Soa no mínimo engraçado quando a gente vê um intelectual pós moderno descolado, que se julga politizado, vir a público com a retórica pronta da celebração dos limiares, das ambiguidades, das diferenças; intelectual este, inflamado, que se nega a categorizar com precisão a identidade dos indivíduos, libertando-os dos liames das definições e tipificações sob a prerrogativa de que a complexidade e a singularidade do ser humano deve ser respeitada e preservada. Soa no mínimo engraçado ver que este mesmo intelectual, quando colocado contra a parede, quando tem seus argumentos minimamente questionados, proceda justamente àquilo que ele refutava de maneira veemente, a saber, à categorização, à redução de complexidade, à definição direta, a tipificação mais tacanha e mais marcada, aos esquemas de pensamento estabelecidos, aos apriorismos bem definidos.
- Acho… ou melhor, tenho certeza! você foi além do aceitável. Os três pontos que defende em relação à contrariedade dos vagões somente para mulheres são muito imaginários e não condiz!
- Aposto que você é homem, cisgênero, heterossexual e provavelmente branco; acertei?
Aos amigos, a singularidade, aos inimigos, a tipificação. Afinal de contas, somos singulares ou não passamos de tipos?
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