domingo, 19 de julho de 2009

Fred explica.

Dorme tarde e acorda mais tarde ainda. Isso só acontece quando não tem aula que o obrigue a acordar com as galinhas. Levanta-se, vai ao banheiro, lava o rosto. Não faz a barba, quase sempre. Ele é barbudo. Não toma o café. Arruma-se com roupas leves para suportar o calor, porém nunca se esquece de pegar a blusa de frio. Ainda não se acostumou com as oscilações de temperatura de BH que só ele percebe. Tudo isso é compreensível. Como uma pessoa que nasceu em Pato de Minas, mudou-se para Santos, foi estudar em Campinas e hoje está aqui, pode se aclimatar facilmente? É muita temperatura para uma memória só. Pega a mochila e vai para a faculdade.

Para tornar o caminho mais agradável, ele pega o fone de seu CD player vermelho e o coloca nos ouvidos. O volume no máximo. Consigo ouvir o que ele escuta sem me esforçar. Acho que faz isso para facilitar a imersão em um outro mundo. Naquele em que vive melhor. Ao longo do percurso, passam ruas de uma cidade que ainda desconhece, pessoas sem sal, mulher atraente que o faz perder a cabeça, outra garota que o faz esquecer a primeira, músicos, novos e antigos, no entanto, sempre semi-conhecidos, e se bobear outra menina capaz de apagar as duas outras e se tornar a razão da sua vida.

Às vezes, ele percebe a movimentação dos vizinhos de ônibus, mas não deixa que isso o retire das canções. Ele sabe, mais do que ninguém, que se desenvolve melhor em ambiente lírico, pois a prosa dos dias não o faz tão bem quanto à poesia de Camelo, Violins, The Thrills e dos Fernandos Pessoas. As faixas passam. As do trânsito e as do CD. Este acaba. Rapidamente ele abre sua mochila e pega, entre as dezenas de discos presentes ali, outro que possibilite a imergência. Entretanto, uma coisa precisa ser esclarecida: os CD’s da mochila não são todos dele. Alguns fazem parte do seu intento de transformar o mundo ‘prosaico’ em seu lugar poético. Ele distribui obras de seus artistas preferidos para diversas pessoas que o cercam.

O caminho acaba, as músicas idem. Como já disse, as coisas, as pessoas, eventos de diversos tipos, tudo passa. A vida também, por mais que ele tenha medo de morrer. De qualquer forma, com poesia ou sem ela, sempre lhe restará à dúvida se seria melhor que aquele ônibus o deixasse em Sintra ou Lisboa.

3 comentários:

Anônimo disse...

antes o Fred que o outro! (rs)

http://www.youtube.com/watch?v=Si8p2NSfrSo

(recebido de um quase-nunca amigo)

http://www.youtube.com/watch?v=DSR88bc4eoA

(encontrado na página 161)


abs sir, mr, companheiro, camarada, cidadão, moço, menino.

Anônimo disse...

"quem não vive tem medo da morte"

Where I'm Anymore disse...

Concordo.