A primeira providência será rir de chorar
Quando você entrar por essa porta
E me pedir pra ficar
Depois do Cristo que encarnei
Pra libertar só quem me deu pedrada e dó
Não significou nada
Não significou nada
Como um desejo num corpo oco
A segunda providência será te respeitar
Como eu respeito o meu cachorro ao latir
E me acordar
O som que eu vou emitir
Parecerá o som de um motor sem óleo
Pra significar nada
Significar nada
Como um desejo num corpo oco
(Corpo Oco, Beto Cupertino)
segunda-feira, 13 de julho de 2009
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Um comentário:
Vou precisar de ti
para colocarmos no meio da ponte,
de onde te escrevo,
todos os sonhos que tivemos.
Com um beijo, lançá-los-emos ao rio
para que vão até à foz do inesperado.
Vamos, também, trocar de personalidade,
para não confundirmos
o Doutor Jivago com o Omar Sharif,
nem a Lara com a Tonya.
Cairemos, a pés juntos, no recomeço.
Seremos David Lean
e personagens sem as dores de cabeça
do arbitrário dever nos calcanhares.
No final, seremos amantes a dar ao corvo
o pão envenenado que o pecado cozeu.
Seremos, talvez, Romeu e Julieta causais,
porque eu não tenho vocação para Pedro
nem tu aceitarias ser Inês.
Mas, não te assustes, é apenas um guião
que vai cair ao rio do meio da ponte.
Renasceremos
águas claras e livres a correr até à foz,
dando margens ao nosso fado.
abração, Guilherme!
boa sorte pra ti.
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