Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.
(Clarice Lispector, em Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres)
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(Clarice Lispector, em Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres)
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PS1: Em vez de cogitar uma segunda possibilidade de título como O Livro dos Prazeres, talvez fosse mais sábio por parte da Clarice chama-lo de O Livro das Catástrofes.
PS2: Diz que, lendo esse trechinho, não dá até vontade de enfiar a cara num livro desses...
PS3: A prosa pode também ser poesia.
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