a escrever uma monografia: iria ficar listando o resto da minha vida. E eu não falo isso apenas e tão somente por falar, mas porque falar é o único meio que eu tenho disponível naquele velho e batido esquema ‘ou isso ou nada, baby’. Na verdade o explicar o gostar é inútil, eu sei menina louca, porque o Drummond disse ‘eu te amo porque te amo’ (ooooops! alguém falou em amor? Ui), simples assim, sem motivo e ao mesmo tempo por todos os motivos do mundo, mas isso é culpa – e sempre temos que eleger os culpados, oras – dessa minha mania de querer entender e explicar tudo ao meu redor e o que se passar dentro de mim. Aí eu vou rodeando, rodeando, tateando, falando como quem não quer nada, como quem aparentemente – e apenas aparentemente – não tem essa bombinha já quase estirada, praticamente parada mas insistente no lado esquerdo do peito, sim falando através de metáforas, indícios, lacunas, não ditos e toda essa porcariada de subterfúgios que a gente pega emprestado desse labirinto cabuloso chamado linguagem que só serve para ligar nada a lugar algum, mentir, dissimular, enganar – ou seja essa terra de ninguém que é ao mesmo tempo de todo mundo - para usar e ficar em cima do muro pelo simples motivo que é muito difícil dizer o que nem se sabe muito bem o que é, mas que é alguma coisa e alguma coisa que cresce mais e mais e mais e mais até explodir por dentro. Que coisa doida é essa de se sentir mal, de ficar preocupado quando as palavrinhas daí chegam cá e parece que as coisas não estão indo lá tão bem como deveriam ou mereciam... Coisa doida essa coisa indizível. Tão doida como essa coisa de sentir saudade do que nem sequer se viveu, do que nem sequer se sentiu, do que não se viu com os próprios olhos para finalmente acreditar, ‘oh é real’, não é uma farsa da minha cabeça, meu deus – que eu nem acredito... Coisa, coisa, coisa... Oh, coisas...
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
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2 comentários:
parece dejà vu, mas é só eterno retorno?
segundo Mario Quintana,
por mais que digamos o
contrário, a gente gosta
mais é do que se parece
com a gente.
Se isso for verdade,
me pareço com vc. E então
o que espero de ti é que
páre de esperar. Podia eu
mesma fazer isso hoje mas,
se me pareço com vc,
não caio duas vezes no
mesmo balaio de gatos.
um beijo.
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