- Esse seu niilismo é um niilismo filosófico ou um niilismo angustiante?
- Mas tem diferença entre essas duas formas? Porque ao que me parece, uma coisa acaba levando a outra...
- Tem sim.
- Qual?
- Eu, por exemplo, me considero niilista e nem por isso deixo de viver uma vida tranquila.
- Ah, agora entendi. O que você chama de niilismo é esse seu niilismo de fachada, certo?
- Mas tem diferença entre essas duas formas? Porque ao que me parece, uma coisa acaba levando a outra...
- Tem sim.
- Qual?
- Eu, por exemplo, me considero niilista e nem por isso deixo de viver uma vida tranquila.
- Ah, agora entendi. O que você chama de niilismo é esse seu niilismo de fachada, certo?
4 comentários:
(.....)
-- Então é preciso mentir – aduziu Martin com amargura.
-- Digo que nem sempre se pode dizer a verdade. A rigor, quase nunca.
-- Mentiras por omissão?
-- Algo assim – replicou Bruno, observando-o de lado, temeroso de feri-lo.
-- Quer dizer que não acredita na verdade?
-- Creio que a verdade fica bem na matemática, na química, na filosofia. Não na vida. Na vida é mais importante a ilusão, a imaginação, o desejo, a esperança. Ademais, sabemos por acaso o que é a verdade? Se eu digo que aquele pedaço de janela é azul, digo uma verdade. Mas é uma verdade parcial, e portanto uma espécie de mentira. Porque esse pedaço de janela não está só, está em uma casa, em uma cidade, em uma paisagem. Está rodeado do gris desse muro de cimento, do azul claro deste céu, daquelas nuvens alongadas, de infinitas coisas mais. E se não digo tudo, absolutamente tudo, estou mentindo. Mas dizer TUDO é impossível, mesmo neste caso da janela, de um simples pedaço da realidade física. A realidade é infinita e além disso infinitamente matizada, e se me esqueço de um só matiz já estou mentindo. (...)
Sobre Heróis e Tumbas/Ernesto Sábato
Página 161
-- esse cara que escreveu isso aí é um niilista?
-- olha, ele diz que não. mas eu acho que ele é, sim. um velhinho, muito velhinho, que está com o coração amargo há anos. que às vezes descreve o encontro do mais profundo amor entre as pernas de uma mulher que, antes de poder encontrar, o obrigou, sem querer, a atravessar uma montanha de ratos, mortos e vivos...
-- vixi, pesou esse papo.
-- verdade, pesou.
-- bóra toma um chope na Paulista?
-- bóra, vou chamar a moçada no twitter. cerveja é bom e eu gosto.
-- é, eu também! hahahaha. vamu nessa, Matilde.
Genial este trecho do Sábato, Renata. Um dentre tantos que me marcou profundamente em Sobre Heróis e Tumbas.
Boa cerveja, menina!
Hasta.
Renata? ;)
Hasta, mr!
hahahahahahahahhahahahaha
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