"Sobre se tenho revolta contra a doutrina cristã, o que tenho a dizer é que de forma alguma sinto revolta. O que algumas músicas tentam mostrar são modos diferentes de se encarar a vida, em que a idéia de sofrimento que está presente sempre no cristianismo é colocada um pouco de lado pra dar lugar a uma vida mais leve, menos opressora, com menos renúncias. O que tento mostrar, às vezes, são posturas de vida possíveis. Não é uma cruzada contra o cristianismo, judaísmo, islamismo, de forma alguma. Há músicas inclusive em que falo sobre o conforto que as religiões podem trazer. Tento falar de liberdade da forma mais honesta possível, sem hipocrisia, e muitas coisas são doloridas quando se fala em religião porque religião quase sempre é sinônimo de valores morais, ou seja, daquilo que estamos autorizados a fazer e o que não estamos autorizados a fazer, o que se deve ou não fazer, e isso é, muitas vezes, o que faz a vida se tornar mais difícil do que poderia ser. No fim das contas, é a busca por uma vida simples, longe do sofrimento. Muitas vezes me pego pensando sobre como as coisas que nos dão prazer intenso na vida, que nos fazem experimentar intensidade, são aquelas imorais, são pecados, são proibidas. Como se alguém tivesse criado isso e nos colocado em contato apenas para se divertir com nosso sofrimento. E, quando penso isso, tenho certeza de que a idéia de bondade de um criador é totalmente contraditória, porque quem ama alguém não o colocaria à prova com tudo o que há de tentador apenas pra ver se realmente é amado, apenas pra merecer um lugar no céu, pra fugir do inferno, etc. Isso não é bondade. O Deus que eu consigo enxergar não nos coloca nessa situação, não nos julga sem perdão, não nos manda pro inferno, e não é carente por sinais de amor a partir da renúncia daquilo que nos deixa felizes. Ele é verdadeiramente bom. Caso contrário, não é bom de forma alguma."
***
Nada a acrescentar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário